Texto de Guilherme Valente saído no "Expresso" de hoje:
1. Ensina-se, supostamente, a «aprender a aprender». Mas não se ensinam os conhecimentos que os alunos precisam de aprender. Ensina-se, supostamente, a «aprender a aprender» matemática. Mas o que é preciso mesmo é aprender matemática.
O «aprender a aprender» tornou-se moda por soar bem e prometer o «milagre» de se poder aprender tudo sem ter de se aprender nada.
O eduquês substitui o que importa ensinar pelas técnicas e métodos que supostamente permitiriam aprender tudo sem esforço.
Dois exemplos reveladores do logro:
Se eu pretender recrutar um tradutor de inglês, não indagarei se os candidatos sabem «aprender a aprender», mas se sabem, pelo menos, inglês e português.
Se a Carris precisar de um motorista, não perguntará aos candidatos se sabem «aprender a aprender», mas se têm carta de condução e experiência de conduzir.
2. As «competências» são outro logro, que engana o incauto porque a expressão tem um significado próprio que o senso comum instantaneamente apreende e valoriza. Mas o que é um indivíduo competente? Alguém que adquiriu e domina conhecimentos e técnicas e é capaz de os aplicar no exercício eficaz de uma função. Haverá alguém competente, seja no que for, sem conhecimentos?
O que será uma competência em Filosofia Medieval? Só pode ser o conhecimento do pensamento dos filósofos da época e do contexto em que foi elaborado. O que exige tê-los estudado, dominar o latim, grego, história, etc. E ser competente em física quântica? E a cozinhar uma boa caldeirada?
Também o candidato a um curso universitário de Física deverá ter adquirido os conhecimentos que permitem responder à exigência de aprofundamento e especialização que pressupõe. Não chegará que saiba «aprender a aprender», pede-se-lhe que já tenha aprendido muito.
3. Importante não é o modo como se ensina e aprende, mas o que efectivamente se ensina, aprende e exercita. E é só o aprender muito que potencia a capacidade para aprender mais e diferente.
O método é um «caminho». As técnicas e meios de ensino devem ser adoptados e mesmo construídos em função das matérias e dos alunos. A pedagogia é uma disciplina respeitável, mas auxiliar, não é o objectivo do ensino.
4. Ora, como a pedagogia parece ser o único conhecimento que os «especialistas» da educação supostamente dominam, valorizam-no até ao rídiculo, garantindo, assim, o poder e o emprego.
É esse o programa dominante na maioria dos cursos de formação de professores, que lançam no ensino vagas de docentes, grande parte sem poderem ensinar nada, por saberem muito pouco do que deveriam ensinar.
Mas como o Ministério da Educação é controlado pelos mesmos que os «formaram», fica tudo em casa, isto é, a escola e a «avaliação» não podem deixar de ser o que, com raras excepções, são.
Se o leitor quiser saber até que ponto o rei vai nú, peça a um desses novos docentes, ou a um dos pobres bons professores a quem é imposta a cartilha, um exemplo de uma «competência». Aposto que será: a «leitura de um horário de comboio»…
Refeito do choque, pergunte, a seguir, como se avalia a competência em História, Física, Electricidade…
4. O «aprender a aprender» e as «competências» são um pico da pedagogice, logros que servem ao eduquês e aos «especialistas» para que não se ensine, não se aprenda, nada possa ser avaliado.
São, afinal, manifestação da desvalorização relativista do conhecimento e do professor, da aversão rousseauniana aos «saberes letrados», supostamente origem da desigualdade e da desarmonia social. Tornar todos iguais, é o projecto inconfessável do eduquês. Mesmo que para isso seja preciso condenar todos à ignorância, à boçalidade e à miséria.
Todos?
Guilherme Valente
sábado, 3 de julho de 2010
DOIS LOGROS DO EDUQUÊS: O «APRENDER A APRENDER» E AS «COMPETÊNCIAS»
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29 comentários:
Sou professora do secundário e subscrevo tudo aquilo que aqui foi dito pelo Guilherme Valente.
