quarta-feira, 21 de abril de 2010

POESIA E CIÊNCIA


No prefácio ao livro "Mitos, mundos e Medos. O céu na poesia portuguesa da tradição popular ao século XX", de Joaquim Fernandes, que acaba de sair na Temas e Debates / Círculo de Leitores, o poeta Manuel António Pina revela relações entre poesia e ciência que alguns literatos parecem desconhecer. Ouçamo-lo:
"Mais interessante, para mim, do que a inventariação das expressões do conhecimento científico (neste particular caso, o astronómico) na poesia, que Joaquim Fernandes, aliás, transforma numa vasta reflexão acerca das complexas e instáveis visões do mundo que tais expressões consubstanciam, é o modo como aquele "enlace" (Joaquim Fernandes fala igualmente de "convergência") parece pôr em confronto o modo de produção especificamente poético e o assim chamado "método científico", senão as próprias noções de "ciência" e de "poesia". Porque esse "enlace" e essa "convergência" talvez não tenham de ser apenas temáticos. Talvez de facto, não exista "a" Poesia, mas sim, "poesias", tantas talvez quantas os poetas (ou melhores, quantos os poemas, pois cada poema é simultaneamente uma poética). E talvez - perdoe-se-me o tom dubitativo, mas a poesia é uma entidade de natureza q.b. evasiva para ter certezas; e dir-se-á que isso representará, desde logo, uma primeira "convergência" entre poesia e ciência - talvez, dizia eu, algumas dessas plurais "poesias" não se coloquem, no limite, muito longe da, digamos assim, "atitude" científica. Por outro lado, as interrogações que a ciência tem formulado, principalmente a partir do primeiro quartel do século XX, acerca do seu método (e estou a pensar, por exemplo, na noção de "incerteza" ou no cepticismo acerca da "objectividade" científica, isto mesmo sendo as leis da natureza desencantadamente impessoais e determinísticas) parecem abrir inesperadas janelas de aproximação com a poesia. Não, obviamente, ao ponto de poesia e ciência se poderem confundir. mas, ao menos, de não se excluírem inteiramente."

2 comentários:

Anónimo disse...

Completamente ridículo, ó Carlos, ó Carlinhos, valha-me deus!
Que é que a poesia tem a ver com a ciência, ah?!
Já estou farto destes posts a tentar ligar música, poesia, e seja lá que arte for, à ciência.
Já disse que há músicos que não sabem absolutamente nada de matemática, não têm queda para a coisa e são excelentes músicos, o que não os impede de dar nomes que vêm da ciência a algumas músicas, mas isso não prova nada. E que é que a posia tem a ver com a música ou porque é que um bom poeta tem que saber alguma coisa do método científico?!
Só uma coisinha: há uns tempos puseste aqui um post com umas coisas do Feynman a gozar com as ciências sociais e a dizer que estas estão muito longe das ciências duras, não foi?
Quer dizer, as ciências sociais não são ciência mas a poesia é quase o mesmo que ciência, ou tem muito a ver com ela!
Que ridículo, que pseudo-intelectualismo e que falta de sentido crítico!
Não vou gastar mais tempo a criticar estes posts ridículos, fica lá na tua.
luis

Anónimo disse...

Não concordo em nada com o ser que comentou aí em cima disse......A ciência e a poesia, música, ou qualquer tipo de arte pode e deve sim, ter alguma relação...depende somente da mente do indivíduo que os relaciona....simplismente por que alguém não gosta de literatura, poesia, arte ou algum gênero musical, não quer dizer que as outras pessoas não gostem...se eu gosto de poesia e ciência e quero uni-las bahhhh, o que isso tem demais....a junção enriquece...acrescenta...se você não gosta de artes....o problema é todo teu...não critique os outros, eles não tem culpa da sua falta de cultura...pelo contrário procure algo que você realmente goste e gaste o seu "precioso" tempo nisso...

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Texto gentilmente oferecido por Carlos Fernandes Maia, professor de Ética.   O tema dos direitos e deveres desperta uma série de interrogaçõ...