terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

SIMPLES BOATO OU NÃO?

A curiosidade se apascenta de notícias, e o mundo é um teatro de novidades (Marquês de Maricá, 1773-1848).

A Net transformou a actual aldeia global num teatro de novidades com uma plateia avaliada em sete mil milhões de almas. Reza assim uma das últimas notícias que nela circula, e que se cita parcialmente:

"Os políticos iam diminuir os vencimentos deles em 15%, não iam?

Pois iam, para inglês ver. Mas agora, no Orçamento, aumentaram-se em 20% nas despesas de representação e assim compensam aquele "sacrifício". Um truque tão antigo que é um escândalo. Mas passa sempre, porque as pessoas não se dão ao cuidado de pedir contas.”

É invocado como fonte um estudo que o economista Eugénio Rosa fez em 20 de Outubro passado ao Orçamento de Estado para 2011:


Das duas uma, ou é verdade ou não passa de um simples boato. Caso não passe de boato que atinge o bom nome do país cumpre a quem de direito dar a conhecer aos portugueses a verdade dos factos. Se for verdade, cumpre a essas mesmas entidades apresentar uma razão justificativa (?). Ninguém melhor para o fazer que os governantes sempre responsáveis perante o tribunal da opinião pública.

Goebbels, ministro da propaganda de Hitler, afirmou que “uma mentira mil vezes repetida transforma-se numa verdade”. E um boato mil vezes repetido, sem ser desmentido, não se poderá transformar, também ele, numa verdade?

A ser verdade, será uma perigosa verdade a impor um banho moral, tão bem descrito pela pena de Eça em páginas de “Os Maias”:

“Estou como tu dizias aqui há tempos: ‘ Caiu-me a alma a uma latrina, preciso um banho por dentro!’
Ega murmurou melancolicamente:
- Essa necessidade de banhos morais está-se tornando com efeito tão frequente!... Devia haver na cidade um estabelecimento para eles”.

Venha a água e o sabão para o banho moral...

1 comentário:

Anónimo disse...

BANHOS MORAIS

Se ao tempo de Eça devia
existir nesta nação
uma casa destinada
a banhos de alma, por dentro,
ou seja, banhos morais,
que diremos hoje em dia
perante a transformação,
quer nas bordas quer no centro,
do país numa latrina
quase generalizada,
talvez uma em cada esquina,
de políticos... venais?!

JCN

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