A ideologia do eduquês levou muitos professores a colocarem de parte aquilo que é fundamental na sua profissão: a actualização e aperfeiçoamento, em termos científicos e pedagógicos, dos conhecimentos das disciplinas que leccionam. Isto só se consegue lendo as publicações - mais recentes e com mais qualidade científica na área de estudo em causa. As matérias que são leccionadas nos cursos universitários (as vezes à pressa e mal) são apenas uma pequena parte do que há a saber, se um professor não fizer esse esforço de estudo, rapidamente o que sabia deixa de estar actualizado e ele perde a oportunidade de aprender mais e melhor. Digo isto, considerando a minha área de estudo - a Filosofia -, pois quando fui aluna universitária li as principais obras em Francês e Inglês. O que se passa hoje é completamente diferente: muitas das melhores obras publicadas actualmente estão traduzidas em Português. Portanto, a informação de qualidade está disponibilizada, a questão é que muitos daqueles que são formadores de professores veiculam uma ideologia onde se considera como prioridade o modo como se ensina e não o que se ensina. Que importa a metodologia (motivadora, e vamos supor encantadora, utilizada com os alunos) se professor não investir - tempo e trabalho - em aprofundar os conhecimentos que vai transmitir?
A utilização das diversas metodologias, nomeadamente das novas tecnologias (a que os políticos atribuem efeitos milagrosos na educação em Portugal) devem ser apenas um meio para transmitir o conhecimento e é neste último que os professores e os alunos devem investir. Tudo o resto é demagogia política. Esta tem, infelizmente, consequências perigosas e perversas, faz com que as escolas deixem de exercer o seu papel: transmitir o conhecimento, isto é levar os alunos a saber Matemática, História, Física e Química….Isto tudo a bem de algumas pessoas influentes ligadas à educação garantirem os seus empregos e alguns políticos ganharem eleições.
Meu Caro Dr. Guilherme Valente:
O ensino, do básico ao dito (em muitos casos, impropriamente!) superior, está a precisar de uma grande vassourada. Isto já não vai com o simples pano de pó que se passa sobre os móveis em dia de visitas de cerimónia ou com estatísticas encomendadas ao gosto do cliente.
Depois, grande maioria dos nossos alunos deviam aprender a desaprender as asneiras que lhes ensinaram num ensino que não ensina: ou melhor, ensina asneiras.Sem ser maoísta, "vade retro, Satanas", cito de memória uma frase de Mao Tse-Tung:"Um caminho demasiado plano não desenvolve os músculos das pernas". Ora o caminho seguido pelo nosso ensino nem sequer plano é, mas em perigosíssimo declive para servir interesses de professores semi-analfabetos e de dirigentes sindicais que se agarram ao rochedo das suas conveniências como autênticas lapas. Nem que para isso tenham que vender a alma ao demónio.
Que quer, meu caro Dr. Guilherme Valente? Uns dirão, para não criar inimizades, é a vida! Outros, raio de vida e de futuro que estamos a deixar aos nossos filhos e aos nosso netos.
Dantes a taxa de desemprego atingia principalmente os que não sabiam nada. Hoje, os que têm diplomas que "atestam", com o selo do próprio Estado, que sabem tudo.
Nunca a ignorância foi tão atrevida como nos dias de hoje. E tão acarinhada, escandalosamente acarinhada!
"Nunca a ignorância foi tão atrevida como nos dias de hoje. E tão acarinhada, escandalosamente acarinhada!"
Esta frase resume muito do que foi dito, quer no texto, quer no comentário anterior.
Constato diariamente o suplício dos professores e a tragédia dos alunos.
Estamos num círculo atroz, que não parece ter saída. Se por um lado as forças se conjugam para o status quo, por outro são imensas as vozes que se levantam contra esta situação calamitosa no presente e no futuro das gerações deste triste País.
Que fazer?!
Os pais podiam começar a ser mais exigentes em voz alta, porque ainda não estamos num estado de coisas que exija surdina!
Os professores podiam demandar ordem e reclamar exigência?
Pobres professores que endoidecem devagarinho...
