quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011
Fim do mundo: Mito ou verdade?
Um aluno de Área de Projecto do ensino secundário Luís Almeida) fez-me uma entrevista para um seu trabalho intitulado "Mito ou verdade". Partilho-as aqui (também está no blogue do entrevistador: "Mitouverdade"):
P- O alinhamento do Sol no Solstício de Inverno de 2012 com o centro da Via Láctea, no Equador galáctico, apenas acontece uma vez a cada 26 000 anos e coincide com o fim do calendário de contagem longa dos maias. Sabe-se que no centro da Galáxia existe um buraco negro supermassivo. Baseados em Einstein e em alguma informação astronómica, há quem diga que o alinhamento com este buraco negro super massivo levará a uma mudança do campo magnético terrestre, o que levará a tsunamis, vulcões, terramotos, etc. Isto é possível ou trata-se de um simples mito?
R- Trata-se de um simples mito. Provavelmente há um grande buraco negro no centro da Galáxia, mas a história dos maias e do alinhamento não faz sentido nenhum.
P- A previsão feita por vários astrofísicos de que em 2012 a actividade solar vai atingir um ponto muito elevado (tornando-se numa catástrofe para a Terra e os outros planetas visto que existem ciclos solares e que entre 28 de Outubro e 4 de Novembro de 2003, ocorreram algumas das maiores explosões solares já registadas completando assim o ciclo de 11 anos em 2012) é uma previsão viável?
R- Sempre houve ciclos de actividade do Sol. Nunca houve no passado registos de catástrofes como alguns agora anunciam.
P- Os cientistas encontraram grandes buracos no campo magnético da Terra, que se relacionam com a inversão dos polos Norte e Sul. Os geofísicos sabem que, de tempos em tempos, as polaridades se invertem e que a mais recente inversão ocorreu há 700 mil anos. A Terra ficará parada durante 2 ou 3 dias e recomeçará a girar no sentido oposto dando-se uma reversão total do campo magnético, que consequências drásticas puderam surtir deste acontecimento?
R- É verdade que houve, no passado, inversões do campo magnético terrestre. Como é um fenómeno irregular não se consegue prever (está relacionado com o comportamento caótico do dínamo terrestre). Pouco se sabe sobre o modo como se dá essa inversão de polaridade.
P- A alteração geomagnética ou impulso electromagnético levaria à inutilização de todos os equipamentos electrónicos?
R- Julgo que não atendendo a que o campo magnético terrestre não iria aumentar.
P- Acha que uma nova era glaciar poderá estar relacionada com este fenómeno?
R- Acho que não, não estou a ver o nexo causal.
P- No século XVI, Nostradamus escreveu: “No ano 1999, sétimo mês / Do céu virá o grande rei do terror”… Foi precisamente no mês de Agosto (7º mês do Calendário Juliano, o calendário utilizado no tempo de Nostradamus) no dia 11, que se deu o eclipse total do sol. Como se explica que Nostradamus tenha conseguido fazer esta previsão? Acha que foi mera coincidência?
R- As profecias de Nostradamus são apenas algumas de muitas que são feitas. Estão, em geral, erradas. Quando acertam (por vezes, forçando a interpretação pois a previsão foi demasiado vaga), é por mera coincidência. Sim, há coincidências. Diz-se tanta coisa que alguma coisa do que se diz acaba por estar certa.
P- Muitos amantes da temática do “fim do mundo”, muito possivelmente inspirando-se nos filmes de ficção cientifica, afirmam que a única alternativa ao fim do mundo (em 2012) é a fuga para o espaço numa espécie de “naves cruzeiro”. Acha que isso vai ser possível em 2012? Aconselha as pessoas a fazê-lo? Acha que o ser humano conseguiria aguentar durante muito tempo nestas “naves cruzeiro”?
R- Os filmes de ficção científica, são isso mesmo: ficção. Também vi um filme recente sobre esse tema, mas era muito mau... E muito pouco verosímil. Não vai ser nem possível nem necessária uma "fuga" dessas em 2012. Não aconselho, por isso, as pessoas a tentá-la. Acho que o ser humano "não conseguiria aguentar" muito tempo em naves desse tipo.
P- Como sabe há 65 milhões de anos deu-se a extinção dos dinossauros e na prática deu-se um fim do mundo (pelo menos a alteração deste). Acha que isso é possível com os seres humanos a curto prazo? Porquê?
R- Chamar fim do mundo ao fim dos dinossauros é um bocadinho exagerado. Sim, não é impossível que um meteorito colida com a Terra e torne a vida humana aqui difícil ou mesmo impraticável: mas é muito pouco provável. De resto, o homem tem hoje meios de causar ele próprio uma catástrofe no seu planeta. Esperemos que tenha a sensatez de não o fazer.
P- Como vai passar o dia 21 de Dezembro de 2012? Vai ficar com algum tipo de receio? Vai tomar algum tipo de precauções?
R- Normalmente, como outro dia qualquer. Não vou ter nenhum receio. Não vou tomar nenhumas precauções.
