sexta-feira, 30 de março de 2012

A culpa é da universidade.

A fraude académica deve ser tão antiga quanto... os trabalhos académicos. Não quero como isto dizer que seja uma coisa natural com a qual se tem de ser complacentes. Na verdade, as Escolas, seja de que nível forem, não podem aceitá-la e muito menos alimentá-la.

No caso das Universidades, tenho observado que passam por momentos de maior tolerância à fraude a que se seguem momentos de menor tolerância. Parece-me que, felizmente, caminhamos para um momento destes.

Instituições prestigiadas, sem demonstrarem receio do impacto na opinião pública, contabilizam casos e tomam medidas correctivas; investigam e tomam medidas preventivas.

Isto a propósito duma notícia recente que, entre nós saiu no Público: Pál Schmitt, antigo campeão olímpico de esgrima doutorou-se há dez anos, em Educação Física, por uma universidade prestigiada da Hungria. Eleito Presidente desse país, vários olhos se terão direccionado para a sua vida e obra. Pelo menos um par deles viu aí uma grandessíssima nódoa: a tese que apresentou era, pelos vistos, plagiada de outros textos. Melhor: integralmente plagiada!

Reunida a entidade académica que investigou o assunto decidiu, por maioria, retirar-lhe o grau.

Mas, afirma essa entidade, nesta situação o plagiador é o menos culpado, pois a culpa máxima é da universidade que  "cometeu erros profissionais por não ter descoberto a identidade desses textos a tempo, possivelmente dando a entender ao autor que a sua dissertação preenchia os requisitos”.

Uma decisão que, na minha modesta opinião, é muitíssimo acertada. O exemplo vem de cima, são as instituições que, em primeira instância, têm obrigação de defender o valor do conhecimento e de impedir, por todos os meios, que esse valor seja vilipendiado.

11 comentários:

Armando Quintas disse...

Isso faz-me lembrar também outra coisa, queixam-se os professores que há alunos muito mal formados, no entanto são os próprios professores que lhes vão dando notas positivas nas respectivas disciplinas e que lhes permitem progressivamente fazer o curso..

José Batista da Ascenção disse...

Acontece que, entre nós, estes comportamentos

vêm dos ciclos iniciais de estudo, permanecem

no final do ensino básico, continuam pelo

ensino secundário e refinam-se em todos os

graus do ensino superior. Repare-se que, no

ensino secundário, especialmente nas escolas

recentemente intervencionadas, os professores

vêem-se à nora para conseguir fazer testes com

os alunos devidamente separados. Mesmo

recorrendo a versões, o que dá imenso

trabalho, é difícil. Os lugares, que deviam

ser individuais, são lado a lado, por vezes em

filas transversais, quase obrigando a que os

alunos copiem, nos exercícios comuns durante

as aulas e particularmente durante os testes.

Se se lembram, a arquiteta responsável da

"parque escolar" afirmava, muito convicta, em

entrevista, que a "arquitetura do espaço"

havia de melhorar a aprendizagem dos alunos...

E psiquiatras e psicólogos dedicados às coisas

da escola afirmaram durante décadas que o que

era preciso era motivar os alunos, por exemplo

recorrendo a trabalhos de grupo. O trabalho

individual, a lisura e retidão de

procedimentos é que andou durante muito tempo

afastada do discurso dos mentores do sistema

de ensino em Portugal. E agora, nesse como

noutros capítulos, certos vícios instalaram-se

como se fossem comportamentos normais e por

isso aceitáveis.

Claro quem não vê os alunos a tentarem copiar

com toda a naturalidade, pensa que comentários

como este ou são exagerados ou nem sequer são

verdadeiros.

E, contudo, a realidade é exatamente assim.

Mas, quem quer saber da realidade?

Anónimo disse...