A uns tanta sandice convém deveras e esses juntam-se a quem 'manda' e vão alimentando o caos; a outros resta a reforma. Ou o atestado psiquiátrico.
Outrora uma profissão de imenso respeito, estão quase votados a esfregonas da ocupação diária das crias das famílias distraídas (e ocupadas, e destruídas e cansadas...).
Mas pelo que se perfila no horizonte, lamento desacreditar em mudanças para o bem.
Talvez seja uma impenitente pessimista, mas só vejo ladeiras e um resvalar contínuo.
Pobres miúdos, que caminham alegre e inconscientemente para o nada!
E as vozes de protesto e alerta calar-se-ão com o tempo e o exaurimento.
E depois?
Suponho que foi João de Deus quem afirmou que não há método bom com professor mau nem método mau com professor bom.
Porém, os professores estão impedidos de ensinar e os alunos de aprender.
Parece que o que conta é a embalagem e não o conteúdo. E há muitos sinais que atestam que a situação é absolutamente insustentável. Um deles é o resultado dos exames da disciplina de biologia e geologia do ensino secundário, de há meia dúzia de anos para cá (após a última mexida nos programas...). Esperemos pelos próximos resultados e analisemo-los sem subterfúgios. O que se passa é um escândalo que ninguém parece querer discutir: nem professores, nem pais nem os próprios alunos. O que é uma pena. E, em minha opinião, mais que uma pena é um crime.
Depois vêm com esquemas estapafúrdios de avaliação de professores, quando a primeira medida seria seleccioná-los criteriosamente à entrada na profissão e obrigá-los a actualizarem-se nas suas áreas específicas e a fazerem exames médicos ao fim de períodos razoáveis, para saber se se mantêm em condições de leccionar.
E não esquecer que um professor, para ser professor, precisa, pelo menos:
- de saber ler e escrever correctamente;
- de saber as matérias a leccionar;
- de ser capaz de lidar minimamente com crianças e jovens.
Ora, há casos de professores que no biénio 2007-2009 foram avaliados com excelente que não sabem conjugar o verbo haver... E há até alunos (é verdade, sim senhor) que reparam nisso.
Mas quem formou tais professores? E quem os admitiu no ensino? E alguns desses professores foram avaliadores de outros professores. E vão continuar a ser!
E há ex-ministras que são responsáveis por tal estado de coisas que escrevem livros que os governantes elogiam emocionadamente e a quem algumas personalidade políticas do maior relevo atribuem uma "coragem exemplar".
Para onde vão as nossas escolas, ou melhor, os nossos alunos, ou mais especificamente: os mais pobres dos nossos alunos?
Alguém responde?
o eduquês merece-as,sem dúvida.Mas lá por casa,como anda,Dr. Valente,a revisão dos
seus livros de Ciência?
José
É curioso que este artigo de que fui co-autor, cerca de dez anos passados, se tornou terrivelmente profético, e continua muito actual:
http://matagalatlante.org/nobre/hyt/portories2.html
Gil Fonseca
O Gil já havia diagnosticado há dez anos a qualidade do ensino, o que acontecerá agora... Eu, como professor do secundário, sinto-me perdido. Por um lado procuro corresponder à minha consciência, por outro lado essa consciência abala-se perante determinadas exigências actuais. Além da experiência individual, que tem a sua importância na forma como concebemos o ensino, há um texto que não prescindo de reavivar, aquele em que Hanna Arendht faz uma crítica a esse ensino «aprender a aprender». No fundo, o que ela diz, e creio que a maioria das pessoas já conhece o texto, vai ao encontro das palavra do Guilherme Valente. A inovação sé é possível a partir de algo que já se possui. Esse algo só se adquire com esforço. No meu caso particular, e não pretendendo fazer uma apologia pessoal, só aprendi realmente alguma coisa quando me esforcei, quando «abri os olhos». Quando me deparo com os meus alunos, tento incutir estas ideias, contudo, a maioria das vezes, não consigo... Olho para eles e vejo-os um pouco fastidiosos com algumas ideias. Faço «malabarismos», e vejo-os a olharem com pena. Tento apresentar-lhes mecanismos novos de ensino e, por isso, recupero alguns. Contudo, a maioria continua alheada.
