quarta-feira, 12 de janeiro de 2011
Política num blog sobre a natureza das coisas
Falar de política e de atitude cívica é uma das grandes contribuições que a ciência pode dar à democracia.
As pessoas esquecem-se das suas obrigações. E demitem-se delas. Não avaliar, não querer saber, fazer de conta, ir em conversa fiada, não exigir, não responsabilizar é, em democracia, uma atitude muito perigosa. Porque permite o engano.
Em democracia há momentos para avaliar. Esses momentos são as eleições e a necessária participação na vida do país. E isso não é só um direito. É essencialmente um dever! E é perigoso falhar nesse dever. Não vale a pena depois andar a apontar dedos. Se uns mentiram e enganaram, outros permitiram, outros não quiseram saber, outros não se informaram, outros foram em "clubismos", outros... falhamos todos colectivamente. Claro que com vários níveis de responsabilidade, claro que com vários graus de entendimento sobre a realidade, mas Portugal somos nós todos.
Fazer perguntas e obter respostas claras não é um direito, é um dever de todos nós. Ceder nesse dever é um dos actos mais perigosos em democracia.
Como dizia Francisco Sá Carneiro: "Cabe-nos cada vez mais dinamizar as pessoas para viverem a sua liberdade própria, para executarem o seu trabalho pessoal, para agirem concretamente na abolição das desigualdades. Para isso mais importante que a doutrinação, é levar as pessoas a pensarem, a criticarem, a discernirem."
Quer contribuir para um Portugal melhor? Faça perguntas e exija respostas claras, como se tivesse seis anos. Queira saber mais, a razão das coisas, leia, investigue e converse com os seus amigos e familiares. Não aceite explicações dúbias ou repletas de coisas técnicas. A natureza das coisas tem de poder ser explicada de forma simples (sem ser simplista), para que todos entendam. Se não for, então o seu interlocutor não sabe, ou não tem a certeza do que está a dizer. Não fique no curto prazo. Levante a cabeça e olhe à volta. Queira saber como se articulam as coisas, qual é o objectivo a médio e longo-prazo, ou seja, queira saber qual é o cenário (the big picture). Se fizer isso, como fazem os cientistas, as suas opções serão melhores, porque terão suporte e terão reflexão. Pode enganar-se, claro, mas a probabilidade é menor e afastou grande parte dos "enganos".
Como dizia Carl Sagan, "O mundo está infestado de demónios" e a ciência é a forma mais eficaz de os combater.
:-)
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12 comentários:
A democracia é tida como uma coisa boa, não se queixem agora os seus adeptos. A democracia é apenas a ditadura da maioria, os resultados estão à vista. A participação exigida numa democracia pressupõe que as pessoas sejam detentoras de um discernimento e inferência que não têm. Na realidade, a democracia é uma República escrava da sua própria dívida e ignorância. Nunca vi ninguém a explicar isto em Portugal, onde estão os Sr.s Doutores? A fazer política? Bem sei, estão a preservar o seu posto de trabalho.
Pois bem, como eu entendo!!! O povo segue a mesma ordem de ideias, defende-se do que não entende, da forma que acha melhor. Afinal, se o Estado assegura dar tudo, haverá alguma razão para o povo deixar de ser ccomodista, hedonista ou irresponsável? Claro que não.
O próprio sistema de governo ajuda a promover a irresponsabilidade pessoal, logo, se quem tem mais discernimento e inferência se cala, estão à espera que seja o povo dessensibilizado, a falar sobre o que não entende? ("non sense")
Eis a irresponsabilidade dos Doutores, eis a armadilha do estatuto. Esqueçam ideologias de Esquerda e Direita, tudo isso são farsas demagógicas.
Só a República, com toda a sua soberania, responsabilização individual e liberdade são a solução. Deixemos de ser hipócritas, justificando o "statuo quo" com uma boa estatística, o verdadeiro preço da soberania não pode ser aliviado com nenhuma mentira.
Nada é de graça, o barato sai caro, nunca comprar barato uma democracia que descanbará, em breve, num Estado totalitário, seja ele fascista ou comunista. Você, simplesmente, não pode ser quem é, deixa de ser uma questão financeira e passa a ser a manifestação da essência do Ser humano. Se porventura der por si escravizado, garanto-lhe que não será mera coincidência ou azar!!!
