quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

O Desemprego em Portugal


“Terrível! Esta fronteira de pedra ergue-se… ofende.” (Volker Braun referindo-se ao Muro de Berlim, em 1965).

O desemprego e a pobreza que lhe está associada é um dos maiores flagelos das sociedades modernas e exemplo mitigado da Grande Depressão que atingiu os Estados Unidos nos idos de 1929, em face da quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque. Reflecte a crise do capitalismo actual e recorda os tempos de miséria dos estados socialistas europeus que deram azo à queda do Muro de Berlim, em 1989.

Aliás, o próprio cristianismo tem falhado, por culpa dos gananciosos que repartem entre si com voracidade uma grossa fatia da riqueza (ou pobreza) nacional, a promessa de uma sociedade mais justa, fraterna e humana. Reconheceu-o Eça, em "Cartas de Inglaterra”:

“Os filósofos afirmam que isto há-de ser sempre assim: o mais nobre de entre eles, Jesus, cujo nascimento estamos exactamente celebrando, ameaçou-nos, numa palavra imortal, ‘que teríamos sempre pobres entre nós’. Tem-se procurado com revoluções sucessivas fazer falhar esta sinistra profecia – mas as revoluções passam e os pobres ficam”.

O 25 de Abril de 1974, em Portugal, o veio anunciar e os tempos de grave crise social e económica actuais o confirmam com “Outro gráfico para meditar”, aqui publicado e comentado por Carlos Fiolhais no pretérito dia 16, sobre as curvas do desemprego em Portugal, desde 1990 a 2010, em dados do insuspeito Instituto Nacional de Estatística. Dele é feita uma leitura pelo Secretário do Estado do Emprego Profissional, Valter Lemos, de tal forma viciada (ou tendenciosa?) que levaria qualquer aluno do ensino básico, se assim tivesse respondido num qualquer teste de avaliação escolar, a vê-la riscada a vermelho.

Habituados que estivemos ao seu optimista desempenho anterior, como secretário de Estado da Educação do ministério de Maria de Lurdes Rodrigues, não mereceria, sequer, qualquer espanto ou sequer palmatoadas de um ensino exigente a sua leitura do referido gráfico:

“Durante 2010 o crescimento do desemprego desacelerou bastante em relação a 2009. Nesse sentido, falei em estabilização e mantenho essa perspectiva, estamos numa estabilização com valores muito elevados que temos de conseguir baixar”
(Valter Lemos, Público, 16/02/2011).

Mas, para desgraça nossa, o desemprego é um verdadeiro flagelo que apanha em suas garras odiosas uma percentagem substancial da população portuguesa, uma população sem dinheiro para comer e, pior do que isso, para acalmar a fome de seus filhos infantes ou adolescentes. Para evitar tiradas como a transcrita só viverem os políticos, com responsabilidade neste estado de coisas, nas suas próprias entranhas, o desemprego, tendo as suas contas congeladas no banco e sem poderem recorrer a empréstimos de qualquer espécie. Meia dúzia de meses bastariam, para não ser draconiano subsidiados pelo fundo de desemprego, como qualquer simples cidadão e em idêntica e magra fatia.

Então, sim! Leituras destas deixariam de ser feitas com a mesma displicência e o desemprego desceria em flecha. Alguém duvida?

4 comentários:

Anónimo disse...

Valter Lemos, pela competência que demonstrou no Ministério da Educação, nem sequer deveria fazer parte de mais nenhum governo. Isto, claro, num país normal e decente. Enfim, como estamos em Portugal...

Anónimo disse...

Eu não duvido!!
HR

rofer.a disse...

A imagem da realidade social que este tipo de tecnocratas tentam impingir ao cidadão comum, é uma perspectiva apenas possivel de obter em nível económico elevado e com a barriga bem recheada com as benesses de que dispoêm.
Bem diferente e mais próxima do real seria a tal"radiografia" se estes cerebros fossem alimentados durante uns tempos largos pelo ordenado mínimo que, se basta a tantos Portugueses também lhes deveria bastar.

Anónimo disse...

ola atodos o gande problema do desemprego nos paises de 'primeiro mundo' sao os imigrantes que tiram os empregos de que vive nesses lugares no brasil sobra emprego porque nao temos imigrantes vindo pra ca teve imigrantes mas foi no seculo passado o brasil vive uma nova era de prosperidade graças a deus...

35.º (E ÚLTIMO) POSTAL DE NATAL DE JORGE PAIVA: "AMBIENTE E DESILUSÃO"

Sem mais, reproduzo as fotografias e as palavras que compõem o último postal de Natal do Biólogo Jorge Paiva, Professor e Investigador na Un...