terça-feira, 7 de abril de 2020

O conhecimento visto por Rafael

Convido os leitores do De Rerum Natura a ler o excelente texto que o professor António Duarte publicou no seu blogue "Escola Portuguesa" com o título que se pode ver abaixo e que pode ser encontrado aqui. Permito-me mudar o título...


2 comentários:

Carlos Ricardo Soares disse...

Convidaria um grupo constituído por cientistas de todas as áreas, filósofos, historiadores, pintores, arquitectos, teólogos de todas as religiões, professores de todos os níveis de ensino, políticos de todos os partidos, militares de todas as armas, críticos de arte, de todas as artes, economistas, fotógrafos, poetas, navegadores, cantores, anacoretas, jardineiros, feiticeiros, romancistas, cronistas, psicólogos, pedagogos, banqueiros, capitalistas, arrivistas, astrólogos, malabaristas, agricultores, operários fabris, alfaiates, trolhas e pedreiros, santos, sábios, altezas, vedetas, adivinhos, adultos, crianças, polícias e advogados, juízes, médicos e coveiros...
Para comentarem este quadro, sob a advertência de que isso seria uma prova de avaliação feita por um júri constituído pela santíssima trindade, um Deus e três pessoas distintas, como condição de entrada no paraíso que fica à entrada do paraíso, onde se junta uma multidão de felizes cujo destino é aspirarem à felicidade. Mas, para alívio e incentivo à criatividade, os critérios de avaliação seriam muito gerais, não tão gerais que o Diabo tivesse intervenção na sua formulação, nem tão específicos que Deus recusasse a César o que é de César, nem ao ideal o que é do ideal.
Rafael, neste quadro, ultrapassa tudo o que alguma vez imaginei sobre o que seria a escola ideal, Platão apontando para o céu. Rafael, neste quadro, ultrapassa igualmente o que imaginei sobre o que é a escola que temos, Aristóteles apontando para o chão. E, em vez de deuses ou demónios, santos ou anjos, pinta, na sua escola, sábios, que sabem, que sabem fazer e que fazem. Em vez de símbolos do que deve ser feito, símbolos do que é feito.
Eu gostava de entrar numa escola como quem entra num templo, onde é omnipresente a voz dos sábios que não mandam ajoelhar, mas dos que proibem que se ajoelhe, dos que provocam a luta e a rebeldia e a crítica e a justiça, a luta entre Deus e o Diabo até que um deles morra.
Rafael estava em pleno século XV, a respirar os ares da Reforma.

Nota Dó disse...

Sábios... nem vale a pena entrar na arena... o Homem de hoje remetido à imperfeição, à incompletude, à incapacidade do saber absoluto num sentido sem sentido.
Dependuro o quadro na parede patológica da saudade, do sonho e da esperança, ao fundo do templo mitológico, lá no etéreo gasoso do céu, recolocando a invocação do suplicante num universo descontextualizado e sem hipótese de recontextualização.
Compreendo a vontade do conjunto simbólico de modelos, referências sapienciais que emergem na temporalidade do que ficou para sempre perdido... fantasmas de uma hipérbole sem significação atual, onde o chinelo se arrasta no pé, a cabeça nas nuvens e os dedos no teclado do computador, nem para baixo, nem para cima, que o nada é tudo aquilo que Deus não quis.
Já não há templos.
Não há onde ajoelhar, nem quem o proíba.
E a rebeldia da crítica e da justiça é só uma cabeça despenteada.

Depois, luta entre Deus e Diabo até que um deles morra? Simetria unitária esquerda/direita e eis o Homem. Sem Homem há Deus e Diabo? De quem é a palavra, a arte e a sapiência? Trindade não santíssima ou talvez sim.

Carlos Soares, um arquiteto de medidas incomensuráveis e sem consolação, consubstancial ao Pai.

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