Não vejo esta realidade como fracasso, mas como uma verdade que exige uma contínua batalha. É para isso que me pagam.
Portanto, actualmente vivemos numa batalha permanente, constantemente bombardeados com linguagens de senso comum vindas do poder (presente na apresentação do livro de Maria de Lurdes Rodrigues). O que nos alimenta é haver um blogue como este. Dá-nos vitaminas.
O lobby das "ciências" da educação tudo fará para que tudo fique na mesma...
Já agora façam contas à quantidade de pessoas que depende do status quo para viver. Acham que estes "cientistas", "especialistas", "professores de "eduquês", "psicólogos educacionais", "sociólogos educacionais", parapsicólogos, etc., etc., etc., e demais derivados de uma ideologia travestida de ciência vão largar este sector sem dar luta?
E acham que algum partido político terá a coragem de afrontar este poderoso lobby, sabendo que muitos dos seus responsáveis são ou foram membros dos partidos que habitualmente nos governam e apoiados pela esquerda portuguesa?
Acham que algum governo sobreviverá dizendo à população que:
1. a escola é um local de trabalho;
2. o dever do professor é ensinar;
3. o dever do aluno é estudar;
4. o dever do encarregado de educação é encarregar-se da educação;
5. qualquer aluno que evite a aprendizagem dos seus colegas será severamente punido e o respectivo encarregado de educação sofrerá penalizações;
6. haverá exames a todas as disciplinas de dois em dois anos;
7. os exames serão exigentes e rigorosos;
8. os professores serão avaliados com base nos resultados dos seus alunos nos exames nacionais;
9. serão criadas escolas profissionais para os alunos que CHUMBAREM nos exames;
10. depois do segundo CHUMBO os encarregados de educação terão que pagar propinas;
11. a formação de professores será centrada no conhecimento científico.
Alguém vai fazer isto a curto/médio prazo? Eu respondo já, claro que não!
Não será feito, porque a maioria do povo quer uma escola que tenha como missão a guarda e o entretenimento das crianças e jovens. Quer que a "escola" esteja aberta 24 horas por dia, 365 dias por ano. Quer que a escola não chateie os seus rebentos. Quer que a escola seja o mais fácil possível. Quantos de nós não ouvimos os nossos amigos dizer "não sei o que fazer ao meu filho", "não sei onde deixar o meu filho", "o professor é muito exigente", "os exames deixam o meu filho com imenso stress", "as escolas deveriam estar abertas até às 20 horas", "os professores não fazem nada", "os professores têm muitas férias", "os professores têm um horário de vinte e poucas horas, não fazem mesmo nada", etc.!
Não será feito, porque existem milhares de pseudo cientistas, especialistas, psicólogos, sociólogos, entre outros que ficariam sem emprego.
Não será feito, porque encerrariam dezenas de instituições de ensino superior em eduquês.
Não será feito, porque encerrariam centenas de departamentos de instituições de ensino superior especializados em eduquês.
Não será feito, porque encerrariam dezenas de centros de investigação em eduquês.
Não será feito, porque cerca de 40% dos actuais professores foram formatados no "eduquês".
Não será feito, porque os salários dos professores do 1º ciclo deixariam de ser iguais aos professores do ensino secundário.
Não será feito, porque TODOS os sindicatos de professores defendem e transpiram eduquês por todos os poros.
Não será feito, porque a grande maioria dos nossos políticos não está interessada em resolver os problemas, mas sim em enganar.
Não será feito, porque TODA a esquerda parlamentar defende o eduquês.
Esta é a realidade, só não vê quem não quer.
Parabéns pelo artigo. Deu-me prazer ler e subscrevo. Parece que se avizinham tempos piores com um novo curriculum...
Fartinho:
"porque TODA a esquerda parlamentar defende o eduquês." O pior é que a direita também.
acho que o amiguinho 'fartinho da silva' devia pegar nessa lista e ir às compras. Com o tipo de críticas que enunciou e o item 9 e 10 da lista, não me parece que mereça consideração. Uns andam na escola do eduquês, outros parece que acabaram de vir da escola nacional socialista.
