Passando ao acaso, ou tendo ouvido falar da exposição que um grupo de alunos das Belas Artes ali apresentava, o já então conhecido por Mestre Almada, resolveu espreitar. Nessa esperitadela viu "uma pinturinha sobre cartão com uma cena de saltimbancos" da autoria de Pomar, que comprou, por cem merréis, "para ser exposto no Secretariado de Propaganda Nacional, em São Pedro de Alcântara".
Nessas andanças o quadro perdeu-se (existe apenas o desenho preparatório), o que não foi muito importante; o elogio que ele permitiu é que foi importante. Conta-o Pomar da seguinte maneira:
Na figura: Quadro de Júlio Pomar intitulado O Almoço do Trolha. A inspiração neo-realista traduz a influência que Almada Negreiros teve na sua obra.O que é que sentiu quando o Almada lhe comprou o quadro?
Ah! Enfim, foi assim uma coisa.... Só o simpes facto de o Almada se ter abalado da Brasileira até ao nosso atelier era... Nunca esquecerei. A dado momento, perante um desenho meu, o Almada, com aquele seu sotaque lisboeta, diz: «Isto tem muito númaro». Conhecia que era a sua atracção pelos números, pelas relações geométricas, era o maior cumprimento que se podia receber. «Isto tem muito númaro». Claro que me babei... «Númaro».Grande Reportagem, Agosto de 2003, p. 59.
Documentos consultados:
Entrevista de Júlio Pomar à revista Grande Reportagem de Agosto de 2003, realizada por Ana Sofia Fonseca.
Entrevista de Júlio Pomar ao semanário Expresso, realizada por Ana Soromenho.
2 comentários:
Pelo número, ou seja, pelo numerário, o Almada venia a alma ao diabo, nem que ele assumisse a forma de Salazar! JCN
É manifesto que "venia" por "vendia" é pura gralha: dedos grossos ou teclas diminutas! JCN
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