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17 comentários:
eu cá tomava em 21 de Dezembro não deve haver dinheiro para o subsídio de Natal
provavelmente nem para pagar à polícia
eu cá arranjava uma caçadeira e se calhar para 2011
O aluno não acreditou em si porque não queria acreditar.
Cá está uma das disciplinas que não deveria acabar "Área Projeto".
- Que outra disciplina permite a realização de investigação totalmente autónoma e livre por parte de alunos, ou grupo de alunos?
- Que outra disciplina desenvolve nos alunos a capacidade de investigar, questionar, analisar e apresentar dados, sobre os mais variados temas?
- Que outra disciplina, não está preocupada com exames, e permite uma evolução livre do currículo, sem a domesticação dos alunos, orientando-os (quais burros com palas) para o teste, teste, teste, exame, exame, exame?
Todos os parâmetros envolvidos na capacidade de criar um trabalho, saber como apresentá-lo (seja em que suporte for) e conseguir captar a atenção de uma população (nem que fique confinada à escola) deve ser promovida e desenvolvida nos nossos alunos. Porque o conhecimento que não consegue ser transmitido fica "preso" e resumido a uma pessoa. O conhecimento só é uma mais valia se poder ser partilhado. E muitas vezes criamos alunos que não conseguem partilhar o seu conhecimento.
Sou totalmente a favor dos testes, e acredito na normalização dos mesmos (estilo americano). Os testes intermédios são, a meu ver, um excelente instrumento de medida a nível nacional.
No entanto, acredito que a escola não é só conhecimento orientado. Deve haver o estimulo ao conhecimento por necessidade, por vontade própria, por liberdade de escolha, por interesse pessoal. A disciplina de Área projeto é isso tudo (se o professor deixar). Mas, para o professor deixar, têm, em primeiro lugar, deixar existir a disciplina.
Em relação à entrevista: é uma prova que nem todos temos ou queremos ter o mesmo ponto de vista.
Tive um professor na universidade (que revi à pouco tempo na televisão - Igor Khmelinskii - peço desculpa se não estiver bem escrito) que apresento o seu ponto de vista sobre o efeito de estufa (discordante da teoria de que o aquecimento global é principal responsabilidade do Homem)
Fica aqui o endereço da entrevista no programa "Bairro Alto" no blog ecotretas.
http://ecotretas.blogspot.com/2010/11/igor-khmelinskii.html
Peço desculpas mas parece que o link apresentado anteriormente não funcionava.
Aqui fica o vídeo do youtube
(parte 1 de 2)
http://www.youtube.com/watch?v=qe-5rJgojRA
(parte 2 de 2)
http://www.youtube.com/watch?v=p6BPt8JAaIg&feature=related
R- Julgo que não atendendo a que o campo magnético terrestre não iria aumentar.
Postula-se que durante a transição haveria uma anulação momentânea do campo
ficando a terra sujeita a um banho maciço de partículas, ou seja o equivalente a uma tempestade
solar sem escudo
Deve ter-se em conta que durante a diminuição do valor do campo magnético terrestre, a capacidade de repulsão também seria enfraquecida pelo que partículas com velocidades maiores, ou massas maiores seriam desviadas com mais dificuldade ou mesmo não seriam desviadas.
Será que o mito não é a própria verdade... mitificada? JCN
Mito são os buracos negros, quando é que deixam de acreditar em fantasias? Por amor de Deus.
Reveladora, esta "entrevista":
- Da inutilidade da Área de Projecto (que não é uma disciplina, quem duvidar que pergunte ao ministério da educação);
- De falta de estudo e de ignorância (é melhor perguntar a um ilustre do que estudar...);
- De uma certa presunção e vaidade (há coisas elementares, até de senso comum, que, por um mínimo de pudor, não se fazem a personalidades, as quais deviam ter mais que fazer...);
- Do embuste de que se reveste certa "investigação e análise"...
- Da tentativa de captar a atenção, por motivos irrisórios (que é o que mais se vê...);
Etc., etc.,
Assim mesmo, a Área de Projecto deve ser facultada a todos os que a supõem útil.
Que bom, se os que apresentam e defendem trabalhinhos destes não cometessem ao menos certos erros (escandalosos) de escrita...
Mas isso era pedir muito, eu sei.
Que gralhas são apenas gralhas, e por elas não é preciso prender ninguém... Agora o resto...
Valha-nos Deus!
Se o sr. José Batista da Ascenção acredita que apontar o dedo e indicar os erros (ou gralhas) é o fundamental numa discussão, dou-lhe os meus parabéns.
Posso, no que a mim me diz respeito, corrigir o termo disciplina por área curricular não disciplinar, e acrescentar um h (agá) no há de haver.
Não posso, no entanto, concordar com o sr. José Batista de Ascenção, quanto à irrelevância de Área Projeto.
Ainda hoje, tive uma reunião extraordinária com professores, alunos e encarregados de educação devido á, cada vez mais frequente, indisciplina e falta de "saber estar" numa sala de aula.