A fraude, porque é de uma fraude que se trata, grassa em todos os níveis de ensino. Está de tal forma enquistada que muita gente já acha isso um comportamento perfeitamente normal. Começa logo no Primeiro Ciclo onde os professores desculpam os petizes porque "a cabular também se aprende". É caso para dizer que "de pequenino se torce o pepino" Escusado será que a cabular só se aprende a cabular.
No entanto não é um comportamento normal e tem pesados custos sociais. Estou a pensar naquele caso que aconteceu no CEJ há alguns meses. Aparentemente esse comportamento é usual no CEJ, como houve um caso que deu demasiado nas vistas todos os alunos foram castigados (?) com um 10 e os alunos que não participaram dessa fraude deram com a língua nos dentes.
Os custos são evidentes. Temos juízes que levaram anos a infringir as regras e depois têm de impô-las a outros. E acontecem casos como aquele processo onde alguém entrou como testemunha e foi depois condenado a pagar uma multa.
Muitas vezes os professores notam esse comportamento mas não tomam nenhuma atitude porque é uma forma de se atingirem os objetivos.
Outras vezes levaram a vida toda a cabular e depois não têm coragem de impedir os alunos de cabular. Como uma professora de Matemática recém saída da universidade que, numa visita de estudo saiu à noite com alguns alunos do Secundário e, depois de ter bebido uns copos, disse isso "ipsis verbis" a esses alunos que a acompanhavam.
Nem a universidade está livre dessa prática. Tendo entrado para a universidade já com uma certa idade encontrei lá um amigo que já andava alguns anos à minha frente. Durante uma troca de impressões com ele deu o seguinte conselho:
"Se algum dia algum professore ver que estás a cabular faz que não é contigo, simplesmente pões de lado a cábula até ele virar as costas. Se te denuncias o professor fica a saber que tu viste que ele te viu a cabular e os outros alunos também viram que ele viu e estás tramado, o professor tem de tomar uma atitude. Assim fazes que não é contigo e não acontece nada"
E mais episódios tinha eu para contar mas tornava este texto demasiado extenso.
E os custos sociais acabam por ser imensos. Quem passou a vida a infringir as regras chega à idade adulta achando isso normal.
E depois admiramo-nos de ter médicos, juízes, policias, etc. cujas normas éticas deixam a desejar.

Anónimo disse...

O entusiasmo, orgulho e apoio que a Escola Superior de Desporto de Rio Maior, do Instituto Politécnico de Santarém, suscita ao Sr. Ministro da Educação, Prof. Nuno Crato, é partilhado por sucessivos titulares do Ministério com a Tutela do Ensino Superior, nomeadamente, pela Sr.ª Prof.ª Maria da Graça Carvalho, titular da pasta do Ensino Superior nos XV e XVI Governos Constitucionais, como resulta da vibrante intervenção da mesma Senhora, no dia 24 de Maio de 2013, na inauguração das instalações da Escola Superior de Desporto de Rio Maior:

http://www.gracacarvalho.eu/xms/files/ACTIVIDADE_EM_PORTUGAL/OUTRAS_ACTIVIDADES/2013/5_24-05-2013_IP_Santarem/Speech_final_site.pdf

Enfim, é a FOLGOZA.

Anónimo disse...

Num ensino superior politécnico público que já anunciava doutoramentos, em parcerias com universidades, o panorama da habilitação dos seus docentes é elucidativo, pelo menos, segundo dados divulgados pela Direcção-Geral do Ensino Superior, “Análise de todos os Docentes em 2008 por Categoria”, INDEZ2008, reportados a 31 de Dezembro de 2008, num universo de 8.181 docentes, no ensino superior politécnico, 35 tinham habilitação ignorada e os demais a seguinte habilitação: - 49 décimo segundo ano ou menos; - 30 Curso de Especialização Tecnológica; - 111 Bacharelato; - 2.796 Licenciatura; - 73 Pós-Graduação; - 3.602 Mestrado; - 1.485 Doutoramento.

Segundo dados da mesma Direcção-Geral, o REBIDES, no ano lectivo 2011/12, no ensino superior politécnico público num universo de 10.284 docentes, 104 têm habilitação não especificada, e os demais a seguinte habilitação: - 66 Bacharelato; - 3. 390 Licenciatura; - 4.255 Mestrado; - 2. 496 Doutoramento.

Ou seja, mais de 75% dos docentes do ensino superior politécnico público nem sequer são doutorados.

Acresce que, de 31.12.2008 até ao ano lectivo 2011/12, o nº de docentes do ensino superior politécnico público aumentou cerca de 26%. Não obstante ser sabido que o n.º de alunos no ensino superior politécnico há muito que tem vindo a decrescer…

A menor qualificação académica dos docentes do ensino politécnico público - em que mais de 75% dos docentes não são doutorados – mas que auferem remunerações equivalentes às dos docentes universitários, independentemente do grau académico de que sejam titulares, ou mesmo de serem titulares de um grau académico – radica no facto de no ensino superior politécnico público não ser necessário que sejam mais qualificados academicamente para ministrarem a sua oferta educativa de Licenciaturas, Mestrados e Doutoramentos.

