“Nos últimos dias surgiu um renovado
interesse em falar do Ensino
Profissional como sendo (pela enésima vez) a solução ideal para
parte dos problemas do nosso sistema educativo, para o encaminhamento de muitos
jovens e para uma relação mais proveitosa entre a escola e o mundo do trabalho.
Não é novo este afã em recuperar o
imaginário de um Ensino Profissional de sucesso, herdado dos tempos de algures,
quando aprender um ofício garantia emprego.
Já não garante nada, mas isso é outra
conversa.
O que a mim me irrita um pouco nisto
tudo é que a expressão Ensino
Profissional se tornou, como outras fórmulas mágicas de algum
discurso em torno da Educação, um significante com escasso significado.
Chamar Ensino Profissional a certas coisas que aconteceram no
sistema educativo nas últimas décadas é ofender o que já foi um conceito e uma
prática interessantes.
É certo que há experiências positivas,
na oferta pública e privada, mas é difícil falar de um verdadeiro Ensino
Profissional entre nós e assim continuará a ser, a menos que se faça aquela
coisa gira que é mudar de
paradigma.
E isso só acontecerá quando se
convencerem que o Ensino Profissional implica, para além de alunos inscritos
para fugirem a outras opções ou porque os convencem que é o melhor para eles, a
existência de uma oferta formativa com sentido e com meios humanos e técnicos
que ultrapassem o atamancanço de
muitas soluções disponíveis no mercado, com professores disto a fazer de
formadores daquilo e a fingirem-se aulas práticas na base dos vídeos e coisas
projectadas.
E há que existir uma ligação à
(destruída) economia real de muitas zonas, a qual não se pode restringir a
cafés, centros comerciais e pouco mais, agora que nem a tradicional IBM* já
funciona.
Há cursos ditos profissionais ou a
passarem por parecido que mais não são do que um engano completo para encher
estatísticas e facilitar a avaliação de alguns órgãos de gestão, pois esse tem
sido um dos parâmetros usados para valorizar as lideranças. Vender frigoríficos
no pólo norte e areia no deserto é possível num mundo de oliveirasdefigueira, mas funciona mal
na vida real. O mesmo se poderá dizer da aposta em sectores tradicionais,
quando eles, mais do que tradicionais, se tornaram vagas memórias.
É certo que há que começar por algum
lado, por isso mesmo vou esperar para ver… mas já estou de olho num sofá
confortável e nuns snacks…”
Paulo Guinote.
2 comentários:
O que me custa mais a entender é o conceito de ensino não profissional ou, se preferirem, ensino de inutilidades. O que é?
Aquilo que se chama ensino profissional já não existe, foi destruido para dar tachos aos amigos das escolas profissionais a fim de fazerem o trabalho que pode ser feito nas escolas secundárias..
Depois resta alguma coisa nos centros de emprego..
E se eu quiser tirar um curso de carpinteiro ou mecânico mesmo a pagar não posso!
Porque tenho escolaridade a mais e não sou merecedor das subsidio-dependências!
Quiseram ser todos doutores não foi? Agora o resultado está à vista!
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