“Porque haveremos de permitir
que os nossos inimigos tenham ideias?” (Josef Stalin).
Durante anos vivi, até aos
dias de hoje, “no doce e ledo engano” de
a docência ser uma profissão com a dignidade de outras em que para ser médico é
necessário o curso de Medicina e para ser advogado o curso de Direito, e por aí adiante!
Como me poderia eu, portanto, atrever-me em ficar calado perante um panorama
aberrante em que para dar aulas quanto
bastava qualquer exigência académica como o acontecido
depois de 25 de Abril. Assim, por
exemplo, indivíduos que ainda estavam a estudar para profissões exigentes vendiam aulas para ganharem umas massas
que não criavam calos como as profissões manuais.
Para os leitores,
possivelmente, de memória curta, recordo que chegou a haver “professores” a
darem aulas a alunos de formação académica superior chegando esses ditos, com
impropriedade, professores, que professavam essa doutrina, em abuso e benefício próprios, no primeiro
dia de aulas de apresentação a advertir os alunos (não é anedota, embora satisfaça todas as
condições em sê-la por dar aso a gargalhadas!) perguntem-me tudo desde que não seja
conteúdo de exigências programáticas!
E o que dizer de alunos que
para entrarem no ensino superior tinham que penar 12 anos de estudos
anteriores vendo, por outro lado, colegas que através das Novas Oportunidades a
ele tiveram acesso escandalosamente facilitado, a exemplo de Relvas, que em que nada se comparam às provas de acesso anteriores
de grande exigência a satisfazer por autodidactas que não eram, como alguns que assim hoje se intitulam ignorantes por conta própria!
É esta a palhaçada que o
próprio ministério da Educação promoveu quando, em tempos idos, para dar aulas no 1.º ciclo do básico era
exigido o sério diploma das antigas Escolas do Magistério Primário e nos outros
ciclos do básico e secundário era necessária uma licenciatura universitária que
passou a ser substituída por simples
cursos que não valem dez reis de mel coado. Ou seja, quanto menos preparado
academicamente o docente estiver melhor o ensino
por ele ministrado estando, como tal, o ensino na razão inversa da “sapiência”
dos docentes.
Por outro lado, alguns docentes deixaram de ensinar para assumirem o papel de sindicalistas a
tempo inteiro que, com grande agressividade subiram na vida até atingirem o 10.º
escalão da carreira docente onde se quedam até começarem a trabalhar nos seus hobbies ou a viajar que sempre foi esse o seu sonho
Sempre que abordo estas questões, ocorre-me à memória a história
daquela velhinha que ao assistir a uma
parada militar, grita orgulhosa para a
multidão: “Todos levam o passo trocado, só o meu filho Zé leva o passo certo! Julgo ser eu hoje
um Zé que, pelo contrário, se recusa a
marchar com o passo “certo” de oportunistas.
Não, não sou eu esse Zé que depois de 40 nos de serviço docente acumulado com
três anos de oficial miliciano do Exército, julga levar o passo certo. Essa personagem que
sou eu não quere ser, parafraseando Charles
Chaplin, apenas palhaço, o que já me
colocava em nível bem mais elevado que o de qualquer político!
Valha-me, ao menos a promessa solene de não voltar a perder o meu
tempo e o meu entusiasmo em lutar, qual Sancho Pança, contra interesses sindicais instalados, que se intitulam capazes de
acumular os papeis sindicais e de uma
Ordem dos Professores
Lutei, com toda a força, aposentado que estou depois 40 anos de docência
em acumulo com três anos de oficial miliciano do Exército, a exemplo de
antigos combatentes do Ultramar em
defesa e um ideal, muitos deles tendo posto em risco a vida em defesa de uma
pátria madrasta, em que desfilam orgulhosos
com o andar trôpego por articulações enferrujadas e, por vezes, estropiados com
as fardas coçadas em “guerras e perigos esforçados” em paradas militares como
as de 1.º de Dezembro dia Comemorativo da Restauração.
Disse Churchill, durante a 2.ª
Guerra Mundial, em homenagem aos seus combatentes: “Nunca tantos deveram tanto
a tão poucos!” Em contrapartida, em terra lusitana, nunca tantos deram tão pouco
aos seus soldados da Campanha do Ultramar. E mesmo assim regateando esse pouco!
Reporto-me, agora, à luta
inglória pela criação de uma Ordem dos Professores acompanhado pelo colega
Carlos Sarmento, vencido mas não convencido, cumprindo a promessa de uma retirada sem honra nem glória.
Mas uma certeza levo comigo: promessa dada é para ser cumprida! Assim como cumpri a promessa de me bater pela criação de uma Ordem dos Professores, resta-me cumprir a promessa de dela me retirar sem ser em debandada. Apenas como opção devidamente meditada e saudosa!
2 comentários:
Na atitude ética que neste texto afirma, há mais quem a assuma em circunstâncias similares.
Aqueles, poucos, mesmo muito poucos, que assim se conduziram, e conduzem, são chamados de «anjinhos»: as mordomias, os luxos, as contas bancárias foram-lhes sempre mingadas!
Mas, direitos, aprumados, ainda que derreados pela doença e, ou, pela idade avançada, olham sempre, sempre, nos olhos todos aqueles com quem se cruzam!
Cordiais cumprimentos
Luís Henrique Fernandes
O grave da questão é haver muitas e variadas éticas a exemplo dos frequentadores de restaurantes que dela se servem conforme as suas papilas gustativas...
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