Vale a pena ler a recensão de Marc Kaufman à biografia de Giordano Bruno, a publicar este mês, da autoria de Ingrid D. Rowland, com o título Giordano Bruno: Philosopher & Heretic (Farrar Straus Giroux).
Bruno foi condenado por heresia pela Inquisição, tendo sido queimado vivo. Crime? Ideias, em parte inspiradas pelos atomistas gregos, que nunca foram queimados vivos por elas. Que ideias? Que o universo é infinito no espaço e no tempo, que há outros planetas que poderão ter vida como na Terra, que Deus é imanente ao próprio universo. Eram estas ideias assim tão perigosas? Não, a questão era meramente política: a Igreja Católica queria afirmar o seu controlo sobre a sociedade. Bruno não era menos honestamente crente do que as bestas que o condenaram, e era muito provavelmente mais.
Entre outras razões, o caso de Bruno é interessante por causa do paralelo com o debate actual sobre o criacionismo. Não acredito que os criacionistas estão realmente interessados em ideias; penso que fazem do criacionismo um cavalo de Tróia político, apenas, como a Igreja Católica fez com Bruno. E é particularmente risível que o Steven Fuller, um sociólogo que dá tanta atenção às relações de poder na ciência, não veja isso no caso do criacionismo. O que mostra que quando Fuller dá atenção às relações de poder na ciência também não está genuinamente interessado em estudar as relações de poder nas instituições científicas, mas apenas em denegrir a ciência.
terça-feira, 12 de agosto de 2008
Os calores de Bruno
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