Um dos nossos leitores fez-nos chegar este Diálogo entre Colbert e Mazarino durante o reinado de Luís XIV extraído da peça de teatro Le Diable Rouge, de Antoine Rault:
"• Colbert: Para encontrar dinheiro, há um momento em que enganar [o contribuinte] já não é possível. Eu gostaria, Senhor Superintendente, que me explicasse como é que é possível continuar a gastar quando já se está endividado até ao pescoço…
• Mazarino: Se se é um simples mortal, claro está, quando se está coberto de dívidas, vai-se parar à prisão. Mas o Estado… o Estado, esse, é diferente!!! Não se pode mandar o Estado para a prisão. Então, ele continua a endividar-se… Todos os Estados o fazem!
• Colbert: Ah sim? O Senhor acha isso mesmo ? Contudo, precisamos de dinheiro. E como é que havemos de o obter se já criámos todos os impostos imagináveis?
• Mazarino: Criam-se outros.
• Colbert: Mas já não podemos lançar mais impostos sobre os pobres.
• Mazarino: Sim, é impossível.
• Colbert: E então os ricos?
• Mazarino: Os ricos também não. Eles não gastariam mais. Um rico que gasta faz viver centenas de pobres.
• Colbert: Então como havemos de fazer?
• Mazarino: Colbert! Tu pensas como um queijo, como um penico de um doente! Há uma quantidade enorme de gente entre os ricos e os pobres: os que trabalham sonhando em vir a enriquecer e temendo ficarem pobres. É a esses que devemos lançar mais impostos, cada vez mais, sempre mais! Esses, quanto mais lhes tirarmos mais eles trabalharão para compensarem o que lhes tirámos. É um reservatório inesgotável."
segunda-feira, 24 de janeiro de 2011
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
CARTA A UM JOVEM DECENTE
Face ao que diz ser a «normalização da indecência», a jornalista Mafalda Anjos publicou um livro com o título: Carta a um jovem decente . N...
-
Perguntaram-me da revista Visão Júnior: "Porque é que o lume é azul? Gostava mesmo de saber porque, quando a minha mãe está a cozinh...
-
Usa-se muitas vezes a expressão «argumento de autoridade» como sinónimo de «mau argumento de autoridade». Todavia, nem todos os argumentos d...
-
Cap. 43 do livro "Bibliotecas. Uma maratona de pessoas e livros", de Abílio Guimarães, publicado pela Entrefolhos , que vou apr...
5 comentários:
Em primeiro lugar fiquei admirado de ter sido possível uma visão tão moderna da economia e da fiscalidade durante o reinado de Luís XIV. Depois apercebi-me de que se tratava de um diálogo imaginado de uma peça de teatro. Investiguei a época e verifiquei que Antoine Rault nasceu em 1965 e a peça Le Diable Rouge foi representada em 2008. Fiquei na dúvida se será realista pensar que Colbert poderia ter o raciocínio apresentado e expô-lo de modo tão claro e tão "moderno".
Sim, Stephen Colbert ;-)
SNG
Por isso só os pobres podem ser ricos.
É a primeira vez que passo por aqui. Não conhecia. Voltarei. Teatro ou não, o que
e certo é que aquela é a realidade! Mas a realidade é mais profunda e mais complexa. O Estado, melhor, os nossos políticos e governantes apoderam-se do dinheiro dos cidadãos a quem dizem servir mas, nitidamente, servem-se e não servem ou servem mal, gastando sem controle, pois o dinheiro não lhes custa a ganhar... Eu defendo uma outra política económico-financeira radicalmente diferente daquela que nos acorrenta a todos, com os olhos postos na sustentabilidade a todos os níveis e globalmente: obviamente, sustentabilidade social e ambiental. Sobre este assunto eu escrevo no meu blog "Ideias-Novas" que convido a visitar. Não tenho pretensões a expert em economia - outra é a minha formação-base - mas parece-me que uma revolução nestes domínios se afigura absolutamente necessária. A nível global, claro! Se tiverem a amabilidade de uma visita e de um comentário, o endereço é: ummundolideradopormulheres.blogspot.com
É, parece que o homem não melhora mesmo, passaram tantos séculos, porém continua o mesmo , pensando bem muito pior porque naquela época o índice de analfabetismo era enorme enquanto hj houve uma melhoria, mas o homem mesmo continua dando os mesmos golpes e ainda dá certo.... pra eles, ou seja, para o poder temporal.
Enviar um comentário