sexta-feira, 8 de agosto de 2008

A gestão vai à escola


Este é o título de um artigo da jornalista Joana Madeira Pereira publicado na revista "Exame" de Agosto de 2008. Obedecendo ao subtítulo "Recorrendo a analogias com outras áreas do saber, a gestão tem sabido produzir com arte o seu próprio conhecimento", trata da influência de várias disciplinas científicas na gestão. Eis dois curtos excertos, um relativo à física e outro à matemática:

"Física - Executivos elásticos

Prova de lideranças fortes, a resiliência sempre foi muito adnmirada nos gestores. Importado da Física, o termo tem a sua origem na forma do verbo latino resilire, que significa "saltar de novo", e passou a ser usado no início do século XIX, quando o inglês Thomas Young começou a estudar a resposta elástica dos materiais a deformações [sic, deve ser forças deformadoras]. Fácil de comprovar, a teoria explica que, quando sujeita a uma força relativamente pequena, um material elástico deforma-se sendo que esta deformação é tanto maior quanto mais força se aplicar sobre ele. Carlos Fiolhais, professor catedrático na Universidade de Coimbra, explica que "a mola ou material acumulam energia se estiverem sujeito a uma força de tensão e restituem essa energia quando a força exterior deixa de ser aplicada. Por isso, um material é tanto mais resiliente quanto mais energia puder acumular". O termo, usado por outras áreas como psicologia, está relacionado na gestão com "a capacidade que um gestor tem de suportar um stresse (que se relaciona com o ambiente profissional desfavorável, a frustração, por exemplo), voltando depois ao normal."(...)

Matemática - Dilemas estratégicos

Do campo de batalha para a gestão. Foi este o percurso feito pelos métodos de previsão que são, hoje, uma das principais ferramentas dos gestores. Estes procedimentos modernos, que assentam nas probabilidades e na estatística, surgiram durante a Segunda Guerra Mundial, numa altura em que as nações beligerantes procuravam prever os movimentos dos aviões inimigos e as áreas do bombardeamento. O norte-americano Robert Wiener [sic, é Norbert] e o russo Andrei Kolmogorov desenvolveram métodos semelhantes que, no pós-guerra, decidiram trabalhar em conjunto e aplicar a áreas mais vastas. Na mesma altura, conta Nuno Crato, presidente da Sociedade Portuguesa de Matemática e professor no Instituto Superior de Economia e Gestão, "começam a aparecer os primeiros sistemas de gestão de stocks. É verdade que são ainda muito empíricos, mas acabam por receber fundamento matemático da mesma teoria de Wiener e Kolmogorov que, a partir dos anos 70, passa a ter grande aplicação na gestão." (...)"

1 comentário:

alf disse...

Bem, a mim o que me espanta é mais o contrário disto; pois naturalmente que os conhecimentos de física ou matemática têm de permear todas as áreas de actividade humana. Que o façam em escala tão reduzida é que é anómalo, absurdo.

Isto é um problema sério e resulta de o ensino da física ou da matemática ser profundamente desligado das realidades práticas.

Na minha vida profissional sistematicamente recorri aos meus conhecimentos de uma coisa e doutra para resolver problemas doutras áreas; mas verifiquei que era o único que o fazia, às outras pessoas não ocorria que uma derivada ou um integral fosse qualquer coisa que tivesse a ver com a «realidade».

E isto não acontece por acaso, mas por culpa de um método de ensino, especialmente na matemática, que insiste em ensinar esta como se se tratasse de algo produzido por extraterrestres, sem nenhuma ligação à vida prática.

(além de que, funcionando a nossa memória em grande parte por processos associativos, a matemática assim ensinada torna-se tão impossível de ser aprendida por muita gente como a mim é impossível aprender um trecho musical)

CARTA A UM JOVEM DECENTE

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