Ainda que alguns Mestrados – e os Doutoramentos – sejam omissos da oferta educativa divulgada no site da Direcção-Geral de Ensino Superior.

Enfim, é a FOLGOZA.

Anónimo disse...

No Distrito de Santarém coexistem 2 Institutos Politécnicos - o de Santarém e o de Tomar.

Segundo os dados divulgados pela DGES, reportados a 31/12/2009, INDEZ2009, o Instituto Politécnico de Santarém, com 318 docentes, tem mais docentes do que a Universidade da Madeira. Inversa é a qualificação académica dos copos docentes, registando o Instituto Politécnico da Santarém 57 doutorados e a Universidade da Madeira, com 222 docentes, 131 doutorados.

A remuneração auferida, em 2009, pelos funcionários (docentes e não docentes), remunerados pelo Orçamento de Estado, na Universidade da Madeira foi de 10,3 milhões de euros e no Instituto Politécnico de Santarém de 11,2 milhões de euros.

Padrão idêntico de funcionamento regista o Instituto Politécnico de Tomar que, com 248 docentes, averba 37 doutorados e em que a remuneração auferida, em 2009, pelos funcionários foi de 10,6 milhões de euros.

Em suma, no Distrito de Santarém o ensino superior politécnico público, em 31/12/2009, somava 566 docentes dos quais 94 doutorados, e dispendeu do Orçamento de Estado, no ano de 2009, com remunerações a funcionários, 21,8 milhões de euros.

Ou seja, em 2009, no Distrito de Santarém com 2 Institutos Politécnicos o Orçamento de Estado em remunerações a funcionários despendeu mais do que despenderia com DUAS Universidades equivalentes à Universidade da Madeira…

Ou, dito ainda de outro modo, quase tanto quanto os 28,4 milhões de euros gastos, em 2009, do Orçamento de Estado com remunerações a funcionários pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, que em 31/12/2009 registava 530 docentes - dos quais 350 doutorados.

O índice de (in)satisfação da procura no acesso ao ensino superior, que afere o rácio entre o número de preferências em 1ª opção e o número de vagas disponíveis, em 2000 e 2009 decaiu no Instituto Politécnico da Santarém de 0,82 para 0,46, e no Instituto Politécnico de Tomar de 0,92 para 0,29 (Tabela 43, página 73, “DEZ ANOS DE ENSINO SUPERIOR: 2000-2009”, DGES, Junho de 2010).

Em 2011, o resultado da 1.ª fase de candidatura ao ensino superior nos Institutos Politécnicos de Santarém e de Tomar não foi propriamente uma surpresa: 25 cursos tiveram menos de 10 alunos.

Nem mesmo que 2 cursos tenham tido 0 alunos; 1 curso, 1 aluno; 9 cursos 2 alunos…

Nem ainda que 75 por cento das vagas, nesta 1ª fase, tenham ficado por preencher no Instituto Politécnico de Tomar.

Aliás, em 2010, nesta mesma 1.ª fase, estes dois Institutos Politécnicos tiveram 4 cursos com 0 candidatos, 3 cursos com 1 candidato, 4 cursos com 2 candidatos, 3 cursos com 3 candidatos, 5 cursos com 4 candidatos, 2 cursos com 5 candidatos, 1 curso com 6 candidatos, 4 cursos com 7 candidatos e 2 cursos com 9 candidatos. O que perfaz 28 cursos (em regime diurno e pós-laboral) com menos de 10 candidatos.

Não surpreendeu pois a posição adoptada pelo Presidente do Instituto Politécnico de Tomar, Sr. Prof. Eugénio de Almeida, “…que a ligeira redução do número de alunos não coloca em causa o funcionamento da instituição, nem sequer nos deixa desconfortáveis.” (O Ribatejo, edição de 22/9/2011, artigo “Instituto Politécnico de Tomar 500 vagas ficaram por preencher”, p. 5).

Quando a oferta educativa do ensino superior politécnico público se traduz em licenciaturas, mestrados e doutoramentos, a distinção entre o ensino politécnico e o universitário radica na qualificação académica dos respectivos copos docentes, qualificação esta que necessariamente se reflecte no conhecimento produzido, transmitido e difundido pelas instituições de ensino superior a que esses corpos dão suporte, surpreende de alguma forma que o Ministro da Educação, Sr. Prof. Nuno Crato, esteja a asfixiar financeiramente Universidades públicas de referência, como as de Lisboa e de Coimbra, para manter o ensino superior politécnico público que não se qualificou academicamente, e cuja procura é cada vez mais reduzida.

