Novo texto do químico Sérgio Rodrigues:
Pegue-se num objecto banal e procuremos entender a sua natureza. Por exemplo uma água engarrafada, contém água pura que é analisada periodicamente. É pura porque não tem substâncias estranhas nem microorganismos, embora contenha naturalmente uma pequena quantidade de sais dissolvidos. Águas com uma quantidade muito grande de sais (como a do mar), ou quase nula (como a destilada), podem ser puras, mas não são adequadas para beber.
Olhemos com atenção para a garrafa. Poderia ser de vidro, mas é provavelmente de polietileno tereftalato (PET, veja-se o relevo com o triângulo por baixo da garrafa), um polímero (ou plástico) que é reciclável. As rolhas que muitas vezes se juntam para trocar por uma cadeira de rodas, são normalmente de polipropileno (PP), um polímero também reciclável, valioso o suficiente para valer a pena a troca. O rótulo de papel, reciclado ou não, resulta do tratamento de fibras vegetais. As tintas com que está impresso foram obtidas por síntese.
Para além da marca e outras informações, no rótulo podemos encontrar a composição salina da água. Os sais são apresentados com as massas dos iões negativos e positivos cuja soma de cargas tem de ser nula; mas não estão indicados todos os iões (compare-se com a massa do resíduo seco), nem os gases dissolvidos. Uma outra característica indicada é o pH que, como toda a gente sabe, é uma medida de acidez. Não é, no entanto, a acidez, mas a variedade e quantidades de sais e outros materiais dissolvidos que conferem diferenças nos sabores das águas.
A água engarrafada não pode ter cloro nem outros tipos de tratamento, o que é uma vantagem em relação à água canalizada. Mas a água da rede é também cuidadosamente analisada, é muito mais económica e não origina mais garrafas para reciclar.
Não usei a palavra química, mas ela está, como toda a gente sabe, presente em todos os materiais e processos referidos. Para além disso, na obtenção e melhoria desses materiais e na realização e desenvolvimento desses processos está envolvido um número elevado de pessoas, uma boa parte das quais químicos ou com conhecimentos desta ciência.
A química pode ser simples ou complicada, como tudo na vida, mas é sobretudo uma necessidade e garantia da vida e do futuro.
Sérgio Rodrigues
sábado, 12 de fevereiro de 2011
Química das coisas banais: Por favor, uma garrafa de água!
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16 comentários:
Quem havia de dier
que a química está presente
em tudo aquilo que a gente
precisa para viver!
JCN
Liquid Gold
http://sixtyminutes.ninemsn.com.au/stories/charleswooley/799751/liquid-gold
A água engarrafada é um negócio de biliões para uma necessidade essencialmente criada pelo marketing. Água para mulheres, água para cães, água da torneira purificada e muitos outros disparates cabem todos numa garrafa de plástico com custos elevados para o ambiente.
Por favor, menos garrafas de água!
Eu normalmente bebo, e recomendo, água das Fontes Santas da EPAL. Servida num produto de utilização regular denominada COPO, reciclável quando se danifica, o que tende a acontecer ao fim de anos de uso. Fornecida através de um distribuidor conhecido por CANALIZAÇÃO. Até hoje não me tenho dado mal. :)
Guerra às garrafas parece
ter agora começado:
é negócio que merece
ser a fundo analisado!
JCN
No nosso corpo trazemos
um laboratório inteiro
a começar pelo cheiro
que exalamos ou que temos!
JCN
Tudo são reacções químicas
dentro do nosso organismo,
confinando-se as anímicas
às esferas do humanismo.
JCN
faltaram os resíduos de ftalatos na água que bebemos
Agradeço os comentários, em especial os três em forma de poema do João de Castro Nunes.
Sobre a questão das embalagens, escrevi em 2003 um texto na Aba de heisenberg. É claro que é importante reduzir, reutilizar e reciclar, mas sobretudo reduzir. Muitos consumidores já têm essa sensibilidade para com as embalagens. Uma sociedade com consumidores que sabem química suficiente para tomarem decisões mais racionais, evitando cair em excessos devidos à desinformação que circula, é com certeza mais saudável. E os produtores irão sempre adaptar-se às necessidades ao mesmo tempo que tentam criar novas necessidades. Por exemplo o consumo "verde" é visto agora como uma oportunidade... mas há que estar atento aos gatos "verdes" por lebre!
