Países nórdicos não chumbam. É possível reter um aluno, mas acontece muito raramente. Na Finlândia, Suécia, Noruega e Dinamarca, a retenção atinge 1%. Quando acontece deve-se habitualmente a ausências prolongadas por doença, por exemplo. Em vez de chumbar, os alunos com mais dificuldade têm apoio extra.
França recordista de chumbos. No países da OCDE com mais repetência, 25% dos alunos de 15 anos já chumbaram pelo menos uma vez no 3.º Ciclo. Seguem-se Luxemburgo, Espanha e Portugal.
Medida ineficaz. Vários estudos demonstram a ineficácia dos chumbos. Na Finlândia, um dos países onde há menos repetência, só 1% dos alunos de 15 anos não têm competências básicas de leitura, o valor mais baixo da OCDE. Já em França em estudo de 2004 revelou que metade dos que chumbam no 1.º Ciclo abandona a escola sem nenhuma qualificação ou só com o básico concluído. A OCDE recomenda, por isso, aos países que reduzam o insucesso e adotem o exemplo nórdico.
Chumbos custam 600 milhões de euros. Não existem números oficiais, mas as contas ao custo dos chumbos, a partir da despesa anual por aluno, apontam para um gasto em Portugal de cerca de 600 milhões de euros por ano a essa questão: se os resultados não são consentâneos com as nossas expectativas, vamos focalizar a nossa atenção no que é essencial. Nesses países deu resultado.
(...)Também vai definir metas qualitativas de sucesso a atingir os alunos? O que é importante é termos os instrumentos que permitam às escolas e aos professores perceber se estão a melhorar. Temos uma monitorização externa, com os exames e as provas de aferição, e temos a repetência, que é a fórmula aplicada sobretudo nos países do Sul da Europa e que não tem contribuído para a qualidade dos sistema. As crianças repetem o ano e essa repetição quase nunca é benéfica em termos de evolução da aprendizagem.
Qual é a alternativa? O que todos os países do Norte da Europa fazem. Se disser a um inglês que o seu filho passou, ele nem percebe do que está a falar. A alternativa é ter outras formas de apoio, que devem ser potencializadas para ajudar os que têm um ritmo diferenciado. E nós já temos muitas: temos aulas de apoio aos alunos, estudo acompanhado, projectos especiais com mais professores e técnicos.
Pondera então alterar as regras de avaliação durante o seu mandato? Pondero. Mas ainda não chegámos a um consenso. Deve haver uma audição dos parceiros, das escolas e dos docentes para encontrar uma alternativa em que aspessoas se reconheçam.E está disposta a lançar esse debate para acabar com os chumbos? Sem dúvida. As reformas impostas, concebidas por um grupo de pessoas que propõem uma alternativa radical e em que as pessoas não se revêem, não são compreendidas.
Muitos dificilmente concordarão com o fim da retenção. Por uma questão de tradição. Porque é muito difícil que as pessoas mudarem e acreditarem que há uma alternativa muito diferente e melhor. Quem esteve noutros países apercebe-se facilmente do que estou a dizer. Mas quem conheceu sempre um modelo só vê essa alternativa. Nos últimos 30 anos, houve uma alteração radical da educação e na frequência da escola. Uma educação que não se transforma não está a melhorar. Mas às vezes as pessoas agarram-se a uma ideia romântica, de que o que havia antes continua a servir bem.
sábado, 31 de julho de 2010
(Próximas) medidas para a avaliação da aprendizagem
Isabel Leiria jornalista do Expresso, entrevistou a senhora Ministra da Educação. O texto saiu hoje no Primeiro Caderno deste semanário (página 16). Sobre a avaliação das aprendizagem ficou registado o que se segue:
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3 comentários:
Há vários anos que quase todas as medidas educativas tomadas pelos governos são erradas e pioram o que já não estava bem. Já houve vários momentos em que se dizia "Batemos no fundo, pior não pode ficar", mas meses depois o ME inventava um disparate ainda pior.
Mas talvez seja desta: se as retenções acabarem é muito provável que se bata mesmo no fundo.
Quem sairá a ganhar serão os proprietários de escolas privadas, pois muitos alunos fugirão das escolas públicas. Infelizmente, nem todos os portugueses têm dinheiro para pôr os filhos em escolas privadas. Por isso, este facilitismo prejudica principalmente os mais desfavorecidos e contribuirá para aumentar as desigualdades sociais.
O último parágrafo é o resumo perfeito da cassete que temos ouvido nos últimos anos... e os restantes são o nosso triste Festival da Canção.
os soviéticos tb quiseram exportar a revolução, e deu no que deu.
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