sexta-feira, 27 de agosto de 2010
MEDICINA QUÂNTICA?! (II)
Continuação de crónica anterior de António Piedade, com o mesmo título:
Todos os exemplos indicados, na crónica anterior, implicam uma fonte de radiação que, apesar de não estar necessariamente em contacto directo com o organismo, produz neste efeitos mensuráveis e reprodutíveis. O Sol está a cerca de 150 milhões de quilómetros, ou a 8 minutos-luz, mas “queima” a pele e altera o ADN dos seus cromossomas, numa relação causa efeito reprodutível numa simples experiência laboratorial em qualquer lugar do Universo e por qualquer pessoa. Como a radiação ultravioleta está “fora” do espectro visível, a que os olhos são sensíveis, não antevemos a causa do mal mais ou menos futuro. Noutro exemplo, a bomba de cobalto (radioterapia) está a uma certa distância do paciente com cancro, distância essa apropriada e calculada matematicamente, sendo que o feixe de radiação gama, que incide e é focado na massa cancerígena, minimizando assim danos nos tecidos saudáveis circundantes, é invisível aos olhos, mas os seus efeitos são sentidos posteriormente pelo organismo. De facto, o paciente nada sente durante a radioterapia ou exposição solar. É, para o senso comum, como se o efeito resultasse de “pura magia” advinda de uma tecnologia ou conhecimentos muito avançados, como dito na citação de Arthur C. Clarke. Mas nestes casos conhecemos a tecnologia e podemos explicar a magia com conhecimento acessível a todos (com mais ou menos esforço). Não há truques. Há conhecimento científico aplicado e substancial a uma tecnologia.
O mesmo não se pode dizer, nem sequer sugerir, de uma terapia designada por quântica, que se está a disseminar numa Medicina curadora de apelido também “Quântica”. Aparece definida como o processo que resulta da irradiação do organismo, ou parte dele, com energia electromagnética de determinada frequência, para repor, numa terapia ressonante, o estado de equilíbrio electromagnético perdido e característico do estado de saúde de cada um dos indivíduos. Não se entende como é que as radiações electromagnéticas terapêuticas de baixa intensidade se tornam efectivas no meio de tanta poluição electromagnética já produzida pela acção humana (telecomunicações, redes eléctricas, motores eléctricos, etc.). Não se entende como é que a terapia quântica, veiculada por instrumentação e alguns acessórios esteticamente agradáveis e de fácil mas dispendiosa utilização, sobrepõe a sua acção terapêutica em relação ao efeito placebo, isto é, ao efeito de sujeitar o paciente ao mesmo tipo de procedimento terapêutico mas sem aplicar qualquer radiação. Não se encontra apresentado, discutido e publicado em lado algum onde é que se encontra depositado o conhecimento que a suporta e que sugere alguém saber determinar parâmetros de física e química quântica para biomoléculas complexas como são o ADN, proteínas e mesmo de células inteiras, de agregados destas em tecidos, destes em órgãos e destes no todo que é o organismo. E o que é o equilíbrio electromagnético de uma indivíduo saudável? Ninguém normaliza.
Na famosa série de ficção científica “O Caminho das Estrelas” (Star Trek, no orginal), Leonard McCoy (desempenhado pelo actor DeForest Kelley), médico chefe da nave Enterprise, diagnosticava e tratava os doentes utilizando um equipamento que pulsava feixes invisíveis de radiação, capazes de tratar feridas gravosas entre outros problemas ainda de difícil ou impossível resolução para a nossa medicina actual. Também era comum tratarem os tripulantes com danos mais severos (em coma) com diademas e pulseiras aparentemente electromagnéticas. Assim como os autores da saga não nos explicaram como funcionava o teletransporte, veiculo privilegiado de transporte entre a nave e um outro local pretendido, também não nos deixaram instruções para tão avançada tecnologia de aplicação médica. Resta-nos, ainda hoje, espantarmo-nos com tão sugestiva, impressiva e curadora magia residente na ficção científica da saga galáctica e esperar que o conhecimento avance para a tornar em pura e robusta tecnologia ao serviço da saúde e de vida.
Entretanto, não se deixe enganar por futurologistas de bata branca a irradiar saúde. É que já não há oráculos!