Opção deste Governo. Aliás, já intuída com a inauguração, em 24/5/2013, pelo Sr. Ministro da Educação das instalações da Escola Superior de Desporto de Rio Maior.



Anónimo disse...

Qual lebre! Quiçá coelho…

Mesmo depois do impacto real da situação ter sido minimizado pelo Sr. Ministro da Educação, com a proibição da abertura de licenciaturas que tinham tido menos de 10 alunos, ainda assim é uma evidência chocante o resultado da 1.ª fase de candidaturas ao ensino superior público de 2013.

Nos Institutos Politécnicos públicos 44 % dos cursos tiveram menos de 10 alunos, e 54 cursos aluno nenhum!

Este resultado, que de surpreendente nada tem, evidencia à saciedade que entre a racionalização da rede de estabelecimentos de ensino superior público e a manutenção de um imenso desperdício de dinheiros públicos, o Governo optou pela manutenção do “status quo”, para manter um ensino superior politécnico público que não se qualificou academicamente e cuja procura é cada vez mais reduzida, ainda que esta opção asfixie (financeiramente, e não só…) as Universidades públicas de referência, como a de Lisboa, a do Porto ou de Coimbra…

Quando a oferta educativa do ensino politécnico (público) se traduz em licenciaturas, mestrados e doutoramentos, importa destrinçar as diferenças entre o ensino politécnico e o universitário.

A diferença mais evidente é a qualificação académica dos corpos docentes que necessariamente se reflecte no conhecimento produzido, transmitido e difundido pelas instituições de ensino superior a que esses corpos dão suporte.

Os corpos docentes têm a relevância que lhe é dada pelas próprias instituições de ensino superior, responsáveis pelo seu recrutamento, e pelos currículos académicos desses mesmos docentes.

Ao invés do ensino universitário, em que todos os professores na carreira docente são titulares do grau de doutor, este grau académico no ensino politécnico não é valorizado, tendo-se mesmo estipulado um período de carência de cinco anos para o acesso à categoria de professor coordenador de um doutorado. E como tal apoucamento deste grau académico não fosse bastante, ainda se privilegiou os detentores do título de especialista que, uma vez obtido este (título), logo podiam candidatar-se a esta categoria, em detrimento dos titulares do grau de doutor que a ela só se podiam candidatar depois de se terem doutorado há mais de cinco anos…

E para elucidar o Leitor veja-se: o Decreto-Lei n.º 206/2009 de 31/8 que aprovou o regime jurídico do título de especialista, previsto na Lei n.º 62/2007 de 10/9; a nova “Via Verde” criada para o ensino politécnico, por via de título de especialista, habilitação substitutiva do grau académico de doutor no acesso às categorias de professor adjunto e de professor coordenador e que releva para efeitos da composição do corpo docente das instituições.

Segundo o Artigo 7º, alíneas a) e b), do DL n.º 206/2009 de 31/8, pode requerer a prestação de provas para a obtenção deste título de especialista quem satisfaça cumulativamente as seguintes “condições”: «deter formação inicial superior e, no mínimo, 10 anos de experiência profissional no âmbito da área para que são requeridas as provas» e «deter um currículo profissional de qualidade e relevância comprovadas para o exercício da profissão na área em causa».

Impõe-se, por isso, o regozijo pelo alargamento de significados inerentes ao conceito de especialista pois tal deixou de corresponder à denominação aplicada ao indivíduo conhecedor de matéria ou domínio específico, resultante de um trabalho de investigação contínuo, com provas dadas e reconhecidas pela comunidade científica; passou a designar igualmente toda e qualquer pessoa que, provida de formação inicial numa qualquer área, desempenhe funções na mesma durante uma década e eis que todos somos, ou podemos ser, especialistas de alguma forma em alguma coisa; qual milagre da multiplicação actualizado aos dias e necessidades dos nossos tempos.

Anónimo disse...

Qual lebre! Quiçá coelho… (Continuação I)

Pois, assim, a diferença mais evidente entre o ensino politécnico e o universitário é a qualificação académica dos corpos docentes; porém, poderá não ser a única… Quando, por exemplo, se entende no ensino politécnico que a área de ciências jurídicas pertence a área de ensino predominantemente técnica, e que não tem áreas e disciplinas afins, quiçá a natureza do ensino politécnico também é diferente da natureza do ensino universitário… e, de resto, assim devia efectivamente ser, não fosse o caso de só parecer às vezes, de forma tão incompreensível quanto estas!


