sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

O OUTRO LADO DO SOL


Minha crónica de hoje no "Sol":

A Terra orbita em volta do Sol, demorando um ano a dar uma volta completa (desde que existe o semanário Sol que o nosso planeta já deu quatro voltas completas ao Sol!). Como o Sol roda em torno do seu eixo, a uma velocidade que, na zona do equador, é de uma volta em cada 27 dias, conseguimos, esperando o tempo suficiente, observar toda a superfície solar. Mas desde há poucos dias que é possível ver toda essa superfície sem esperar.

Tal acontece graças à moderna tecnologia providenciada por satélites artificiais, instrumentos astronómicos e sistemas de comunicações de dados. A missão STEREO, organizada pela NASA, consiste em dois satélites, que, lançados há quatro anos, ficaram agora aproximadamente na mesma órbita que a Terra à volta do Sol, progredindo à mesma velocidade que a Terra, mas um à frente e outro atrás do nosso planeta por um quarto de perímetro da órbita. Fotografias da superfície solar tiradas por câmaras a bordo desses satélites fornecem-nos, em tempo real, uma panorâmica global da superfície solar. Deixou de ser visto apenas o lado de cá em cada momento, mas também o outro lado. O nome STEREO, embore seja apenas a abreviatura de Solar TErrestrial RElations Observatory, é bastante sugestivo, pois sugere dois olhos. Este olhar estereoscópico sobre o Sol serve um objectivo: com a ajuda de detectores de raios ultravioleta, podemos monitorizar de uma forma o mais completa possível as violentas erupções que se dão na coroa solar e que, propagando-se ao longo da heliosfera, podem ter graves consequências para a nossa vida na Terra, designadamente o prejuízo dos serviços de telecomunicações e a perturbação das redes de electricidade. Em 1989 uma vasta rede de electricidade no Canadá soçobrou perante uma violenta tempestade solar. E para 2012 prevê-se um aumento da actividade solar, embora isso nada tenha a ver com o fim do mundo...

Com base nos dados do STEREO já foi desenvolvida uma aplicação para o iPhone que permite mostrar imagens recentes do Sol, sendo possível com um simple toque de dedo fazer rodar uma imagem tridimensional da nossa estrela assim como fazer zoom sobre qualquer pormenor solar, por exemplo uma mancha solar. Mais ainda: algumas gigantescas explosões na superfície do Sol, mesmo que não aconteçam na face que actualmente está visível para nós mas sim do outro lado, podem ser sinalizadas por uma mensagem de alerta (um jingle). É como se tivéssemos no telemóvel, com a ajuda de elementos gráficos, além da previsão do tempo meteorológico, a previsão do tempo heliosférico. O ideal seria se conseguíssemos prever com suficiente antecedência tempestades solares e impedíssemos que elas causassem efeitos desagradáveis. Mas isso está longe de ser fácil...

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