sábado, 10 de março de 2012

"Agora vou... obrigado".


"Agora vou... obrigado", disse, fixando a câmara de filmagem, um condenado à morte enquanto o conduziam para o local de execução. Era o remate duma entrevista para um programa de televisão autorizado, que tem audiências de milhões.

Muitas outras entrevistas deste género foram e serão feitas para que, quem quiser, assista e lhe sirva de exemplo. As últimas palavras emdirecto intervaladas com imagens da família em desespero.

O leitor já percebeu que não se trata dum quadro medieval: é do presente. O país é oriental, mas assisti à notícia noocidente e não vi qualquer estremecimento por parte dos jornalistas, que a deram de modo objectivo e profissional, logo passando para o desporto com aquela ligação “e agora…”. Não pude deixar de pensar que a barbárie não tem fronteiras e a pior é a que se quer fazer por normalidade.

Apenas uma nota: a jornalista-entrevistadora desse tal país disse que se vê como “testemunha da transição da vida para a morte”, mas chorou e também disse que tem “muita porcaria no coração”. Deve ter!

2 comentários:

José Batista da Ascenção disse...

Sim, Professora Helena

Na atualidade, já não sabemos se

evoluímos ou se regredimos.

Chegámos agui. E agora, nós, refiro-me

particularmente aos (mais)

pobres, os que o éramos, e sempre fomos,

e os que, rapidamente, estamos a passar

a ser, "agora vamos... obrigados".

Inapelavelmente. E paramos. E estamos

perdidos. Mas, se paramos estamos perdidos.

Porém, podíamos, ao menos, estar/seguir

acompanhados. E atentos. E colaborativos.

E combativos. E solidários. E dignos. E

alérgicos ao horror.

Podíamos.

Anónimo disse...

Mas não nos deixam, caro Professor! A barbárie repele... a Poesia! Ai das rosas! JCN

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