sexta-feira, 7 de agosto de 2009

"IRRELIGION"


O livro "Irreligion" (publicado pela Hill and Wang) conheceu edição original em hardback no ano passado, mas saiu agora uma edição mais barata em paperback (mais barata, depende, porque na espantosa livraria Strand, na Broadway, em Nova Iorque, encontram-se hardbacks mais baratos do que os paperbacks actuais com os mesmos títulos).

O autor é o matemático John Allen Paulos, autor de vários títulos de divulgação da matemática publicados em português. Se o título e a imagem da capa, com um enorme Zero no lugar que devia ser de Deus, não forem elucidativos sobre o conteúdo, o subtítulo explica-o: "A Mathematician explains why the arguments for God just don' add up". Em 12 capítulos o autor refuta os 12 argumentos que são mais frequentemente invocados para a existência de Deus. E isto num estilo ligeiro e sem usar nenhuma fórmula matemática, como poderia ser de recear de um professor de Matemática.

O livro alinha na estante dos livros do recente movimento do "Novo Ateísmo", do qual são expoentes maiores Richard Dawkins, Daniel Dennett, Sam Harris e Christopher Hitchens, e que considera haver um antagonismo fundamental entre ciência e religião (ver aqui uma crítica do livro saída, em tempo, no New York Times, onde se apontam algumas das fragilidades de Paulos). Tal como os autores do livro "Unscientific American", de que falei há pouco aqui, conto-me entre as pessoas que julga ser exagerada e até contraprudecente para a ciência tomar essa posição extrema em relação à religião. Prefiro a posição moderada de Stephen Jay Gould sobre os "dois magistérios" ou a posição de Sagan que, apesar de agnóstico, considerava poder haver nalguns aspectos uma aliança entre a ciência e a religião.

Facto é que existem numerosos cientistas crentes hoje, tal como existiram no passado. O exemplo recente mais famoso é talvez o do biólogo norte-americano Francis Collins, nomeado há pouco pelo Presidente Obama para director da National Health Foundation (provavelmente foi uma atitude inteligente, dada a necessidade de mudança da política científica a respeito das células estaminais e a oposição de muitos a essa mudança por preconceitos de natureza religiosa). Um artigo de opinião de Sam Harris no New York Times que levanta algumas dúvidas sobre essa nomeação procura avivar uma polémica que, na minha opinião, pode não ser, nesta altura, nem oportuna nem sequer, nesta ou noutra altura, necessária.

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