Os alunos têm cada vez mais a falta de capacidade de assumir o erro, de pedir desculpas, de ouvir outras opiniões, de aceitar a diferença e de respeitar professores e colegas. Este tipo de valores e saberes, não pertencem a qualquer disciplina. São fundamentais para o crescimento como pessoa e devem crescer e evoluir com as experiências de cada um.
Se considerarmos a escola um local onde são transmitidos conhecimentos, sem qualquer fundamentação e contextualização, então não estamos numa escola. Estamos numa fábrica.
As ÁREAS CURRICULARES NÃO DISCIPLINARES são um local onde se desenvolvem muitas competências, importantes para a construção do ser.
Pena é, que muitos não concordem com isso. Mas não podemos estar todos de acordo sobre tudo!
Provavelmente não tiveram um local onde pudessem partilhar opiniões e discutir pontos de vista, como em Área Projeto.
Senhor Botelho (gostava de chamar-lhe colega, mas uma vez que não me trata desse modo, admito que prefira assim...)
Fico satisfeito por vê-lo satisfeito com as potencialidades extraordinárias que atribui à Área de Projecto. É de estranhar que, existindo ela, não se evitem, então, reuniões extraordinárias sobre casos de indisciplina e falta de educação...
E mais satisfeito ficaria se a democracia fosse um facto e uma vivência, também no que respeita a coisas como Área de Projecto. Que raio, quem gosta por que é que não há-de ter?...
Só mais um esclarecimento: Escrevi, e repito, que "gralhas são apenas gralhas". Nunca andei à cata delas nos textos de ninguém. A mim bastam-me os erros que cometo, não preciso consumir-me com os erros alheios. Mas, que diabo, a um professor exige-se que saiba escrever com correcção. No minimo.
E não podemos chamar gralhas a certos erros. Não se pode escrever "se poder" em vez de "se puder", sem dar por nada, e chamar-lhe gralha... É um exemplo.
De resto, aproveito para sugerir ao ministério da educação uma forma elementar de avaliação dos professores: sujeitá-los, a todos, a uma (pequena) prova escrita, segundo o novo acordo ortográfico ou não, para averiguar quem pode e quem não pode (continuar a) ser professor. Bem sei que isto é humilhante, mas é mais humilhante ainda haver professores que não sabem escrever.
Naturalmente, ofereço-me para ser o primeiro a ser avaliado dessa forma.
Ah, e já agora, em minha opinião, um tal exame devia ser obrigatório para todos os funcionários do ministério da educação, desde os ministros aos contínuos das escolas...
Apoiadíssimo! À falta de melhor e sem falsa modéstia, desde já me ofereço para membro do júri de avaliação. JCN
Ah, meu caro Professor João de Castro Nunes:
Como eu me sentiria honrado se pudesse prestar provas de capacidade pedagógica perante um Homem como o Senhor.
Agora calcule o que é sujeitar-se um honesto professor (do ensino secundário)à acção avaliativa de indivíduos que não escrevem cinco linhas sem dar lamentáveis e horrorosos erros de ortografia, de gramática, de pontuação e de pensamento! E saiba o Senhor, e saibam todos, que há professores desses que o actual sistema de avaliação de professores classifica como... "excelentes"!
Não é exagero, acredite(-se). E custa um bocadinho. Custa sim senhor. De tal modo que há quem se lhes refira como as "cavalgaduras da excelência". Outros preferem chamar-lhes "Salcedes da situação".
Porém, alguns deles, muito poucos, ostentam um ar mais ou menos contente, assim a modos como se ignorassem, de todo, a sua condição. E quem sabe se ignoram mesmo?
Ao que nós chegámos...
Caro Dr. José Batista da Ascenção:
Como por vezes, no desempenho de funções directivas, tanto no ensino secundário como superior, neste sobretudo, tive o ensejo de fazer na melhor das intenções e com positivos resultados, acho que pragmaticamente poderíamos utilizar, para efeitos de averiguação do nível cultural do corpo docente, sujeito a nossa avaliação, o texto dos respectivos sumários das lições por eles proferidas, quer do ponto de vista meramente ortográfico quer da correcção gramatical na sua generalidade. Seria... o suficiente. Que horror! JCN
Do ponto de vista das suas preocupações culturais, sabe acaso, caro Dr. José Batista da Ascenção, que há professores catedráticos da área das humanidade que se confessam de nunca terem posto os pés em museus de arte ou similares? É como lhe digo! JCN
Caríssimo Professor João de Castro Nunes:
Eu já tinha proposto algures que para averiguar o modo como o professorado do ensino básico e secundário está a escrever se analisassem excertos de actas e de outros documentos formais, como requerimentos, etc. Mas nunca me tinha ocorrido a análise dos sumários, que é muito mais fácil e prática. E igualmente reveladora, por certo.
Agora, professores catedráticos de humanidades que nunca foram a um museu de arte, estava longe de imaginar...
E chego a recear que possam não estar longe os tempos em que não apenas o confessem como, em vez disso, se gabem orgulhosamente do facto!
se a terra parar nos vamos morrer?
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