Vale a pena falar com pessoas que nas empresas são responsáveis pelas contratações: muitas vezes não querem saber dos conhecimentos dos candidatos mas sim das competências e da capacidade de aprender desses candidatos.
Estes discursos contra o eduquês, contra o aprender a aprender ou contra as competências é que me parecem revelar em geral uma grande falta de conhecimento daquilo de que se fala.
Bem poderiam começar por dar o exemplo do que pregam.
Caro Anónimo das 19:31.
Talvez a Alemanha e a Suíça sejam nacional-socialistas...
E, talvez a Inglaterra se esteja a transformar num país nacional-socialista...
Sabe qual é o meu problema? Acredito no trabalho e detesto quem me tenta vender facilidades! As facilidades de hoje serão as dificuldade de amanhã!
Já agora, quanto aos problemas do ensino, veja-se o texto do Gil Fonseca e do Luís Gonçalves.
Os culpados não são nem o eduquês nem nenhuma outra área académica, como a estatística, por exemplo.
Os culpados são aqueles que querem sucesso estatístico desprezando totalmente tudo o resto. Começando nos sucessivos governos das últimas décadas e terminando em muitos pais.
Que exagero! Não acham que deveriam ser mais comedidos no ataque à pedagogia do "aprender a aprender"?
Claro que é importante aprender, e que aprender exige esforço, muito esforço por vezes. Mas não menosprezem o "saber aprender". O saber que a escola transmite é ínfimo quando comparado a tudo o que cada indivíduo tem ou deveria aprender durante a vida. E com uma agravante: a memória humana é falível e como tal uma parte considerável dos conhecimentos adquiridos na escola acaba mesmo nas masmorras do esquecimento.
Deixem de dar tanta importância ao saber que a escola transmite e preocupem-se mais em criar nos vossos alunos o gosto de aprender. Formem cidadãos activos, capazes de encontrar soluções para os desafios que vão ter de enfrentar depois da escola. Se uns se valem da pedagogia para justificarem a própria incompetência em termos de conhecimentos, outros atacam-na porque incapazes de despertar nos alunos o desejo de saber. E é por culpa de todos esses professores que não ensinam, mas também dos pais que não educam, que a escola se tornou um descalabro.
De resto, temos os Ministros que merecemos e possivelmente ainda mereceríamos pior.
E não é porque um "douto" escreveu um artigo no Expresso que tem forçosamente razão. É que se cada um de nós tivesse de encarar a vida só com o que aprendeu na escola, eu, que sou da geração de 50, estaria condenado a nunca poder lidar com a informática.
Que os alunos têm de perceber que sem esforço não se aprende, é indiscutível. Mas o que deveria mesmo é haver mais pais dignos desse nome e mais professores a comportarem-se como pedagogos que deveriam ser.
Excelente texto. Aos professores que aqui se lamentam sobre o actual estado de coisas: não desistam, por favor. Há alunos que merecem que não desistam, e só por esses que seja vale a pena.
AGRACDECIMENTO POR NOS TEREM EM CONSIDERAÇÃO
Exmºs Sr.s (a) Deputados venho por este meio agradecer por nos terem ouvido
ontem dia 2010 - 06 - 30 na assembleia da republica sobre o caso de despedimento
colectivo de 112 familias do casino estoril e que mostra que todos os mails enviados
não é pura nem mera mentira de familias em que o desespero desta ilegalidade
que lhes bateu á porta.
Tudo o que disse sobre a ministra é verdade nunca se preocupou em investigar até
que ponto a empresa casino estoril com participação do estado está dentro da lei
como da parte da fiscalização do trabalho em que no terreno detectou
irregularidades e que a comissão de trabalhadores é testemunha os fiscais nada
fizeram. O grave tambem é que a justiça não funciona para todos porque um juiz
que na 1ª providencia cautelar determina que entrou cedo demais na 2ª vem
determinar tarde demais isto para todos nós trabalhadores despedidos por
substituição de outros em que a média de ordenados é igual não entende afinal
como funciona a justiça neste país.
