sábado, 21 de agosto de 2010

Água de Colónia: a "original" versus a "autêntica"














Ir a Colónia e não trazer água de Colónia é como ir a Roma e não ver o papa, ou melhor, ir a Colónia e não ver a catedral. Mas, em Colónia, fiquei indeciso entre a "original", associada ao nome do italiano Giovanni Maria Farina, e a "autêntica", que usa o nome de 4711, do antigo número de porta da casa onde era fabricada. O segundo perfume é talvez mais conhecido até porque se vende mais. Mas o perfume mais antigo foi criado na cidade de Colónia pelo italiano em 1709, portanto há mais de 300 anos. O "4711", que tem uma fórmula química diferente (as duas são um segredo bem guardado!), só viu a luz do dia em 1804, graças a um comerciante alemão de seu nome Wilhelm Muehlens, não chegando por isso aos 200 anos. Seria uma história complicada contar como Muehlens tentou por todos os meios usar o nome de Farina, incluindo a compra do nome a um Farina que não era da família original e que não teve escrúpulos de o vender a dezenas de outros perfumistas... Ao contrário de Farina, o nome de "água de Colónia" é hoje uma designação genérica, com vários fabricantes em vários sítios do mundo, que desenvolvem campanhas de marketing agressivas. É curioso notar que o escritor francês Honoré de Balzac escreveu um romance onde descreve lutas entre perfumistas na Paris do século XIX, antecedendo no tema o alemão Patrick Sueskind, autor de "O Perfume".

Em Colónia, vale a pena ver o Museu do Perfume na casa onde trabalhou o italiano Farina, que continua de posse da mesma família, oito gerações depois, em frente à praça de Juelich, muito perto do magnífico Museu Wallraff-Richartz e da velha Rathaus (Câmara Municipal), e relativamente perto da Catedral, a única coisa que em Colónia é mais famosa do que a água de Colónia. O original sempre é o original. E aprende-se lá que Napoleão, querendo estar sempre bem-cheiroso, usava um frasco inteiro de água de Colónia por dia. Mais modernamente, e embora em menor quantidade, eram dados frascos aos marinheiros dos submarinos alemães na Segunda Guerra Mundial. Consta que eles, em vez de os usarem, os traziam para oferecer às namoradas ou esposas, uma vez que o perfume, de aroma suave, é unisexo...

9 comentários:

Anónimo disse...

Tratando-se de Napoleão, não haveria colónia que bastasse ou compensasse o nauseabundo cheiro das batalhas. JCN

ana disse...

Nunca visitei um Museu do Perfume mas deve ser interessante!
Os cheiros, as plantas... deve ser bonito.

Gostei de ler "O Perfume" e também gostei do filme, embora o livro o supere.

Fernando Correia de Oliveira disse...

E, já agora, Professor Carlos Fiolhais, de referir que a sede da Água de Colónia 4711, além de um pequeno museu da marca, ostenta na fachada um relógio interessante, que movimenta automómatos, e que toca carrilhões. À hora certa, é ver uma pequena multidão a juntar-se, para apreciar a saída dos bonecos dos buracos nas paredes...

Anónimo disse...

Que tem a ver a colónia e respectivo museu com o relógio dos bonecos?... Im-pertinências! JCN

DIFERENTES SOMOS TODOS NÓS disse...

Agradeço a sugestão. Parto hoje para uma semana de férias em...Colónia.

Ralf Wokan disse...

O que os Portugueses não sabem:
Os primeiro perfumes na Alemanha chamavam-se "Portugalöl" (oleo/emulsão de Portugal) feito com cascas de laranjeiras.
A empresa "4711" tem uma marca "Portugal":
http://briefeankonrad.blogspot.com/2009/07/das-haupthaar-glanzt-gepflegt-wie-nie.html

Alias o nome "Paparazzo" vem do "paparaz", um vendedor ambulante de pó contra pulgas, provavelmente também oriundo de Portugal
Ralf

Anónimo disse...

Senhor Ralf:

Será que a Alemanha também é oriunda de Portugal? Já agora!... JCN

Anónimo disse...

Sabe, senhor Ralf, quem deve ter levado para a Alemanha o tal óleo bem cheiroso? Tudo faz crer que foi o humanista Damião de Góis por causa do mau cheiro que Erasmo deitava da boca e Lutero de sob a sotaina de pesado burel, a precisar do pó de matar pulgas. Pode crer! JCN

Anónimo disse...

Julguei que se escrevia "Papa" e não "papa"...

"Crise da transmissão e febre da inovação"

Vale a pena ler o artigo de que reproduz a identificação ao lado.   O seu autor, o francês François-Xavier Bellamy, professor de Filosofia ...