segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Tempestuosas Antíteses da Matéria

A minha crónica semanal no jornal i

Foram dois irmãos quase gémeos separados à nascença. Bem, tecnicamente não foram separados: guerrearam epicamente entre si, um deles ganhou implacavelmente. Felizmente para nós foi a matéria. E se vencesse a antimatéria? Poderíamos ser constituídos de antimatéria? Sim, mas não seria bem a mesma coisa. A matéria tem partículas (o electrão, de carga eléctrica negativa, por exemplo) e é tudo o que nos rodeia; a antimatéria é constituída por antipartículas (por exemplo, o positrão, em tudo igual ao electrão, mas de carga positiva). Estes "anti" são um dos grandes mistérios do universo. Matéria e antimatéria têm uma estranha e pouco social característica: quando se cruzam, aniquilam-se e libertam uma radiação altamente energética; digamos que é a assinatura da presença da antimatéria! Eis uma descoberta recente: este tipo de "fenómeno pirotécnico" ocorre nos fortíssimos campos eléctricos que se situam no topo das tempestades terrestres. Aí, num dantesco filme de extrema violência física entre electrões furiosamente velozes e núcleos atómicos, partículas e antipartículas, matéria e antimatéria são expulsas do nosso planeta e algumas caíram no telescópio espacial Fermi. Por isso, na próxima vez que enfrentar uma tempestade, lembre-se que "lá por cima" está a acontecer uma das "coisas" mais exóticas e misteriosas deste nosso Universo, algo que ainda não é propriamente uma bonança para os cientistas, que estão longe de a entender.

2 comentários:

Bartolomeu disse...

Passa-se situação idêntica quando a minha vizinha do 7º esquerdo, recebe a visita do ex-namorado. Nessa altura, saltam raios e curiscos, que de escantilhão pela escada abaixo, esbarram de encontro à porta do prédio, fazendo com que todo o edifício estremeça, dando aos condóminos a impressão de que, a qualquer momento, se irá desmoronar.
Sempre dei alguma razão ao rapaz... ao ex-namorado da minha vizinha do 7º esquerdo, quando após a tormenta, descia a escada irado, enquanto resmungava «aquela mulher é um furacão!».
Da próxima vez que suceder, virei à porta da minha fracção informa-lo: olhe que não... olhe que não, aquilo que a sua "ex" é, na realidade... é um bom pedaço de matéria, que mais uma vez, conseguiu expulsar a antimatéria...
Tenha paciência!
;)

JCC disse...

As minhas desculpas, nada percebo de matéria ou de antimatéria, mas não fiquei convencido. Deve ser o problema da divulgação científica. Se, por hipótese, fôssemos constituídos de antimatéria por ser esta a dominante no Universo, que diferença nos faria? Suponho que são entidades simétricas, não? E essa coisa de nas tempestades terrestres matéria e antimatéria colidirem violentamente não carece de explicação, evidências, mesmo num texto de divulgação?

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