domingo, 19 de janeiro de 2014

Velhas feridas

As recentes mudanças de orientação da Fundação para a Ciência e Tecnologia e, em particular, os resultados do concurso de bolsas de doutoramento e pós-doutoramento reabriram duas velhas feridas cujo contornos são bem conhecidos:
- Ciências físicas e naturais versus ciências sociais e humanas;
- Valor instrumental versus valor em si da ciência.

São feridas que uma ou outra pessoa vai tratando, mas quando parece que começam a sarar alguma coisa ou alguém as faz sangrar.

Ressalta, neste caso, a preferência por projectos da área das ciências "duras", susceptíveis de, a curto prazo, produzirem resultados aplicáveis e traduzidos numa mais-valia social, económica. Preferência que colhe, aliás, aceitação noutras instâncias que não só a FCT. Ressentidos, desapontados investigadores das ciências sociais e humanas contra-atacam, alegando o igual valor do seu trabalho, esforçando-se por demonstrar a utilidade que pode ter.

Não é este o caminho para a unidade da ciência, e a ciência só pode ser uma; não é este o caminho para a sua valorização como conhecimento, com eventuais aplicações de carácter tecnológico.

4 comentários:

Eduardo Martinho disse...

Perspectiva 1 – Dividir para reinar.
Perspectiva 2 – A ciência-tecnologia ao serviço da economia.
Perspectiva 3 – Destruir agora para “reconstruir” em momento oportuno…
http://tempoderecordar-edmartinho.blogspot.pt/2014/01/para-onde-vai-ciencia-portuguesa.html

Anónimo disse...

E neste mundo tecnológico , o mundo está melhor e os seres mais felizes do antes ? Há menos fome e pobreza ? Valeu/vale todo o investimento e em que medida? Pode a aplicação da ciência e da tecnologia continuar a usar o mundo como território ocupado? E não estaremos a pagar demasiado caro, já, esse "tecno-cientismo"?


Ivone Melo

Anónimo disse...

O mais aviltante são as mentiras grosseiras do primeiro ministro e do presidente da FCT quando dizem que o número de bolsas não diminuiu!

Depois, repudio o dividir para reinar, venha de onde vier. Veja o número de bolsas para Física e Matemática e verá que também tiveram reduções brutais.

Cláudia da Silva Tomazi disse...

Quesito.

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Por A. Galopim de Carvalho  São raros os meus familiares, amigos e colegas de trabalho que continuam a resistir à gadanha do tempo. Já quase...