quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Museu da Ciência -Quatro anos em balanço















Este é o texto que escrevi a pedido da Newsletter da Universidade de Coimbra sobre o balanço de quatro anos de actividade de Museu da Ciência:


O Museu da Ciência da Universidade de Coimbra anunciou há dias a descoberta, nas colecções museológicas da UC, de um conjunto de 68 peixes, montados em forma de ‘herbário’, colectados por Alexandre Rodrigues Ferreira no final do século XVIII, no Brasil, na maior expedição naturalista portuguesa de sempre, tendo, por isso, um valor inestimável.

Esta frase poderia ser uma espécie de ideal imaginário da actividade do Museu da Ciência, mas não é. Aconteceu mesmo e trata-se de uma descoberta de um valor extraordinário para o património científico nacional.

Quando em 1999, por nomeação reitoral e iniciativa do Vice-Reitor de então, Fernando Seabra Santos, a Comissão que integrei começou a trabalhar no projecto do Museu da Ciência, tinha a convicção de que a Universidade de Coimbra possuía os acervos e o potencial para construir um museu de ciência de nível internacional. O objectivo era o de criar um museu que fosse um local central de divulgação e promoção da ciência, de interacção entre os cientistas e a sociedade, de criação das condições para o acesso dos cidadãos ao excepcional acervo científico da Universidade de Coimbra e para o desenvolvimento da investigação científica sobre as colecções, bem como da sua preservação para o futuro.

Desde a sua abertura, em Dezembro de 2006, o projecto do Museu da Ciência, que teve na Câmara Municipal de Coimbra um parceiro fundamental, tem sido muito bem sucedido. Podemos mesmo afirmar que os resultados ultrapassaram as nossas expectativas. O Museu foi Prémio Micheletti, para melhor museu europeu de ciência técnica e indústria, em 2008, menção honrosa para Museu do Ano da Associação Portuguesa de Museologia (APOM), no mesmo ano, Prémio para melhor serviço educativo e extensão cultural e para melhor aplicação de multimédia para gestão museológica, ambos em 2010, também pela APOM, o que atesta o valor do projecto e da actividade desenvolvida em vários domínios. O projecto de arquitectura foi também Prémio Diogo de Castilho e Prémio ENOR, este ibérico, de arquitectura.

O Museu da Ciência tem procurado manter uma actividade intensa e de qualidade, para lá da visita às suas exposições. A programação diferenciada de actividades a um ritmo de cerca de uma a cada dois dias, tem-se dirigido a jovens, famílias, público académico ou cidadãos interessados em assuntos científicos relevantes. Uma atitude de inclusão tem-nos levado também a procurar trabalhar para os cidadãos com necessidades especiais. A preocupação de intervenção na cidade tem-se desenvolvido através de iniciativas diversas com agentes locais, a começar pela CMC. A qualidade de toda a programação acaba de ser reconhecida pelo Prémio APOM já mencionado.

Um elemento crucial das nossas actividades é a preocupação de envolver nelas os cientistas da Universidade de Coimbra, bem como de outras universidades. A colaboração extremamente generosa, voluntariosa e entusiástica dos cientistas tem sido uma das chaves do sucesso da comunicação de ciência que procuramos realizar.

Desde o início que o projecto do Museu da Ciência foi pensado em duas fases. Uma primeira, no Laboratorio Chimico, para testar o novo modelo que propúnhamos e para ganhar experiência; uma segunda fase de desenvolvimento de um vasto projecto envolvendo todas as colecções científicas da Universidade de Coimbra, a instalar no Colégio de Jesus. Esta nova fase está já em curso, com o desenvolvimento do projecto de arquitectura e com o trabalho da Comissão Científica para o programa museológico. O projecto continuará a desenvolver-se nos próximos anos.

Este é o Ano Internacional da Química e ao longo do mesmo realizaremos actividades específicas ligadas à química, em colaboração com o Departamento de Química da FCTUC. Está planeada uma série de 6 demonstrações revivendo as célebres ‘Christmas lectures’ de Faraday, reactualizadas, mas realizadas em dois anfiteatros históricos de química, em Coimbra e em Lisboa. Em Junho haverá uma sessão no pátio da Universidade dedicada à química. Serão ainda realizadas conferências sobre algumas das grandes descobertas da química, ao longo do ano.

Este será um ano de intensa actividade e de crescimento. O Museu está já a concretizá-lo, nomeadamente através das visitas ao Gabinete de Física e às galerias de Botânica, Mineralogia e Geologia, de Zoologia e reservas de antropologia.

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