terça-feira, 8 de fevereiro de 2011
IMUNIDADE AO ENTARDECER
Crónica publicada no "Diário de Coimbra":
As plantas, como os animais, possuem mecanismos de defesa contra agentes patogénicos. Ou seja, possuem sistemas imunitários. Estes processos permitem aos animais e às plantas distinguir o que é próprio daquilo que é estranho e são denominadores comuns de protecção contra bactérias e vírus que têm, no caso que aqui nos interessa, as plantas como hospedeiros alvo.
Nas plantas, tal como nos animais, são processos complexos que envolvem redes de sinalização ainda muito mal compreendidas, mas cuja investigação tem conseguido avanços recentes. É disso exemplo o trabalho agora publicado na revista Nature sobre a influência da luminosidade solar, mais especificamente dos ritmos circadianos, nos processos imunitários das plantas superiores.
São conhecidas muitas alterações fisiológicas e vias bioquímicas nas plantas que são reguladas pela intensidade luminosa, sendo talvez a mais evidente a da actividade fotossintética. Ao entardecer, as plantas como que mudam para um "modo metabólico" nocturno. Mas, com a surpresa e espanto que muitas vezes debruam o conhecimento científico, esta investigação agora publicada ilumina uma importante actividade de defesa para as plantas quando o disco solar baixa no horizonte.
O estudo revela que as plantas começam a activar mais os seus sistemas de defesa imunitários ao entardecer, altura do dia a partir da qual os microrganismos patogénicos apresentam também uma maior virulência. É uma espécie de reacção antecipada das plantas a um eventual ataque microbiano ao fim do dia.
Assim, ao contemplarmos a vegetação ao pôr-do-sol, enquanto os animais diurnos recolhem para dentro da escuridão e se envolvem em processos de regeneração, as plantas ampliam as suas defesas imunitárias contra uma qualquer provável infecção.
António Piedade
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
O corpo e a mente
Por A. Galopim de Carvalho Eu não quero acreditar que sou velho, mas o espelho, todas as manhãs, diz-me que sim. Quando dou uma aula, ai...
-
Perguntaram-me da revista Visão Júnior: "Porque é que o lume é azul? Gostava mesmo de saber porque, quando a minha mãe está a cozinh...
-
Usa-se muitas vezes a expressão «argumento de autoridade» como sinónimo de «mau argumento de autoridade». Todavia, nem todos os argumentos d...
-
Cap. 43 do livro "Bibliotecas. Uma maratona de pessoas e livros", de Abílio Guimarães, publicado pela Entrefolhos , que vou apr...
9 comentários:
O texto completo não está disponível no link. Será que conseguiram verificar a ampliação dos sistemas de defesa das plantas ao fim do dia, sem a presença dos microorganismos?
Anónimo das 19:31
Sim. Se me enviar o seu email talvez consiga enviar-lhe o pdf do artigo da Nature.
António Piedade
A maior parte são sistemas de defesa passiva, fenóis, quelantes de proteínas, taninos, resinas várias
canabinóides para matar á fome
mímicos de hormonas de muda de insectos
agora sistema imunológico compreende uma parte mais activa de busca e matança por células especializadas
e isso até a maioria dos animais apenas tem numa forma muito rudimentar
substâncias anti-fúngicas naturais ou anti-bacterianas todos têm em maior ou menor grau
anti-virus já é mais complicado os mecanismos de resistência ao virus do mosaico do tabaco
o problema com os artigos da nature é que cada vez são mais comerciais mais de divulgação do que para especialistas
e cada vez há mais
Quando escrevo sobre um determinado assunto publicado em revistas científicas generalistas como a Nature é com o intuito de divulgar o assunto em estudo, não propriamente o artigo, e de permitir que ele possa ser discutido. Isto, como sabemos, faz parte do processo de validação do conhecimento científico: ser divulgado, conhecido, discutido, verificadas as premissas, as condições experimentais, os resultados, a conclusão que deles fazem os autores.
A razão por que escolhi este assunto foi a de dar a conhecer a existência natural de sistemas de defesa imunitária nas plantas. É que nós, animais e antropocentricos, em geral sabemos muito pouco sobre as plantas, e contudo devemos tanto a essa forma de vida que utiliza a energia solar para nos alimentar.
António Piedade
Adorei o artigo. É realmente interessante perceber complexidade de seres tão "passivos" como são as plantas. Afinal aquela passividade é só aparente:)
ó homi não necessita de se justificar
isto não é um júri....
Tal como as plantas, os poetas são
mais sensitivos quando chega a altura
de anoitecer, devido à mutação
que a natureza opera... enquanto dura.
Altero o último verso para:
da natureza, enquanto a noite dura.
JCN
Vim conhecer seu espaço e gostei muito! Muito seleto e diversificado. Parabéns. A educação é a base do ser humano para sua vida em sociedade e para uma vida feliz. Também sou educador e vejo que nossa base holística é o caminho mais ameno a seguir.
Obs: Também virei seu seguidor.
Prof. José Carlos
http://projetosead.blogspot.com/
Enviar um comentário