Num ensino superior politécnico público que já anunciava doutoramentos, em parcerias com universidades, o panorama da habilitação dos seus docentes é elucidativo, pelo menos, segundo dados divulgados pela Direcção-Geral do Ensino Superior, “Análise de todos os Docentes em 2008 por Categoria”, INDEZ2008, reportados a 31 de Dezembro de 2008, num universo de 8.181 docentes, no ensino superior politécnico, 35 tinham habilitação ignorada e os demais a seguinte habilitação: - 49 décimo segundo ano ou menos; - 30 Curso de Especialização Tecnológica; - 111 Bacharelato; - 2.796 Licenciatura; - 73 Pós-Graduação; - 3.602 Mestrado; - 1.485 Doutoramento.

Segundo os dados da mesma Direcção-Geral, o REBIDES, no ano lectivo 2011/12, no ensino superior politécnico público num universo de 10.284 docentes, 104 têm habilitação não especificada, e os demais a seguinte habilitação: - 66 Bacharelato; - 3. 390 Licenciatura; - 4.255 Mestrado; - 2. 496 Doutoramento.

Não obstante, ser sabido que o número de alunos no ensino superior politécnico público há muito que tem vindo a decrescer - como está bem patente no esmagador número de vagas por preencher na 1.ª fase de candidaturas de 2013 – bem como, que o enquadramento legal vigente é restritivo de contratações no ensino superior público, de 31.12.2008 até ao ano lectivo 2011/12, o número de docentes do ensino superior politécnico público aumentou cerca de 26%.

A menor qualificação académica dos docentes do ensino politécnico público - em que mais de 75% dos docentes nem sequer são doutorados – mas que auferem remunerações equivalentes às dos docentes universitários, independentemente do grau académico de que sejam titulares, ou mesmo de serem titulares de um grau académico – radica no facto de no ensino superior politécnico público não ser necessário maior qualificação académica para ministrarem a oferta educativa compreendida por Licenciaturas, Mestrados e Doutoramentos.

Ainda que alguns Mestrados – e os Doutoramentos – sejam omissos da oferta educativa divulgada no site da Direcção-Geral de Ensino Superior.

Anónimo disse...

Qual lebre! Quiçá coelho… (Continuação II)

Quando o actual Governo protagonizava anseios renovados por um Portugal que se afirmasse pela transparência, muito surpreendeu que a quantidade de informações disponibilizada tenha sido reduzida de forma a deixar de ser possível conhecer as habilitações académicas do corpo docente de cada um dos estabelecimentos de ensino superior públicos…

Esta saga teve o seu início no ano de 2011, com a divulgação do INDEZ 2010, do qual são conhecidas, pelo menos, três versões.

Desde logo, surpreendeu que a Direcção-Geral do Ensino Superior tenha divulgado o INDEZ 2010 em meados de Setembro de 2011, com dados referentes ao ano de 2010; no entanto, estes foram inúteis na preparação do ano lectivo 2011/2012, ano em que era esperada a implementação da racionalização da rede de estabelecimentos de ensino superior público, o novo roteiro do ensino superior a que aludia o anterior Ministro da Tutela, Sr. Prof. Mariano Gago.

E mesmo a qualidade da informação divulgada é obscurecida pelo gráfico 2, da página 6, de leitura imprecisa, que tornam a simples compreensão da escassa informação nele vertida num quebra-cabeças mais apropriado a um passatempo do que a informação oficial. E, convido o Leitor a, interpretando o gráfico 2, da página 6, do INDEZ 2010, de Setembro de 2011, dizer quais são as percentagens das distribuições das habilitações académicas (a 31/12/2010) representadas em cada uma das quatro colunas deste gráfico. Eu esforcei-me, e confesso a minha incapacidade.

Ao que acresce alguma prosa pouco assertiva e até equivoca.

