sexta-feira, 16 de abril de 2010

O exército dos ex

Com a devida vénia, transcrevemos do "Destak" de hoje a crónica semanal do médico José Luís Pio de Abreu:

A pior coisa que pode existir é um ex. Um ex-marido ou uma ex-mulher nem sequer são designados, pois condensam em si toda a zanga que existe no mundo. Um ex é alguém que, de anjo, passa definitivamente a demónio. Com a curta duração dos casamentos e o aumento da esperança de vida, há cada vez mais ex entre nós. Se não somos um deles, teremos pelo menos algum para nos queixarmos. E quem se queixa de um ex é, geralmente, outro ex.

Ainda por cima, existem vários tipos de casamentos. Nem se fala dos casamentos entre pessoas do mesmo sexo, dos quais ainda não existe experiência suficiente. Mas muitos portugueses estão casados com o Estado. Para não lhe chamar outra coisa, o nosso Estado é polígamo e aceita casar-se com qualquer desgraçado, mesmo que faça greve, lhe provoque maus tratos e o insulte todos os dias. Por masoquismo, o Estado não se queixa de quem o maltrata, muito menos de quem o abandona.

Mas os ex do Estado queixam-se dele. Se ouvirem alguém a maldizê-lo, é com certeza um ex-secretário de Estado, um ex-ministro ou um ex-presidente. Mantiveram com ele uma relação mais íntima, embora efémera, e tentaram dominá-lo sem o conseguir. Com a curta duração dos governos e o aumento da esperança de vida, o exército dos ex-casados com o Estado engrossa-se cada vez mais.

E como somos um país pequeno, eles vão-se transformando na maioria da população pátria. Por vingança, acabarão por destruir o Estado ou reduzi-lo à mínima expressão.

J. L. Pio de Abreu

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