António Piedade
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10 comentários:
Não se percebe que a ASAE (sempre tão célere no combate às bolas de berlim de praia que não consta tenham até hoje provocado sequer distúrbios intestinais), ou outra qualquer entidade pública apropriada, não se debruce sobre consultórios de "medicina quântica", onde funcionárias de bata branca que sabem tanto de medicina como eu e o mesmo ou ainda menos de física quântica, vendem curas e saúde a incautos ou desesperados.
Bem, se a ASAE começar a ir por aí, deverá não se esquecer, então, de se debruçar sobre os muitos casos de negligência médica. A questão é que o efeito placebo é uma realidade e a medicina sabe-o, e entrar pelo terreno das "crenças" é delicado. Aqui para as minhas bandas há uma recém-acabada super-hiper-MEGA construção arquitectónica, de alto gabarito e (não duvido, pois está à vista) orçamento que pertence à Igreja do Reino de Deus.
F., o problema não é o efeito placebo, é a charlatanice pura e dura (e normalmente cara)
Exacto. O problema não residira no efeito placebo, mas sim nas formas de o obter. Porque é possível aceder-lhe sem ter de vender todos os nossos bens para o obter...
Mas é verdade, crenças são sempre um campo delicado... no entanto, penso ser nossa obrigação (enquanto pessoas com uma formação científica mínima) alertar os mais ingénuos e incautos para as banhas de cobra de hoje. Uma coisa é a fé na religião, algo que já está demasiado enraizado nos valores das sociedades actuais para se poder renegar sem mais nem menos. Outra coisa é invocar o nome da Ciência em vão :D e, pior, associá-la a ficção ou fantasia científicas!
Se não, qq um de nós poderia asseverar a um incauto transeunte que não haveria mal em se atirar de um precipício porque, caso acreditasse e tivesse fé, daria um salto quântico que lhe impulsionaria o crescimento de umas asas quânticas... se é que me entendem. :)
Duas palavras para vocês: Power Balance, a pseudo-física quântica no seu melhor.
Quero dizer a esta gente que fez estes comentários, que foi a medicina quântica que me curou os
meus ataques de pânico. Eu já não saia de casa porque tinha medo de tudo. E andava tomando os
medicamentos, mas sem resultados. Ao segundo tratamento comecei a sentir logo melhoria, e hoje
faço a minha vida normal, sem medos. Não se trata de fé, também não sou capaz de explicar, embora
tenha lido muita coisa sobre esta misteriosa maquininha. O que me importa é que me estabeleceu a
minha paz emocional , me trouxe a tranquilidade de que eu necessitava. E isso é um facto.
Desculpe mas o testemunho de alguém sob a influência de psicotropicos não colhe o meu interesse ou valorização.
Eu descobri recentemente que A Terapia Quântica usa uma tecnologia que mede e registra os ténues impulsos elétricos da nossa pele, ajudando a gerir e reprogramar as capacidades auto curativas do corpo humano, devolvendo a sua ressonância natural. É um método seguro, relaxante, não invasivo e sem efeitos secundários, podendo ser usado por todos, em qualquer idade, exceto em pessoas com pacemaker e epilepsia.
Interessante o assunto da Medicina Quantica, dizem que A terapia é feita com a ajuda de um aparelho (SCIO) ligado a um computador com o software operacional. Nas consultas utilizam-se cinco confortáveis fitas condutoras com sensores eletrodérmicos nos pulsos, tornozelos e na cabeça.
Importantes estudos reconhecem o Sistema de Biofeedback, certificado pela União Europeia e a FDA, como uma tecnologia eficiente para a gestão e controlo da dor que já é utilizado, internacionalmente, em clinicas privadas e hospitais como a Mayo Clinic e o St John’s Hospital (USA) e Universidades de Medicina na Hungria e Polonia. A patente pertence ao Professor William Nelson, antigo investigador da NASA que ao trabalhar nas teorias trivetoriais subjacentes ao projeto APOLO, investigando os campos eletromagnéticos aplicados à medicina, desenvolveu este tratamento.
Importantes estudos reconhecem o Sistema de Biofeedback, certificado pela União Europeia e a FDA, como uma tecnologia eficiente para a gestão e controlo da dor que já é utilizado, internacionalmente, em clinicas privadas e hospitais como a Mayo Clinic e o St John’s Hospital (USA) e Universidades de Medicina na Hungria e Polonia
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