Como o facto de o ministério do trabalho não ter posto mão neste caso ilegal mas
pôs ao dispor da empresa uma funcionária da segurança social para tratar dos
subsidio de desemprego de todos que estavam a ser despedidos .
Eu pergunto será que o casino estoril está acima das leis de um país , que interesse
tem o estado em aceitar tais ilegalidades por ultimo se os partidos politicos são os
representantes de uma sociedade em que se diz democrática porque é que da parte
do partido socialista PS , do partido PSD e CDS nada investigam para se saber a
verdade os mails foram sempre enviados para todos os partidos pondo de fora o
partido do PS pois são causadores desta situação e que arrasta mais 112 familias
para a miséria.
Despeço-me Agradecendo a todos os deputados do PARTIDO COMUNISTA de
serem firmes com a VERDADE.
Muito Obrigado
Texto realmente interessante, mas responde a um extremo com outro. Não ficaria melhor equilibrar os objetivos de especialização (dominar conteúdos) e saber pensar minimamente? Como iríamos reconstruir conteúdos envelhecidos durante a vida afora? Engolindo outros? Em educação tudo vira modismo, inclusive inventar estereótipos, tais como "eduquês". Com certeza virá alguém que fará o contra-estereótipo, e com isso vamos perdendo nosso tempo.
Olá Guilherme Valente e todos,
Me chamo Sérgio Lima e sou Professor de Física no ensino médio (secundário) no Brasil...e acho que o texto peca por ir ao outro extremo.
Meu critério para avaliar que a tal "formação sólida" é, também, um engodo é ver gente boa que estudou nos anos 60 e 70 que só sabe fazer as mesmas coisas dos anos 60 e 70...
Gente que realmente acredita que só se pode aprender algo novo SE alguém ensinar!
Claro que não se "aprende a aprender" em cima do vácuo. É preciso aprender a aprender em cima de coisas relevantes, em cima de conteúdos disciplinares.
Mas o que eu questiono é se todos os alunos do ensino médio(secundário)/fundamental precisam aprender tudo o que está/é proposto nos nossos programas escolares (ao menos aqui no Brasil, onde os programas são, na minha opinião, excessivamente extensos).
Será que todos os estudantes do secundário carecem aprender transposta de uma matriz, por exemplo?
Será que aprender como selecionar bons materiais e boas fontes de matemática não seria mais relevante.
Aprender a pensar com lógica, a matemática básica para que possa, se desejar/precisar, aprender a matemática necessária?
Troque matemática por qualquer outra disicplina do ensino médio/secundário, a ideia é a mesma!
Este é o ponto central realmente importante.
Não é o "aprender a aprender" que é um problema mas a incompreensão que extremistas dos "conteúdos" e das "competências" têem das suas implicações!
Abraços fraternais
Guilherme, você é Valente!
Em 1782, na sua Memória Histórica, José Veríssimo Alves da Silva, falecido na prisão por suspeita de jacobinismo, em 1811, escreveu:
“A razão, que por toda a Europa entrava nos Gabinetes, é escutada no trono de Portugal. A ignorância é o mal maior, que o homem pode ter. A arte da razão, que tinha dado muitos passos além de Sócrates e Epicuro, começou a entrar nas nos nossas Escolas em lugar das escolásticas gritarias, que ali se ouviam, e o Ministério entrou a buscar caminhos de fazer felizes os Portugueses. Os Sábios mais respeitáveis das Nações estranhas lhe tributam tais louvores. Haverá dezassete anos, que o profundo Genuense escrevendo em Nápoles, dizia: “ Os Portugueses buscam todos os caminhos para ser a Nação mais sábia da Europa”; e vai em treze que o judicioso Autor da Viagem da razão em Europa, notando entre outras coisas que a ociosidade fazia a desgraça do país, diz: "Deve-se confessar, que a luz se espalha vivamente em Lisboa, e que os Portugueses começam a conhecer muitos pontos interessantes.”