Apoiadíssimo, tendo presente que o "De rerum natura" é a expressão poética do conhecimento científico do seu tempo, para além de dois mil anos! JCN
O dinheiro não tem valor intrínseco, declare-se a morte ao Sistema Monetário. Dê-se à República o que é seu, um Sistema de Crédito, não se pagam mais dívidas de jogo a inveterados banqueiros.
Ainda há homens em Portugal ou não?
Este blogue está a degradar-se com os artigos e sobretudo comentários simplórios e primários. Diz o anónimo: "Esqueçam ideologias de Esquerda e Direita, tudo isso são farsas demagógicas." Está bem, esqueçamos essas mas então que ideologia nos propõe para substituir as de esquerda e direita? Nenhuma como alguns dizem? Que sistema de valores? Nada! Como actuar? Não fazer nada e deixar correr? O que é isso de não ter ideologia? Comportarmo-nos como uma vaca. As vacas de facto não têm ideologia (tanto quanto sei).
O que é bom para nós, nunca é de graça e a cada geração temos que iniciar e assegurar a sua reconstrução.
Limpe-se o governo dos canalhas, dos vendidos e imorais, limpe-se o governo dos fanáticos do dinheiro, determine-se um orçamento igual e pequeno para todas as campanhas políticas (não o que está na agenda), a República tem de oferecer acesso aos Media, dê-se real oportunidade a cada cidadão para se poder candidatar, para opinar, neste momento, tal não é possível.
A opinião pública neste momento é um cancro, um vazio. Só a mente individual é criativa, tudo o resto é propaganda.
Vejam onde está a educação?!
Vejam quem é a juventude de hoje?!
Vejam o torpor ?!
O FMI e a Europa estão mais falidos do que nós, como podem eles ajudar-nos? A resposta é simples, o plano deles é escravizar-nos, essa é a moeda de troca. Aos que ainda têm dois dedos de testa - Querem ser escravos? Aos que têm filhos - É isto que desejam para os vossos filhos? Esqueçam as cunhas, elas tê o mesmo preço, a escravidão.
A moralização é boa quando é para todos, quem vender moral terá que viver sob essas mesmas regras, seja na ciência, Arte ou Filosofia.
O nosso exemplo tem de vir de cima, não de uma "elite" corrupta e satânica. Aconselho a leitura deste artigo que exprime o circo de ilusões em que a vida se tornou, as reformas fazem com que se passe de mal a pior, não queremos um elefante dentro de uma loja de vidros.
http://flautatransversal.blogspot.com/2009/04/estudar-uma-arte-porque.html
A arte não é circo nem show, não se constrói a vida com diversão e luxúria. Estou fartinho de ser limitado para as estatísticas, fartinho de ouvir mentiras a serem passadas à eunuca opinião pública. Saber, hoje significa supressão garantida.
Como pode isto estar bem? Todos sabem por instinto que isto está errado.
Se a Lei Natural não existir, então tudo é Comércio e Nós somos meras Coisas transaccionáveis, como tal, somos acéfalos e sem opinião. A Justiça que mantém a Ordem, mantém a Ordem expressa na Lei do Comércio, despreza a Lei Natural, tantas as vezes, contra a vontade dos magistrados.
Que raio de mundo é este?
Que raio de servidão é esta, não acham que é hora de acabar com isto?
A única revolução e hierarquia é a da consciência, todas as outras formas são manipulação e propaganda.
O relógio está na contagem final, se perdermos o Saber de quem conheceu outra vida e outro mundo, estaremos a condenar as gerações futuras a séculos da mais cruel desumanização, será árduo recuperar disso aos poucos que sobreviverem.
E qual será o custo então?!
Que medo e insegurança são estas? Seja do desconhecido, da anarquia ou da sombra de si mesmo. Eis o sinal claro das fragilidades da nossa sociedade, estão sim no indivíduo, ele é que anda perdido. Esta frase do anónimo é disto exemplo:
"Este blogue está a degradar-se com os artigos e sobretudo comentários simplórios e primários."
Faça as leituras e reflexões que proponho no comentário anterior, o blogue não se está a degradar está servir o seu propósito (penso eu), faça as questões que lhe sejam pertinentes. Não feche a porta só porque lhe soa simplório ou primário, estes adjectivos reflectem-no a si, não à minha mensagem.
