Crónica do historiador João Gouveia Monteiro antes publicada no "Diário de Coimbra":
Em época de crise, são raros os tesouros em que podemos tocar. Entre eles, estão alguns livros especiais. A Imprensa da Universidade de Coimbra já nos ofereceu este ano dois títulos de que não posso deixar de vos falar.
“A Universidade de Coimbra. O Tangível e o Intangível”, é um livro de apresentação da Universidade de Coimbra ao Mundo. Experiência inédita, reúne vários dos nossos melhores autores (Aníbal Pinto de Castro, Lélio Quaresma Lobo, Maria José Azevedo Santos e Vítor Serrão) e um grande número de outros colaboradores especializados que, sob a coordenação científica de José de Faria Costa e Maria Helena da Cruz Coelho, nos guiam numa visita por três continentes: o Património Artístico, o Património Documental e o Património Científico (incluindo aqui as belas colecções do Museu da Ciência). Trata-se de um livro que fala, profusamente ilustrado por belíssimas fotografias de João Armando Ribeiro, num conjunto muito cuidado e sóbrio com uma direcção de imagem com a excelência a que António Barros já nos habituou. Um projecto nascido há cerca de 10 anos (era então Fernando Regateiro o Director da IUC) e agora concretizado sob a coordenação editorial de Maria João Padez. O facto de se tratar de uma edição bilingue (tem tradução inglesa de Karen Bennett) dará asas a este sonho e fará chegar ainda mais longe a história e a riqueza patrimonial de uma universidade que foi, durante séculos, única em Portugal. Um livro especial, para ler e para rever sempre, para oferecer em momentos particulares e a destinatários seleccionados. Um livro que não se esgota porque é, ele mesmo, um desafio à nossa curiosidade intelectual, à nossa cultura e à nossa vontade de conhecer melhor esse tanto da história de Portugal que a Universidade de Coimbra encerra.
O outro livro intitula-se “Tesouros da Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra”. Com coordenação científica de A. E. Maia do Amaral, design de Paulo Emiliano e coordenação editorial da Medialivros, aqui desfilam alguns dos muitos tesouros que a nossa excepcional Biblioteca abriga. António Filipe Pimentel escreve sobre a arquitectura e a arte dos dois edifícios da BGUC e Maia do Amaral sobre as bibliotecas eruditas e os espólios literários e científicos (num dos capítulos) e sobre as marcas bibliográficas (noutro). Saul Gomes guia-nos pelos manuscritos medievais iluminados, enquanto Maria da Graça Pericão nos fala dos segredos da tipografia quatrocentista e quinhentista, Flávio Pinho dos fundos musicais e Iuliana Gonçalves da imprensa periódica portuguesa. Pelo seu lado, Alexandre Ramires conduz-nos ao mundo maravilhoso da fotografia antiga na UC, enquanto Carlos Fiolhais (Director da BGUC) e os seus colaboradores (António José Leonardo, Décio Martins / João Carlos Marques) recordam, no primeiro caso, o Instituto de Coimbra e, no outro, apresentam a rede de cerca de nove dezenas de bibliotecas da nossa Universidade. De referir também o trabalho dos fotógrafos Paulo Mendes e João Armando Ribeiro, que captaram imagens de uma maneira rara e que chega a ser emocionante. Em síntese, um livro que ilumina o recheio de uma instituição que, com 3500 manuscritos e mais de um milhão de volumes guardados nas suas valiosas salas, é seguramente uma das jóias da nossa Coroa.
Dois livros, dois tesouros. Para ver e para tocar. Para sentir e para regalar a vista e o espírito. É ler para crer [http://siglv.uc.pt/imprensa].
João Gouveia Monteiro
sábado, 10 de abril de 2010
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
O BRASIL JUNTA-SE AOS PAÍSES QUE PROÍBEM OU RESTRINGEM OS TELEMÓVEIS NA SALA DE AULA E NA ESCOLA
A notícia é da Agência Lusa. Encontrei-a no jornal Expresso (ver aqui ). É, felizmente, quase igual a outras que temos registado no De Rerum...
-
Perguntaram-me da revista Visão Júnior: "Porque é que o lume é azul? Gostava mesmo de saber porque, quando a minha mãe está a cozinh...
-
Usa-se muitas vezes a expressão «argumento de autoridade» como sinónimo de «mau argumento de autoridade». Todavia, nem todos os argumentos d...
-
A “Atlantís” disponibilizou o seu número mais recente (em acesso aberto). Convidamos a navegar pelo sumário da revista para aceder à in...
2 comentários:
Tesouros destes são realmente inestimáveis e fáceis de preservar da ladroeira, pouco virada a riquezas deste género, dada a sua fraca ou nula literacia. JCN
Bem, não conheço os livros, mas pela apresentação fico com a ideia de que são mais dois livros de "publicidade" realizados para não serem lidos, até porque geralmente carecem de conteúdo crítico. Precisamos de teorias e não de apresentações que ficam logo no esquecimento. :)
Enviar um comentário