terça-feira, 6 de abril de 2010

Arte Médica e Imagem do Corpo


























Informação recebida da Biblioteca Nacional de Portugal:


Arte Médica e Imagem do Corpo:
de Hipócrates ao final do século XVIII

EXPOSIÇÃO | 7 Abril - 31 Julho | Sala de Exposições - Piso 2 | Entrada livre


A BNP inaugura dia 7 de Abril, próxima quarta-feira, pelas 18h30, com a presença do Secretário de Estado da Cultura, Elísio Summavielle, a exposição Arte Médica e Imagem do Corpo: de Hipócrates ao final do século XVIII.

Trata-se de uma mostra que se pretende representativa do riquíssimo acervo da BNP e da Biblioteca da Ajuda. De facto, na selecção dos títulos houve a preocupação de evidenciar as obras de referência, que marcaram dois milénios de história da medicina. Assim, estarão patentes ao público obras das figuras mais eminentes que se ocuparam da arte médica. Numa sequência que combina a articulação temática e a progressão histórica, poder-se-ão apreciar livros da autoria de, nomeadamente, Hipócrates, Galeno, Avicena, Averróis, Pedro Hispano, Mondino, Vesálio, Francisco Sanches, Harvey, Borelli, Boerhaave, Stahl, Ribeiro Sanches, Pinel.

Apresentam-se obras raras, algumas das quais praticamente desconhecidas. Refira-se, a título exemplificativo, a Physionomia de Rolando de Lisboa, um médico filho de mãe portuguesa, que exerceu a arte e foi professor na Universidade de Paris no século XV. Este título, de que ainda não existe versão impressa, representa o primeiro esforço de conferir à Fisiognomia o estatuto de uma ciência - a Fisiognomia consiste no intento de estabelecer correspondências exactas entre o interior e a aparência exterior, de modo a apreender na expressão corporal os sentimentos íntimos e as disposições morais da pessoa em causa -. Realça-se a beleza deste manuscrito de Rolando de Lisboa.

O volumoso catálogo, de mais de 650 páginas, constituirá certamente um valioso instrumento de trabalho para as novas gerações de investigadores. Aí se encontra não apenas uma listagem de obras, mas também sugestões de percursos e articulações.

A concepção da exposição inscreve-se numa estratégia de olhar para a medicina como expressão de cultura. Efectivamente, a medicina é uma ciência, uma arte, um dispositivo técnico, mas é também uma ética, um modo peculiar de relação, uma via de auto-compreensão do humano.

O visitante não será certamente indiferente à beleza de muitas das obras manuscritas e impressas apresentadas. Mas pretendeu-se igualmente criar uma ambiência reflexiva, confrontar o público com questões que dizem respeito à própria condição humana. De facto, a ciência e a arte médicas intentam explicar, controlar e reparar a doença. Mas o fenómeno do adoecer permanece largamente enigmático, suscitando as mais fundas perplexidades. O ser humano saudável é um doente que se desconhece? Faz sentido a utopia de erradicar a doença da espécie humana?

Estas e outras questões no âmbito da arte médica e da imagem do corpo pretendem também ser abordadas num programa científico que acompanhará a exposição na BNP, de Abril a Julho do corrente ano, com intervenções de especialistas nas áreas e lançamentos de obras relacionadas. O programa incluirá um workshop, conferências, colóquios e visitas guiadas.

2 comentários:

Anónimo disse...

DAVID

David: eis a suprema perfeição
do corpo masculino, que a Carrara
o grande Miguel Ângelo arrancara,
dando-lhe vida... pela sua mão!

Foi Deus que o inspirou seguramente
para passar à pedra o ser humano
a partir do padrão greco-romano
da forma exacta como tinha em mente.

Obra de Deus, portanto, inexcedível,
não sendo imaginável nem possível
ultrapassá-la ou igualar sequer,

só pena foi que o genial artista
nos mesmos moldes não tivesse em vista
o equivalente corpo da mulher!

JOÃO DE CASTRO NUNES

José Batista da Ascenção disse...

Este poema também é muito belo. Um soneto perfeito: na elegância da forma e no conteúdo e significado de cada verso.
Porém, nos tempos que correm confundimos abstração com absurdo (ou ambíguo, ou abstruso, ou bronco) e má-criação com arrojo. Julgo que será por isso que cada português se julga um poeta.
Isto afirmo porque os gostos (poéticos ou outros...)se discutem. Na minha opinião. E no respeito pelas opiniões alheias.

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