Publicamos esta análise, enviada por um grupo de investigadores das áreas da gestão e economia, feita com base nos dados existentes sobre os últimos desenvolvimentos do processo de avaliação da FCT/ESF.
Concluída a primeira fase do exercício
de avaliação das unidades de investigação pela FCT, com a
publicação no passado dia 2 de outubro da lista final das unidades
que passam à 2ª fase, verifica-se que há assimetrias graves e
não fundamentadas na distribuição por áreas científicas das
178 unidades que transitam para esse segundo momento de avaliação.
Se há áreas, como a antropologia e a
geografia, onde 100% das unidades de investigação e,
consequentemente, 100% dos investigadores integrados passam à
segunda fase, há outras, como a da gestão, onde apenas 19% das
unidades e 18% dos investigadores o conseguem. O caso da gestão é
particularmente grave. Das 16 unidades que se apresentaram a este
exercício de avaliação, apenas 3 passaram à segunda fase. Se
compararmos estes valores com as médias globais a nível nacional, a
distância também é enorme. No país no seu conjunto, passaram à
2ª fase 55% das unidades e 71% dos investigadores integrados.
Não faz sentido que num mesmo sistema
científico, com um desenvolvimento global assinalável ao longo dos
anos, desenvolvimento facilmente comprovável pelos indicadores que
comparam Portugal a nível internacional, haja áreas científicas
com avaliações tão desiguais entre si.
É sabido que os painéis de
avaliadores tinham grandes lacunas no que se refere à capacidade de
cobrirem com conhecimento de causa as várias áreas e domínios de
investigação que tinham de avaliar. O caso da área de gestão,
avaliada pelo painel das ciências sociais, demonstra-o de forma
inequívoca.
Esta é mais uma evidência, que se
soma a muitas outras anteriormente apontadas, de que a avaliação
encomendada pela FCT à European Science Foundation está cheia de
insuficiências e erros, que, a manterem-se, trarão graves prejuízos
para a investigação científica e para os programas doutorais em
Portugal.
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