Vale a pena ler o artigo de Raquel Varela publicado hoje no seu blogue, que me foi indicado por um leitor do De Rerum Natura. Tomo a liberdade de mudar o título, usando palavras desta historiadora.
"A conclusão é óbvia. A plebe fica a carregar num botão, e a olhar para um ecrã 6 horas por dia, seguidos de mais 6 “lúdicas” para garantir que nunca se cansarão numa linha de montagem. A elite vai estudar literatura, filosofia, os fundamentos da ciência, e da vida em comunidade. Os dirigentes e quem tem poder estudam classicamente, enquanto criam teorias sobre as vantagens do online para a plebe que dirigem. Os outros são operadores de máquinas, ainda que possam ser médicos ou professores – o que são chamados é a ser apêndices de um computador. A distopia tecnológica é isto. A escola real é um castelo cada vez mais vedado à maioria da população, que assiste pelo ecrã passiva, com um Ipad oferecido pelas Câmaras, ignorante, repetitiva, compulsiva, sem se desenvolver com humanidade, apartados assim também da democracia.
2 comentários:
Muito se tem falado sobre isto, e deixo as seguintes achegas, a partir duma observação do 1º confinamento e do retomar das aulas em Outubro:
- Muita dificuldade, nalguns casos, para acederem às aulas on-line, pois ter uma "directora de turma", sem conhecimentos de informática, a auxiliar a configurar, activar E-mail, etc à distância com pais de igual nível de conhecimento é obra (Porque não se meteram "botas ou saltos altos no terreno", pelas assistentes sociais, medidores, etc, indo às casas dos pais para os auxiliarem, nestes casos?)
- Os pais "descobriram" que havia "directores de turma", e plataformas informáticas nas escolas, etc, que lhes permitem acompanhar à distância os pimpolhos, nas faltas, nas notas, nos recados (Esperando que uns e outrosnão se esqueçam de usar estas ferramentas ....)
- A matéria dada, nos vinte minutos das sessões/aulas, foi mais absorvida que o esperado, talvez porque não transportarem para as aulas, as disputas do Pátio/Recreio, a apreciação das toiletes, o material escolar da Popota, a não propagação em onda autoalimentada dos dichotes, havendo, assim, uma maior concentração no que é lecionado;
- Os pais, talvez tenham percebido, que a Escola não é só o sítio onde deixam os filhos "entretidos, vigiados e em relativa segurança", enquanto trabalham, e que os telemóveis tem mais utilizações.
- Finalmente a "socialização", cujo espaço principal, não é a Sala de Aula que serve para Ensinar, mas sim o Pátio/Recreio e a Cantina, deixados ao encargo do Pessoal Auxiliar, em número cronicamente deficitário e muitas vezes provenientes/moradores nos mesmos bairros donde veem os casos problemáticos, que causam os problemas na Escola.
Claro que mesmo que o façam duma maneira abnegada e esforçada o seu trabalho, nunca vi terem ou frequentarem Acções de Formação, que lhes permitam fazer face aos N problemas e situações que estes espaços colocam.
Não se pense que é uma questão de "Bairro pobre" versus "Bairro fino". Ambos transportam os seus problemas para Escola, sendo os dos "finos" mais problemáticos, pois somam aos conhecimentos "futebolísticos" e "de telenovela", os de dissimulação e de "boas maneiras" aprendidas na sociedade.
Acresce que, no caso da Cantina, os professores "saíram" dele, pois uma Ministra reparou que andavam a comer ao preço normal dos alunos, poupando assim no "subsídio de alimentação", e não pagando o IVA nos Restaurantes. Considerando isto uma pouca vergonha, passou a exigir que os professores passassem a pagar, nas Cantinas, o valor do subsídio de alimentação, pelo mesma mesma refeição.
Resultado, os professores abandonaram este espaço ...
Pelo dito, a famosa "Socialização" dos pimpolhos, é em regime de auto-estudo, dependendo das sortes e azares dos ambientes, dos humores dos bullings, etc
Para meditação.
PS - O trabalhos dos Professores, seja na Assistência Informática às Famílias, seja irem para o Alto da Serra, para terem Net, seja o contacto activo com as famílias, seja o uso intensivo do seu PC pessoal, do Telemóvel, dos seu saldo no telemóvel, etc não conta para nada nem na Carreira, nem financeiramente.
Se fossem Banqueiros ou Bancos, sempre podiam inventar umas taxas e Taxinhas que os compensassem ....
Os mandarins, na China, tinham de saber escrever com os seus carateres exóticos para poderem ascender às posições sociais de chefia. Nesse aspeto, a vida escolar dos filhos do nobre proletariado português dos dias de hoje encontra-se muito facilitada: a escola modelo armazém, onde se toma conta dos meninos é uma festa; no final todos têm direito ao seu diplomazinho. Porém, a escola pública fácil, mas sem qualidade, já não funciona como um elevador social. A escola pública de sucesso para todos é, ao fim e ao cabo, a escola do insucesso. O desenvolvimento tem de ter por base o Conhecimento, não a fantochada dos diplomas obrigatórios, aos 18 anos de idade, para todos!
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