Num documento de 6 de Outubro intitulado "Relatório-síntese Reações das Unidades de I&D à 1.ª Fase de Avaliação", o Conselho Científico para as Ciências Sociais e Humanas da Fundação para a Ciência e Tecnologia - FCT critica duramente o processo de avaliação em curso das unidades de investigação, ao dar voz às posições de unidades dessa área, que foram auscultadas. A maior parte das que respondera apontaram erros graves no processo.
O documenta elenca três aspectos positivos e nove aspectos negativos, entre os quais:
h) Condicionamento dos/as avaliadores/as. Este aspeto foi referido por uma única unidade de I&D. No entanto, a gravidade do que foi relatado leva-nos a incluir esta referência. No contributo da unidade respetiva, cita-se o seguinte comentário, com indicação concreta do Reviewer: “5/5 overall for C would be right; since I am not allowed this mark, it has to be 4”.
É significativo que um dos Conselhos Científicos da própria FCT expresse duras críticas ao processo (afinal, a maioria silenciosa, evocada por Miguel Seabra como defensora da avaliação, nem dentro das paredes da FCT se faz ouvir). Mas, como o próprio Conselho Científico afirma, é de particular gravidade o comentário do avaliador revelado. Mostra, sem margem para dúvidas, que as classificações das unidades de investigação tiveram que ser ajustadas de modo a se encaixarem na quota de 50% de passagens à segunda fase definida no contrato entre a FCT e a European Science Foundation. Era preciso baixar a nota a uma unidade, independentemente do seu mérito, para que outra pudesse passar.
O relatório completo está aqui:
4 comentários:
Portanto, existe um caso (e apenas um caso) de um avaliador em que, por razões que aqui não são esclarecidas, afirmar ter alterado a sua classificação num item de 5/5, para 4/5, classificação esta que extrapolada está dentro do necessário para passar à segunda fase (16/20). É óbvio que a conclusão só pode ser que existe influência directa por parte da FCT. Brilhante!
Quando um dia se conhecerem (e eu espero que alguém as peça e que elas existam) as actas das reuniões presenciais de avaliação dos diversos painéis, saberemos muito mais do que alguma vez quisemos saber sobre este processo de avaliação. Nessa altura, perceberemos as instruções que os avaliadores receberam, porque as que estão no contrato (e portanto são obrigatórias) já nós conhecemos...
Caro comentador, mesmo que seja apenas um caso, é suficiente para tal situação ser severamente reprovada. Ou um assassino não deve ser considerado como tal por ter matado uma (e apenas uma) pessoa?
Actas? Quer-me parecer que isso vai tudo desaparecer misteriosamente...
Enviar um comentário