quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Assimetrias graves na distribuição por áreas científicas das unidades de investigação que passaram à 2ª fase do exercício de avaliação da FCT

Publicamos esta análise, enviada por um grupo de investigadores das áreas da gestão e economia, feita com base nos dados existentes sobre os últimos desenvolvimentos do processo de avaliação da FCT/ESF.

Concluída a primeira fase do exercício de avaliação das unidades de investigação pela FCT, com a publicação no passado dia 2 de outubro da lista final das unidades que passam à 2ª fase, verifica-se que há assimetrias graves e não fundamentadas na distribuição por áreas científicas das 178 unidades que transitam para esse segundo momento de avaliação.

Se há áreas, como a antropologia e a geografia, onde 100% das unidades de investigação e, consequentemente, 100% dos investigadores integrados passam à segunda fase, há outras, como a da gestão, onde apenas 19% das unidades e 18% dos investigadores o conseguem. O caso da gestão é particularmente grave. Das 16 unidades que se apresentaram a este exercício de avaliação, apenas 3 passaram à segunda fase. Se compararmos estes valores com as médias globais a nível nacional, a distância também é enorme. No país no seu conjunto, passaram à 2ª fase 55% das unidades e 71% dos investigadores integrados.






Não faz sentido que num mesmo sistema científico, com um desenvolvimento global assinalável ao longo dos anos, desenvolvimento facilmente comprovável pelos indicadores que comparam Portugal a nível internacional, haja áreas científicas com avaliações tão desiguais entre si.

É sabido que os painéis de avaliadores tinham grandes lacunas no que se refere à capacidade de cobrirem com conhecimento de causa as várias áreas e domínios de investigação que tinham de avaliar. O caso da área de gestão, avaliada pelo painel das ciências sociais, demonstra-o de forma inequívoca.

Esta é mais uma evidência, que se soma a muitas outras anteriormente apontadas, de que a avaliação encomendada pela FCT à European Science Foundation está cheia de insuficiências e erros, que, a manterem-se, trarão graves prejuízos para a investigação científica e para os programas doutorais em Portugal.

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