O primeiro-ministro entra com um ar aprumado e decidido no amplo espaço de desporto transformado em espaço de velório. Com a expressão conveniente, pára junto da urna aberta. Enquanto isso, um funcionário, fardado até às luvas, acorre e afasta, solicita, delicada e profissionalmente, o lenço branco que cobre o rosto do falecido. O primeiro ministro ajusta a expressão ao momento, fazendo pose discreta para as televisões como se o enquadramento fosse privado. Uma câmara aproxima o plano do corpo deitado, não até ao limite do tolerável mas até ao ponto de se perceberem as feições de Eusébio.
Isto tudo, que aconteceu em breves segundos de forma tão natural que até parecia natural, já eu tinha visto antes, e por mais do que uma vez. Na verdade, sei há muito que, mesmo depois de mortos, temos de ser protagonistas nesta "sociedade do espectáculo", por isso não entendo bem porque é que ainda estranho certas nuances...
De qualquer maneira, pela pessoa que foi, Eusébio não merecia!
terça-feira, 7 de janeiro de 2014
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5 comentários:
Pois, o recato na morte, o respeito pela Pessoa, deveria evitar este triste espetaculo. Que vai esquecer dentro de dias!!!
Para haver outro qualquer espectaculo ..........que faça..... fazer mais do mesmo.
Quem deveia ser pacatamente referenciado era Eusébio e não, todo este sensacionalismo e "passagem de personagens""""!!!
É o que temos .....e o que somos!!!!!!
A mais simples explicação tautologica.
Ele há coisas que não vale a pena insistir. Por causa da ordem estupidológica das mesmas.
A pessoa que Eusébio era já não existia - havia o seu cadáver; e merecia respeito, era o corpo com que viveu, deu alegria aos portugueses e foi exemplo para muitos. Aquilo que Eusébio foi, fica para a história com um peso que o PM não terá. As bacoquices dos media com gente mediática fazem o contentamento de alguns. A vida tem destes estardalhaços.
Essas pessoas da TV são analfabetos ou subdesenvolvidos como a maioria no nosso País. É tudo.
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