Na semana passada iniciamos este conjunto de artigos, onde comecei por resumir aqueles que considero os vários problemas estruturais do nosso país. Comecei pela atitude, ou falta dela, e pelos valores que fomos abandonando. Hoje realço os restantes:
Participação: participar na vida de uma comunidade é querer saber e estar informado, é debater com elevação, é avaliar, é fazer perguntas, é não aceitar respostas cheias de coisas técnicas, sabendo que quem não é capaz de explicar de forma simples então também não sabe muito bem o que está a dizer, é votar (mesmo que em branco), é perceber que em democracia a ausência de participação é uma atitude muito perigosa que tem geralmente consequências desastrosas.
Cultura empreendedora e de risco: o empreendedorismo e o risco são conceitos que é necessário incutir para que adquiram uma dimensão cultural e virulenta. Isso significa formar melhor, aliando à qualidade de informação o incentivo ao trabalho individual, original e criativo, procurando alertar para a necessidade de ir para além do que é pedido, para superar expectativas, avaliando os riscos inerentes. Mas significa também enfrentar a verdadeira cultura antiempresarial e de desvalorização do empreendedorismo e do risco por parte da sociedade portuguesa, e que se manifesta na total ausência de estímulo ao risco, ao planeamento, à organização, à gestão de recursos (do tempo, por exemplo), na ausência do mercado e das suas regras nos cursos superiores (especialmente os das áreas não económicas) e no ensino secundário, na ausência de valores relacionados com a competitividade e com a gestão de oportunidades.
Ética e responsabilização: são comportamentos que devem estar na base de todo a nosso estrutura organizativa. E devem ser exigidos pelos cidadãos nos organismos do Estado, nos respectivos procedimentos, no exercício de cargos públicos, nas empresas e na forma como elas se relacionam com o mercado.
Crescimento, acrescentar valor: todos temos de ter a noção que não podemos passar por um assunto sem lhe acrescentar algo. É uma ideia simples, mas de muito significado e de grande alcance: na nossa atividade temos de acrescentar valor a tudo o que fazemos, melhorando aquilo que encontramos. É essa a única forma de ter um crescimento sustentado.
(voltaremos a este assunto na próxima semana)
J. Norberto Pires
Editorial do comCentro
Diário As Beiras
Diário As Beiras
11 de Fevereiro de 2011
2 comentários:
Acho que podemos resumir o que refere a uma só afirmação.
As decisões e os comportamentos no quotidiano são escolhidas com base na sua popularidade, naquilo que supostamente é a opinião pública ou autorizada, não se busca a verdade, apenas a conveniência. Até a ciência já sofre desta "virose" mental. Onde pára a Razão? Afinal o senso comum sobrevivente sabe que o abismo está à vista.
Será esta opinião assim tão impopular?
Haverá outra explicação verdadeira?
Qual?
Para repor tais valores
há que voltar à Rotunda,
cada qual com sua funda,
saindo dos bastidores!
JCN
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