Memória Histórica, In Memórias Económicas da Academia Real das Ciências de Lisboa
Tomo V, Lisboa, 1815
Hoje há jacobinos que escrevem o contrário do que escreveu José Veríssimo da Silva, e não são presos.
Mensagem recebida de Guilherme Valente:
Custa a acreditar que o comentário de Carlos Albuquerque não tenha percebido a ideia central do meu texto: só se aprende a aprender… aprendendo. Está aí o logro ou a cegueira fanática do eduquês.
Quanto às empresas, verifica-se generalizadamente (há sempre excepções) o contrário do que é afirmado no comentário: dificuldade de aprenderem. E também de se relacionarem, boçalidade no trato, ignorância confrangedora das regras básicas de relacionamento e convívio. A par, naturalmente, de uma generalizada boa vontade e simpatia humana, que na natureza não conseguiu ainda o eduquês entrar…
Mas, pior do que isso, verifica-se uma enorme dificuldade de concentração, a receber instruções ou numa tarefa. Isto mesmo acaba de ser referido expressivamente ao jornal I pelo Doutor João Gouveia Monteiro, da Universidade de Coimbra: dificuldade em conseguir manter a atenção dos alunos durante mais de dez minutos. Alunos que entraram no ensino superior…
Evidências óbvias para quem adopte uma atitude científica e não ideológica.
Guilherme Valente
Outra mensagem recebida de Guilherme Valente:
Viva. Sérgio! Muito prazer!
Sugiro que leia de novo o meu texto. Sem preconceito. Leia também a minha resposta a um outro comentário. E perceberá o que quis dizer e o meu argumento. Não vejo como aprende a lógica para aprender matemática, sem aprender matemática.
Mas o que será «aprender como seleccionar bons materiais e boas fontes de matemática»? Será que é preciso, pelo menos, saber ler para fazer isso?
Aprender (a pensar com lógica) a matemática básica para que possa, se precisar, aprender a matemática necessária. E assim sucessivamente, não é? Os parêntesis que coloquei na sua frase esclarecem tudo, não Sérgio? Há mais alguma coisa para divergirmos?
É claro que é necessário seleccionar bem, e com medida, o que vai sendo ensinado e convém aprender… discutindo, relacionando, criando. Óbvio, não é?
O melhor do encontro com o outro é o olhar crítico que volto para mim (se o conseguir…) depois de iluminado pela visão do outro. Vamos fazer isso ambos?
Abraço apertado,
Guilherme
Caro Guilherme
Em primeiro lugar gostaria que me explicasse o que é o eduquês e como é que se identifica. Se eu pegar num artigo sem conhecer os autores, como é que eu sei se se trata de eduquês ou não?
Estamos de acordo que para se aprender a aprender é preciso aprender e que as competências precisam de conhecimentos. Mas na verdade também não conheço ninguém que negue isto.
Existem, isso sim, pessoas que afirmam que os conteúdos que se aprendem podem ser quaisquer. Isto não é verdade, mas para contrariar isto é preciso perguntar aos especialistas de cada área quais são os conhecimentos que são imprescindíveis na área e como é que se estruturam.
Devo confessar que do seu texto entendi essencialmente que atacava os conceitos de aprender a aprender e de competência em vez de realçar que ambos também precisam de conhecimentos.
Há competências que não estão associadas a nenhum conhecimento académico específico mas que podem ser desenvolvidas de diversas formas: dois exemplos são a capacidade de leitura concentrada e a de trabalhar em grupo.
Estas competências não se ensinam nem se desenvolvem do nada mas também não surgem sem mais.
Um exemplo simples: um aluno pode facilmente fazer uma licenciatura em matemática sem nunca fazer um trabalho de grupo nem uma apresentação oral. Claro que este aluno, ao fim da licenciatura, embora tenha determinadas capacidades muito mais desenvolvidas do que os seus colegas de gestão ou mesmo de ensino da matemática, pode estar muito limitado em competências necessárias em muitas empresas (a menos que as tenha desenvolvido noutro lado).
