terça-feira, 22 de maio de 2012

"Que Ensino Profissional?"

Do blogue “A Educação do meu umbigo”, da autoria de Paulo Guinote, com a devida vénia, transcrevo  o  post “Que Ensino Profissional” (22/05/2012) que aborda um tema que tem sido muito debatido aqui (recentemente,  v.g., os posts,Cursos Técnicos X Bobagens Académicas”, 15/05/2012 e “Depoimento de um Aluno da ex-Ecola Industrial e Comercial da Figueira da Foz” 19/05/2012 )  e que tem merecido, igualmente, interesse e gerado polémica no Brasil. Segue a respectiva transcrição integral:

“Nos últimos dias surgiu um renovado interesse em falar do Ensino Profissional como sendo (pela enésima vez) a solução ideal para parte dos problemas do nosso sistema educativo, para o encaminhamento de muitos jovens e para uma relação mais proveitosa entre a escola e o mundo do trabalho.
Não é novo este afã em recuperar o imaginário de um Ensino Profissional de sucesso, herdado dos tempos de algures, quando aprender um ofício garantia emprego.
Já não garante nada, mas isso é outra conversa.
O que a mim me irrita um pouco nisto tudo é que a expressão Ensino Profissional se tornou, como outras fórmulas mágicas de algum discurso em torno da Educação, um significante com escasso significado.
Chamar Ensino Profissional a certas coisas que aconteceram no sistema educativo nas últimas décadas é ofender o que já foi um conceito e uma prática interessantes.
É certo que há experiências positivas, na oferta pública e privada, mas é difícil falar de um verdadeiro Ensino Profissional entre nós e assim continuará a ser, a menos que se faça aquela coisa gira que é mudar de paradigma.
E isso só acontecerá quando se convencerem que o Ensino Profissional implica, para além de alunos inscritos para fugirem a outras opções ou porque os convencem que é o melhor para eles, a existência de uma oferta formativa com sentido e com meios humanos e técnicos que ultrapassem o atamancanço de muitas soluções disponíveis no mercado, com professores disto a fazer de formadores daquilo e a fingirem-se aulas práticas na base dos vídeos e coisas projectadas.
E há que existir uma ligação à (destruída) economia real de muitas zonas, a qual não se pode restringir a cafés, centros comerciais e pouco mais, agora que nem a tradicional IBM* já funciona.
Há cursos ditos profissionais ou a passarem por parecido que mais não são do que um engano completo para encher estatísticas e facilitar a avaliação de alguns órgãos de gestão, pois esse tem sido um dos parâmetros usados para valorizar as lideranças. Vender frigoríficos no pólo norte e areia no deserto é possível num mundo de oliveirasdefigueira, mas funciona mal na vida real. O mesmo se poderá dizer da aposta em sectores tradicionais, quando eles, mais do que tradicionais, se tornaram vagas memórias.
É certo que há que começar por algum lado, por isso mesmo vou esperar para ver… mas já estou de olho num sofá confortável e nuns snacks…”
Paulo Guinote.

2 comentários:

Anónimo disse...

O que me custa mais a entender é o conceito de ensino não profissional ou, se preferirem, ensino de inutilidades. O que é?

Armando Quintas disse...

Aquilo que se chama ensino profissional já não existe, foi destruido para dar tachos aos amigos das escolas profissionais a fim de fazerem o trabalho que pode ser feito nas escolas secundárias..

Depois resta alguma coisa nos centros de emprego..

E se eu quiser tirar um curso de carpinteiro ou mecânico mesmo a pagar não posso!
Porque tenho escolaridade a mais e não sou merecedor das subsidio-dependências!

Quiseram ser todos doutores não foi? Agora o resultado está à vista!

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