Análise de Nuno Crato publicada hoje no "Diário Económico":
"O governo anterior, na segunda metade dos seus quatro anos, perdeu por completo o norte educativo: envolveu-se numa guerra sem sentido e embrenhou-se em ofertas de computadores, na simplificação dos exames e na manipulação de estatísticas. Viveu para a imagem. Perdeu-se pela imagem. O resultado, dramaticamente para todos, é que se comprometeu uma oportunidade histórica para melhorar o sistema educativo. A nova equipa está com dificuldades aparentemente insuperáveis. Mas não basta voltar atrás em tudo o que o Ministério anterior fez. É preciso avançar para a qualidade do ensino. Será necessário, por exemplo, aumentar a coerência dos programas e subir o seu grau de exigência. A nova ministra decidiu, acertadamente, traçar metas educativas - objectivos curriculares simples, observáveis e mensuráveis -, algo que estava em gestação intermitente no ministério desde 2003. Mas isso não pode ser feito com quem defendeu "competências" vagas e sempre se opôs à clareza nos objectivos e nos conteúdos".
Nuno Crato
Presidente da Sociedade Portuguesa de Matemática
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3 comentários:
Ou seja: é preciso assumir claramente que o eduquês deu cabo da escola pública e que o remédio passa, em grande medida, por libertar o ensino dos grilhões de tão perniciosas influências (as do eduquês, repita-se, as vezes necessárias...)
a escola serve para tudo menos para ensinar e para aprender. eu aguardo o dia (e deve estar para breve em que sairá o decreto-lei que proíbe os professores de ensinar seja o que for e os obrigue a aprová-los a todos sem excepção). A escola dá-lhes de comer, a escola dá-lhes computadores, a escola dá-lhes cheques-dentista, a escola toma conta deles, a escola leva-os a passear mas a escola não pode dar instrução nem sequer educação nem bons modos porque os pais, isso, não admitem. Era o que mais faltava, "o meu rico filhinho, agora a ser chamado à atenção por alguém na escola". Eu gostava de contar o que diariamente se passa nas escolas mas 36 anos depois de abril ainda há censura neste país e parece que ninguém vê isso, que a minha liberdade termina na liberdade do outro.
Caro Nuno Crato,
Julgo que até mesmo o senhor, não percebeu de forma completa o desastre da tal "escola" pública. Para que alguém perceba bem o que por lá se passa tem que fazer um estágio de um ou dois anos lectivos e resistir à burrocracia militante e à lavagem ao cérebro que a mesma implica.
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