Não resisto a exemplificar, página 5:

“Dos 23.658 docentes existentes, a 31/10/2010, nas Instituições de Ensino Superior Público:

- 62% pertenciam a instituições de natureza universitária e 38% a instituições de natureza politécnica;

- 48% tinham o doutoramento, 27% tinham a licenciatura, 24% tinham o mestrado e 1% tinham o 12 ou menos anos de escolaridade;”

Obviamente que as percentagens das habilitações académicas enunciadas não reflectem nem a realidade do nosso ensino universitário, nem a do ensino politécnico; mal deste País se a percentagem dos docentes doutorados nas universidades públicas portuguesas fosse de 48%... e pode-se, sem risco, decretar uma comemoração nacional para o dia em que os docentes doutorados atingirem essa percentagem no ensino politécnico público.

Anónimo disse...

Mistério resolvido ! Porque somos um país desenvolvido depois quase quarenta anos de ensino superior público democrático.
http://www.ionline.pt/artigos/portugal/crato-destaca-importancia-dos-politecnicos-no-desenvolvimento-pais
PS: O regabofe de dinheiros públicos é para continuar...

Anónimo disse...

NUANCES DA GESTÃO, A ROBÓTICA COMO SOLUÇÃO

O testemunho, na primeira pessoa, da esterilidade do solo em que se semeou uma parte significativa do ensino superior público.

http://www.omirante.pt/index.asp?idEdicao=54&id=73715&idSeccao=544&Action=noticia#.U6GnUChXhfU

Desde logo, pelo que este Sr. Professor, do ensino superior público, não refere…

Vejamos pois, o que não refere.

Não refere preparar as aulas, nem atender os alunos.

Mais, não refere ter publicações de natureza científica. Com uma já longa carreira no ensino superior, não refere a publicação de nem 1 artigo científico…

Também, não refere a sua participação em congressos científicos, nem em conferências da mesma natureza.

Igualmente, não refere a orientação de teses, a participação em júris conferentes de grau académico, nem ser titular do grau académico de doutor.

Por outro lado, é significante que refira que fez o mestrado há 22 anos porque tinha um horário lectivo de meia dúzia de horas por semana, e assim progrediu na carreira…

Cerca de duas décadas volvidas, a descrição que faz da actividade docente é assaz cruel, horário lectivo por volta das 14 horas semanais, reuniões, elaboração e correção de testes e a investigação.

Mas, não referindo ter publicado uma linha científica, ter participado numa conferência científica ou num congresso, o que investiga então este Sr. Professor? E, qual a relevância dessa sua investigação para o conhecimento científico, onde são absolutamente irrelevantes investigações desconhecidas…

Entre o que refere, e o que não refere, estará a explicação porque trabalhava mais na actividade privada…

Ainda que, eventualmente, então auferisse um salário mais elevado na actividade privada, por 10 horas de trabalho diário, por demostrar está que ganhasse mais na actividade privada.

Será que a actividade privada remunerava um licenciado pela docência no ensino superior, a meio tempo, de forma tão generosa como certamente o ensino superior público o remunerou.

Aliás, é notável - com o currículo académico que refere - que tenha uma carreira no ensino superior público, onde aufere remuneração equivalente à de professor universitário, sem sequer ter obtido o Doutoramento, grau académico habilitante do ingresso na carreira docente universitária.

Acresce, perfilhar que o ensino superior (politécnico) não carece de professores doutorados, ou seja, dos mais habilitados academicamente. Ao que diz, ser uma “prevalência” do tempo de “António Guterres como primeiro-ministro”. À qual, defendendo a bondade das contratações de não doutorados, enquanto esteve no Conselho Directivo de uma Escola de Ensino Superior, não terá dado grande acolhimento. Tal o desconchavo, que confessa a reserva da disciplina de fiscalidade para inspetores de finanças…

O que não deixando de ser extraordinário, segue a orientação do Governo, em funções, que já na recta final do seu mandato, continua a tratar o ensino superior público, como se o mesmo qualitativamente fosse todo igual…

Embora, na campanha eleitoral o Sr. Dr. Passos Coelho tenha prometido cortar nas gorduras do Estado, alcançada a chefia do executivo prontamente esqueceu a tão necessária reforma do Estado, avançando para cortes indiscriminados, sem cuidar se corta músculo, osso, ou mesmo órgão vital.

Assim, não racionalizando a rede de estabelecimentos de ensino superior público, cortou as verbas às universidades públicas de referência, como a Universidade de Lisboa, a do Porto ou de Coimbra.

Mas, como compreender que a opção deste Governo tenha sido a de asfixiar as universidades públicas de referência, e de não racionalização da rede de estabelecimentos de ensino superior público…

Nesta matéria, quem viu claro foi o Sr. Reitor da Universidade de Lisboa

http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=675024


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