A questão dos ftalatos (derivados do ácido ftálico) não está directamente ligada ao polietileno tereftalto (polímero envolvendo um derivado do ácido tereftálico). Os ftalatos foram muito usados na indústria de polímeros como aditivo do PVC mas estão a deixar de ser usados, aliás como o PVC que já não é usado em garrafas de plástico. Para além de estarem a diminuir no ambiente, provavelmente haverá algum exagero em relação ao seus efeitos na saúde, mas não conheço bem os trabalhos que existam sobre o assunto. Mas no que toca aos plásticos, toda a gente sabe por experiência pessoal que por vezes as coisas que estiveram em embalagens de plástico têm um sabor que identificam como "sabor a plástico" assim como também se pode notar o efeito das "latas" no sabor das coisas. As embalagem mais inócuas são as de vidro, assim como os melhores copos são os de vidro, mas não é um perigo para a saúde usar embalagens de plástico ou metal. Se pudermos evitá-las melhor pois assim geramos menos lixo, claro.
É de notar que muito se poderia dizer também sobre as embalagens de metal. O alumínio é cada vez menos usado até porque a sua produção é muito cara em termos energéticos e o aço inicialmente coberto com estanho que ficava em equilíbrio com o material dentro da lata, "ajudando" ao sabor nalguns casos, é agora coberto com vernizes que se espera serem, e acredito que o sejam, muito pouco reactivos.
A questão dos ftalatos (derivados do ácido ftálico) não está directamente ligada ao polietileno tereftalto (polímero envolvendo um derivado do ácido tereftálico).
hoje em dia toda a àgua mesmo a que percolou para o sub-solo há 10 ou 20 anos
arrastou resíduos da indústria petroquímica
nomeadamente compostos foto-lábeis
entre outros os ftalatos que têm um núcleo similar ao do estradiol com potencialidades de bioacumulação e biocirculação
e o cloro-ftalato torna as garrafas mais maleáveis pelo que pelo menos conheço quatro marcas de água na república checa
com ftalatos nas suas garrafitas em 2002
e provávelmente noutros países
e anéis aromáticos sem riscos
até os antibióticos têm efeitos secundários
20 ou 3o microgramas por decilitro será desprezível num é
e reacções a curto ou longo prazo dentro dum solvente considerado universal apesar de não o ser
há muitas até um banco de pedra flui como vidro se lhe dermos tempo
e mencionar o PTA como inócuo(acho que há um livro do A.E, van vogt com um deus com este nome) o ácido 1,4-benzoldicarboxílico ainda é mais agressivo que o ftalato
de resto eu não metia as mãos dentro de benzol
nem do seu para dicarboxil benzeno
e hoje em dia há muito material
quer do 1,4 quer do 1,3
a maior parte infelizmente só acessível por subscrição
e desde o fim dos anos 90 que poucos estudos sérios têm saído isso é um facto
Benzeno -1,3 - dicarboxílico ácido, isoftalato, m-Benzenedicarboxylic ácido, ... ácido isoftálico, Benzeno -1,3 - dicarboxílico , ácido isoftalato
Anónimos laboratórios:
No nosso laboratório levamos
e analisamos corpos inteiros
e transformamos em cheiros
pois tudo volatilizamos
é tudo uma questão de agitação molecular n'est pas
e ter um forno supernova ou nova
Examine the role and importance of carboxylic acids in natural and contaminated waters. ...
o-phthalic acid (benzene-1,2-dicarboxylic) salicylic acid (2-hydroxybenzenecarboxylic) ...
Size: 820 KBs
sci.uidaho.edu
universidade do idaho há uns tempos
Parao comentador das 04:15:
Para uma quadra fazer
que os ouvidos não nos fira
é preciso conhecer
como se maneja a lira!
JCN
O meu amigo tem jeito,
não duvido um só instante,
mas para um verso perfeito
tem de praticar bastante!
JCN
Se pretende ser poeta,
deixe-me dar-lhe um conselho,
de um camarada mais velho:
afine... a sua caneta!
JCN
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