Deixo um poema:
VIZINHOS
Dois choupos vivem à beira da vala.
Vejo-os pela janela. São muito altos,
Têm a mesma altura, garbo, porte e anos
E só se tocam quando o vento ulula.
Dia indolente! Os pássaros loucos
Emudeceram a luz sem escala.
As folhas amarelas, em parábola,
Giram pla estrada fora e entre troncos.
Sou o choupo vizinho da azul estrada,
A tua folhagem é o meu tapete.
Em meu redor tua vida passada.
O que entra no olho é pisado por gente,
O vento afaga a janela e não muda…
Os choupos fremem no céu eloquente.
2 comentários:
A minha solidariedade!
A vizinhança é um mal necessário. Tem essencialmente a ver com a atrofia dos espaços urbanos, o que provoca uma escanzelada estupidez de forçada proximidade.
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