sexta-feira, 9 de março de 2012

Não creio nesse DEUS de António Aleixo

Não Creio nesse Deus

Não sei se és parvo se és inteligente
— Ao disfrutares vida de nababo
Louvando um Deus, do qual te dizes crente,
Que te livre das garras do diabo
E te faça feliz eternamente.


Não vês que o teu bem-estar faz d'outra gente
A dor, o sofrimento, a fome e a guerra?
E tu não queres p'ra ti o céu e a terra..
— Não te achas egoísta ou exigente?


Não creio nesse Deus que, na igreja,
Escuta, dos beatos, confissões;
Não posso crer num Deus que se maneja,
Em troca de promessas e orações,
P'ra o homem conseguir o que deseja.


Se Deus quer que vivamos irmãmente,
Quem cumpre esse dever por que receia
As iras do divino padre eterno?...
P'ra esses é o céu; porque o inferno
É p'ra quem vive a vida à custa alheia!

António Aleixo, em "Este Livro que Vos Deixo..."

3 comentários:

João de Castro Nunes disse...

A diferença que existe
entre mim e o Aleixo
é a mesma que consiste
entre uma pedra e um seixo!

JCN

Cláudia S. Tomazi disse...

Deus só precisa mover pedras maiores do que, porque as menores, eu movo-as por ele.

Será que Deus, deu-me de presente uma alavanca?
Não.
Deu-me de presente a costela de um homem.

Anónimo disse...

Calar a voz da poesia pode ser... um acto de barbárie. JCN

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