Permita-me que insista num ponto: os problemas do ensino em Portugal têm muito pouco a ver com o eduquês e tudo a ver com a voracidade de boas estatísticas dos sucessivos governos. Quando muito, alguns especialistas em educação terão sido instrumentais nas políticas desenvolvidas, mas qualquer área do saber pode ser instrumentalizada, pois há sempre quem se preste a tal.
Caro Carlos Albuquerque,
A inocência que revela através dos seus comentários é deveras bonita de ler, mas está tão longe da realidade...
Quanto ao eduquês, quando ler algum artigo muito bonito, pós-moderno, que venda facilidades, que fale muito de competências, de motivação, de aprender a aprender, que hostilize a memorização, o cálculo, os clássicos, que misture sociologia com competências e psicologia com preguiça, está perante o eduquês!
Se, entretanto encontrar um texto que misture competências, sociologia e física quântica, está perante o eduquês "ultra-moderno"!
Caro Fartinho
"A inocência que revela através dos seus comentários é deveras bonita de ler, mas está tão longe da realidade..."
Sugiro que use argumentos concretos, que possam ser confirmados ou contrariados.
"pós-moderno, que venda facilidades, que fale muito de competências, de motivação, de aprender a aprender, que hostilize a memorização, o cálculo, os clássicos, que misture sociologia com competências e psicologia com preguiça"
Haverá um ou outro artigo assim, mas duvido que encontre muitos artigos com todas estas características. Logo concluo que o eduquês praticamente não existe.
Não deixa de ser irónico que o suposto combate ao eduquês seja feito com uma falta de cuidado e de rigor ao nível do que há de pior nas ciências da educação.
Acho que o autor deste artigo, apesar de ter razão em alguns dos argumentos que utiliza para criticar o sistema de ensino actual, não estudou de forma adequada os conceitos que critica. "Aprender a aprender" e "competências" são conceitos fundamentais para a sociedade do conhecimento do século XXI e estão explicados em todos os documentos importantes para a educação dos últimos anos (relatórios da UNESCO, por exemplo). É importante criticar o que está mal, mas devemos ter muito cuidado com os conceitos e o que eles implicam. O que se deveria criticar é a forma como os legisladores e o sistema de ensino interpreta estes documentos em Portugal e não os conceitos.
Rui Santos
Parece-me importante aprender conteúdos de matemática para desenvolver competências, o aprender a aprender não é posssível sem contéudo. A informação assimilada é condição para a reflexão, ou seja, só aprenderei matemática por mim mesmo, se adquiri muitos conhecimentos,ou seja, conteúdos. Parece- me uma falsa questão, dizer-se que o que importa são os conteúdos ou o que importa são as competências, já que estas deveriam ser desenvolvidas no trabalho sobre o conteúdo.
Outra questão, que julgo mais interessante a colocar é a seguinte, se o ensino deve transmitir conhecimentos e levar a um aprender a aprender, vejo a necessidade desta correlação, como imprescendível para a formação do aluno, como fazê-lo de forma adequada? Julgo fundamental, transmitir conhecimentos, no entanto, é necessário perceber a génese desses conhecimentos, mostrar a forma de ver. Desta forma, talvez se desenvolverá o espírito crítico, reflexivo, de liberdade, essencial para a formação do Homem, para o desenvolvimento do espírito científico. No fundo, exigir que o aluno tenha uma visão de águia, que questione os pressupostos, depois de os perceber. Que muita falta faz à nossa Economia,à nossa Política,à nossa Cultura , pessoas com essa visão. É importante perceber que devemos pagar mais impostos, contudo, mais importante, é o percebermos o porquê, e as suas verdadeiras causas. Penso, que o conteúdo é importante, no entanto, o aprender a aprender, como reflexão e liberdade, confere um poder criador fundamental para a nossa sociedade.
...Não há nada a dizer!!!! Principalmente porque ninguém pode ensinar o que não sabe!!!! Só se ensina e sabe explicar o que se "domina"!!! A maior parte dos nossos "Eduqueses" são especialistas em didáctica e pedagogia do... vazio!!!! Enfim um logro...um "barrete" de quem faz exames do Ensino Superior ao Domingo ... e que tem de atingir a cotas da OCDE... nem que seja a ferro e fogo!!!
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