sábado, 10 de agosto de 2013

"In memoriam" de Urbano Tavares Rodrigues

Não sou eu que posso evocar sua volumosa, diversificada e riquíssima obra literária. Outros o fizeram e farão.

Mas posso evocar a sua dimensão humana e a atenção que sempre deu aos problemas sociais do Alentejo. Problemas que sempre encontrei na dramaturgia e na poética do cante Alentejano.

Expressão a um tempo literária e musical da cultura popular tradicional da maior província de Portugal, esta expressão artística, iniciada no Baixo Alentejo, talvez em Serpa, admite-se que, no século XV, traduz o seu quotidiano, em toda a sua extensão sentimental, as mais das vezes, nostálgica.

No tempo em que fui rapaz, em Évora, eram muitos os trabalhadores que, ao sábado, ganha a magra féria, vinham à Porta Nova fazer os avios para a semana. Com séculos de história e a mesma tipologia sócio-económica desde finais da Idade Média, a Porta Nova sempre foi uma plataforma apta a responder aos citadinos e aos vindos dos campos em redor, ou de “fora-de-portas”, como se dizia. 

Procurando esquecer, por momentos, a “porca da vida”, muitos deles prolongavam a estadia na cidade, serão adentro, comendo, bebendo e cantando em coro à volta de uma mesa repleta de copos de vinho, uns cheios, uns meios, outros vazios.

Ouvi-os, durante os anos da minha estadia na cidade, e em muitos dos versos que cantavam estava a mesma luta dos explorados e oprimidos que podemos reconhecer na bela escrita deste grande português que ontem nos disse adeus.

A. Galopim de Carvalho

1 comentário:

Cláudia da Silva Tomazi disse...

Modesta homenagem ao poeta Urbano Tavares Rodrigues






Licença



Em velado sois sabedoria
teu amor era apogeu
quis o destino por ironia,
tê-lo poeta de canto meu.

Vossa virtude que sant'alma
o simples amor, vibra rigor
que doçura?! Alenta e calma!
Quis o Alentejo e o crê vigor.

Terra fértil e alvissareira,
lágrima gentil que foi, eis vão
na saudade descansai a feira,

a vossa mortalha e o vosso canto
que Portugal é lira e manto,
virginal poesia de coração.

A LIBERDADE COMO CONSTRUÇÃO HUMANA E FINALIDADE ÚLTIMA DA EDUCAÇÃO

"O Homem é incapaz de gerir a sua liberdade por natureza.  É preciso educar-se a si mesmo.  Disciplinar-se, instruir-se e finalmente, ...