Não pretendo ser rude nem nada semelhante. Estamos a falar e ninguém sabe tudo, no entanto, há experiências que nunca são levadas em conta na hora de governar, vale mais parecer do que ser, porque uma vez que o Saber está cada vez mais fragmentado, é cada vez mais difícil chegar a uma visão global. Por causa disso e para isso, a sociedade tem sido dirigida de modo a que qualquer pensamento alternativo seja visto como uma palermice utópica.
Nem Esquerda, nem Direita. Esses são interesses de grupos. Fiquemos apenas pela garantia dos Direitos Individuais. Será uma tarefa que nos manterá suficientemente ocupados.
Obrigado a todos pela leitura
Recorrendo às musas:
Ao lado do que se tem
propriamente por ciência
há muita coisa, porém,
que merece equivalência!
JCN
"Esses são interesses de grupos. " Compreendo, uma espécie de união nacional, acabar com a política. O problema é que já foi tentado e não resultou lá muito bem. Talvez numa nova forma.
O blogue está, de facto, a degradar-se, a afastar-se de princípios científicos, a permitir tudo, sem qualquer critério, sem demonstrar intenção nem preocupação de manter um nível mínimo de exigência de qualidade intelectual (bem sei que parece muito democrático...) das intervenções.
Quando se fala no desaparecimento das ideologias (na acepção que foram assumindo, afastando-se do que creio ser a sua origem filosófica), quando se apela ao - ou se declara o - desaparecimento da esquerda e da direita, está-se, de facto, a adoptar a cartilha do nazi-fascismo. Não vale a pena assobiar para o lado e fazer de conta que é outra coisa, porque não se conseguirá a indispensável prova do milagre que tal metamorfose constituiria. E sem milagre, não há santo que nos proteja...
Será isto que os fundadores e novos membros do blogue, por ele responsáveis, pretendiam e pretendem? Não haverá que rediscutir e reavaliar algumas coisas?
E não será este o momento de encontrar um método que acabe com tantos "anónimos" indistintos, a dizerem coisas diferentes e, até, opostas, sem que se lhes se possa outorgar uma designação que permita diferenciar um tonto (?) fascistóide de uma pessoa que se enquadre nos parâmetros aceitáveis - ainda que não inflexíveis perante o que é novo ou original - de debate entre gente séria, de diverso pensamento, mas unida pela dignidade que procura colocar na sua cidadania?
Sei que é esta uma área delicada, cujas fronteiras não podem ser rígidas nem muradas, e que sempre desencadeia um emaranhado de difíceis questões, muitas simplesmente demagógicas, mas não poucas de inegável pertinência e difícil resposta.
Mas parece-me que há momentos que reclamam a coragem de definir um rumo, não inflexivelmente rectilíneo, mas com a indicação de algumas margens para a navegação.
Sou visita assídua deste blogue, algumas vezes - não muitas (mas não é isso que importa) - nele tenho intervindo. Ficaria desgostoso com a sua degenerescência.
Na minha perplexidade, até ousaria perguntar ao meu caro adversário (de outras divergências) Guilherme Valente, o que pensa disto...
Paulo Rato
O "lixo" que aparece nos comentários um pouco por toda a internet, desde blogs a jornais, é um problema sério de muito complicada resolução. O melhor é adoptar o que este blog faz: apelar à cordilidade e ao respeito, tentando que os comentários tenham substância, exercendo depois o dever de moderar.
A identificação é complicada. Na internet é muito fácil ter uma identidade falsa. Por exemplo, o leitor "Paulo Rato" pode ser uma pessoa qualquer. Assina com uma identidade no Google, mas o seu perfil diz só "Paulo Rato". Não tem uma foto, um email, um link para a sua página pessoal, algo sobre a sua actividade, nada que permita ligar o nome "Paulo Rato" a uma pessoa. Ou seja, aplicando princípios científicos, o "Paulo Rato" é para a direcção deste blog um anónimo que se auto-intitula "Paulo Rato". Exactamente igual àqueles que pura e simplesmente comentam como "Anónimo".
O melhor é permitir que os nossos leitores participem em liberdade, com responsabilidade, exercendo a direcção do blog a seu dever de moderação.
Vejo que nos seus posts os comentários que não lhe agradam não passam mesmo. Vou passar a concordar consigo para ter uns minutos de fama ainda que anónima.
DEsta vez consegui. Obrigado.
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