domingo, 9 de janeiro de 2011

Um cartaz feliz

Reproduzo ao lado o cartaz relativo ao II Encontro Internacional de Ensino do Português, promovido pela Escola Superior de Educação de Coimbra/Instituto Politécnico de Coimbra, que irá decorrer no próximo mês de Fevereiro.

Estranhando a imagem, que põe em destaque autores consagrados da nossa língua, procurei a informação escrita sobre tal encontro, tendo podido ler que se destina a "educadores, professores e investigadores em diferentes áreas e domínios do ensino da Língua Portuguesa" e se justifica pela necessidade de "reflectir sobre as práticas de ensino da língua mas também da leitura e, especificamente, do modo como a Escola ensina as novas gerações a ler, a escrever e a contactar com o texto literário."

Bate certo: o cartaz destaca autores consagrados de Língua Portuguesa e a informação escrita salienta como urgente repensar-se o contacto dos alunos com o texto literário.

Devo dizer que fiquei agradavelmente surpreendida com esta convergência, pois durante muito tempo li em documentos de grande responsabilidade - documentos curriculares vigentes, provenientes do Ministério da Educação, por exemplo, e dissertações de investigadores de várias áreas, que não só a pedagogia - que o texto literário é apenas e só um tipo de texto, nem mais nem menos importante do que o publicitário, ou o informativo... que o mais importante é que os nossos alunos leiam o que lhes interessa para que a leitura seja realmente significativa...

E tudo isto que li se espelha nos manuais escolares de Língua Portuguesa do ensino básico: alguns não incluem um único autor consagrado, conhecendo eu pelo menos um que apresenta unicamente textos do seu autor; outros, não deixando de apresentarem textos do seu autor, incluem textos de crianças da mesma idade das crianças às quais o manual se destina, textos de entidades sociais várias, textos do quotidiano. Talvez, ainda mais lamentável, os manuais que, residualmente, incluem textos de autores consagrados apresentam-nos adaptados e com supressões grosseiras.

Talvez iniciativas como este encontro comecem a fazer emergir a consciência de que o referido caminho está completamente errado, sendo preciso reintroduzir os autores consagrados no ensino e, mais, -los num destacado primeiro plano, como o cartaz indica.

8 comentários:

DIFERENTES SOMOS TODOS NÓS disse...

Belo Cartaz, concordo. E, estando interessado, estranho o ano 2010. Será 2010 ou 2011?

Carlos Pires disse...

O que significa "consagrado"? Esse juízo inclui a qualidade literária?
Seja qual for o critério, Pepetela merecerá estar ao lado de Camões e Fernando Pessoa?

Paisano disse...

O cartaz está feliz mas entre o texto da autora da mensagem e o que vem anunciado existe UM ANO de diferença.

A autora fala que ... se vai realizar em Fevereiro de 2011.

O cartaz diz que ... já se realizou em Fevereiro de 2010.

Lamentavelmente não dá a bota com a perdigota!

Helena Damião disse...

Caros leitores
Agradeço o reparo à incogruência da informação, porém o Encontro em causa está anunciado para se realizar nas datas que referi.
Não conseguindo reproduzir a imagem deste segundo evento, usei o cartaz em questão. Se tiverem a amabilidade de ir ao "sítio" do referido evento, constararão que a imagem escolhida é a que o cartaz veicula.
Cordialmente,
Helena Damião

José Batista da Ascenção disse...

Peço desculpa:

O que quererá dizer "leitura realmente significativa"?

Anónimo disse...

Eu estaria em dizer que a língua não se ensina, mas se aprende com os bons modelos de leitura, da mesma forma que aprendemos a falar, não com a escola, mas com as nossas mães. Será? JCN

Anónimo disse...

Vejo no comentário do Carlos Pires alguma marginalização em relação às literaturas africanas de língua portuguesa. Espero ser má interpretação minha. Há vários degraus entre os autores consagrados, ou canónico. E não é evidente comparar dois autores que se consagraram no domínio da poesia com outro do domínio da prosa. Para além disso, quem não tiver conhecimentos de culturas e literaturas africanas, e de pós-colonialismo poderá fazer um juízo apressado. Nem tudo o que Pepetela escreveu até hoje é brilhante, mas sem ele a literatura angolana estaria seguramente bem mais pobre.L.G.

Anónimo disse...

Que terá a ver o colete com o casaco? JCN

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