quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Uma Vida de Poeta

Na sequência da cerimónia de doação do espólio de Sophia de Mello Breyner Andresen à Biblioteca Nacional de Portugal, será hoje inaugurada uma exposição sobre a vida e obra da poetisa. Paula Morão e Teresa Amado são as comissárias, que assim apresentaram o seu trabalho:

"Tivemos o gosto de comissariar, a convite de Maria Sousa Tavares e da Biblioteca Nacional de Portugal, a exposição apresentada por ocasião da entrega do espólio de Sophia ao Arquivo de Cultura Portuguesa Contemporânea. Seleccionámos as peças que a compõem, a partir de uma pré-selecção feita por Maria Sousa Tavares. Trata-se de manuscritos de correspondência entre Sophia e família ou amigos, de poesia e de prosa, em cadernos e em folhas soltas, onde há textos rescritos, versões acabadas e outras de trabalho em curso ou simplesmente começadas; há também impressos, vários dos quais com emendas autógrafas, e fotografias.
Além destes documentos, indicativos da diversidade e da qualidade do espólio de Sophia de Mello Breyner Andresen, a exposição contém outros conjuntos de objectos que os complementam. Por um lado, primeiras edições e uma escolha de edições ilustradas. Por outro, peças de artistas plásticos e de fotógrafos oferecidas a Sophia pelos seus autores e que em muitos casos ilustraram edições de livros seus. E, finalmente, insígnias recebidas por Sophia em sinal do reconhecimento público que por diversas vezes lhe foi testemunhado e que fica a fazer parte da sua história.
O princípio geral de ordenação das peças expostas e do catálogo que lhes corresponde é o da cronologia; mas este critério dominante não foi aplicado de maneira rígida, porque entendemos fazer associações sugeridas por considerações de outra ordem entre peças e documentos diversos: por exemplo, aproximámos versões de um mesmo texto escritas em diversos suportes e em momentos distantes entre si, ou estabelecemos nexos entre fotografias e escritos.
Esta exposição, tal como o catálogo que agora se edita, pretenderam ser uma aproximação à vida e à obra de Sophia, construída a partir do seu espólio. Esperamos ter, de algum modo, atingido esse objectivo."

5 comentários:

Anónimo disse...

É pelos seus Poetas que se aquilata a alma de um país. Por que houve Sophia de emparceirar com Sena? JCN

Anónimo disse...

SER POETA!

Ser Poeta é ter a alma a descoberto,
a mente sã de cavaleiro andante;
ser Poeta é ter o coração abetto
à presença de Deus em cada instante;

ser Poeta é cultivar um grandr amor,
equiparando a Deus o ser amado
a ponto de ver nele, lado a lado,
a réplica do próprio Criador;

ser Poeta é tudo ser, não sendo nada;
luz cósmica de estrelas ou tão-só
astro cadente... reduzido a pó;

ser Poeta é amar de tal maneira ou forma
que, viva ou morta, a criatura amada
em vero ser divino se transforma!

JOÃO DE CASTRO NUNES

Anónimo disse...

Trocando de violino:

SUMA RAZÃO

Ser Poeta é ter o espírito virado
para as estrelas que no céu se movem
vertiginosamente e nos comovem
deixando-nos o olhar maravilhado.

Ser Poeta é para Deus, antes do mais,
a alma ter voltada em pensamento
ininterruptamente, a cem por cento,
sem mesmo assim, no fundo, ser demais.

Ser Poeta é colocar no mesmo altar,
a par de Deus, a criatura amada,
a tal alma gentil do nosso lar.

Ser Poeta é recusar-se a transigir
com baixezas morais, sem que por nada
troque sua razão... para existir!

JOÃO DE CASTRO NUNES

Anónimo disse...

BRINDANDO À DÉLFICA

Pelos poemas de Sophia passa
uma helénica brisa de frescura,
uma aragem subtil de ática graça
que tem raiz na sua formatura.

Nos seus versos de mármore esvoaça
um ténue véu de grega tessitura,
enquanto à volta de coríntia taça
se brinda à macedónica aventura.

Um gosto a vinho novo e maresia
nos vem à boca lendo os seus poemas,
independentemente dos seus temas.

Serena e casta, a sua poesia
de escultural e apolínea forma
em branca espuma egeia se transforma!

JOÃO DE CASTRO NUNES

Anónimo disse...

O mau passo de Sophia
foi compaginar com Sena
na sua amarga fobia
contra esta pátria pequena!

JCN

DUZENTOS ANOS DE AMOR

Um dia de manhã, cheguei à porta da casa da Senhora de Rênal. Temeroso e de alma semimorta, deparei com seu rosto angelical. O seu modo...