sábado, 12 de fevereiro de 2011

Coimbra: licença para falhar (II)


Na semana passada iniciamos este conjunto de artigos, onde comecei por resumir aqueles que considero os vários problemas estruturais do nosso país. Comecei pela atitude, ou falta dela, e pelos valores que fomos abandonando. Hoje realço os restantes:

Participação: participar na vida de uma comunidade é querer saber e estar informado, é debater com elevação, é avaliar, é fazer perguntas, é não aceitar respostas cheias de coisas técnicas, sabendo que quem não é capaz de explicar de forma simples então também não sabe muito bem o que está a dizer, é votar (mesmo que em branco), é perceber que em democracia a ausência de participação é uma atitude muito perigosa que tem geralmente consequências desastrosas.

Cultura empreendedora e de risco:
o empreendedorismo e o risco são conceitos que é necessário incutir para que adquiram uma dimensão cultural e virulenta. Isso significa formar melhor, aliando à qualidade de informação o incentivo ao trabalho individual, original e criativo, procurando alertar para a necessidade de ir para além do que é pedido, para superar expectativas, avaliando os riscos inerentes. Mas significa também enfrentar a verdadeira cultura antiempresarial e de desvalorização do empreendedorismo e do risco por parte da sociedade portuguesa, e que se manifesta na total ausência de estímulo ao risco, ao planeamento, à organização, à gestão de recursos (do tempo, por exemplo), na ausência do mercado e das suas regras nos cursos superiores (especialmente os das áreas não económicas) e no ensino secundário, na ausência de valores relacionados com a competitividade e com a gestão de oportunidades.

Ética e responsabilização:
são comportamentos que devem estar na base de todo a nosso estrutura organizativa. E devem ser exigidos pelos cidadãos nos organismos do Estado, nos respectivos procedimentos, no exercício de cargos públicos, nas empresas e na forma como elas se relacionam com o mercado.

Crescimento, acrescentar valor:
todos temos de ter a noção que não podemos passar por um assunto sem lhe acrescentar algo. É uma ideia simples, mas de muito significado e de grande alcance: na nossa atividade temos de acrescentar valor a tudo o que fazemos, melhorando aquilo que encontramos. É essa a única forma de ter um crescimento sustentado.

(voltaremos a este assunto na próxima semana)

J. Norberto Pires
Editorial do comCentro
Diário As Beiras
11 de Fevereiro de 2011

2 comentários:

Anónimo disse...

Acho que podemos resumir o que refere a uma só afirmação.

As decisões e os comportamentos no quotidiano são escolhidas com base na sua popularidade, naquilo que supostamente é a opinião pública ou autorizada, não se busca a verdade, apenas a conveniência. Até a ciência já sofre desta "virose" mental. Onde pára a Razão? Afinal o senso comum sobrevivente sabe que o abismo está à vista.

Será esta opinião assim tão impopular?
Haverá outra explicação verdadeira?
Qual?

Anónimo disse...

Para repor tais valores
há que voltar à Rotunda,
cada qual com sua funda,
saindo dos bastidores!

JCN

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