quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Tiro no pé



Acabar com a promoção da ciência é dar um tiro no pé (artigo de opinião de David Marçal no jornal Público de hoje).

A Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) é a entidade que em Portugal tem por missão gerir a maior parte dos fundos públicos destinados à investigação científica. Os problemas não são raros, mas este ano a polémica à volta do concurso de bolsas de doutoramento e pós-doutoramento tem sido particularmente abundante. A começar pelo começo, porque nunca mais começava, e quando começou foi com o pé errado, porque os critérios de acesso às bolsas tinham sido alterados, de modo que muitos investigadores ficavam excluídos e teriam que ficar à espera quase um ano pela abertura de um novo concurso (sem subsídio de desemprego ou qualquer tipo de protecção social, porque fica mal a um cientista preocupar-se com coisas tão mundanas como a prestação da casa ou as despesas de educação dos filhos). Felizmente a FCT acabou por recuar nessa questão (ou como agora se diz, “esclareceu”).

Como se não bastassem estas trapalhadas, aconteceu outra que tem passado bem mais despercebida. O governo acabou com uma área científica. Sem nenhum pré-aviso, desapareceu uma área designada por Promoção e Administração da Ciência e Tecnologia (PACT). Esta área tem, nos últimos anos e através dos seus bolseiros, contribuído significativamente para criar alguma massa crítica de divulgadores de ciência em Portugal, assim como permitir a produção de conhecimento e investigação sobre esse tema. Há actualmente vários mestrados (em Évora, Lisboa e Aveiro) e programas de doutoramento (em Aveiro, Coimbra e Lisboa) em comunicação e divulgação de ciência. Há portugueses que participam em congressos internacionais e publicam os seus trabalhos em revistas científicas internacionais. Recentemente o congresso de comunicação de ciência SciCom PT 2013 reuniu no Pavilhão do Conhecimento, em Lisboa, cerca de 200 investigadores e comunicadores de ciência portugueses.

Esta área tem conhecido progressos extraordinários na última década, para os quais os bolseiros PACT têm contribuído de forma muito relevante. A extinção destas bolsas é um sério recuo e põe em causa a continuidade do desenvolvimento da comunicação de ciência em Portugal, que cada vez é mais valorizada pelas agências de financiamento internacionais e pelas instituições europeias. Isto porque os dias de fazer investigação científica sem explicar às pessoas o que se está a fazer com o dinheiro delas e a importância da ciência, estão contados.

Manter as bolsas PACT não implica um aumento de despesa, apenas uma maior diversidade de áreas em que são atribuídas as bolsas. Aliás, estas bolsas nunca foram muitas. Numa situação de grande contenção orçamental, acabar com a promoção da ciência e tecnologia é dar um tiro no pé. Para defender o investimento na ciência (sem a qual não há futuro que interesse) é preciso que os contribuintes compreendam a sua importância.

David Marçal

16 comentários:

São Canhões? Sabem mesmo a manteiga... disse...

Há actualmente vários mestrados (alguns bastante ranhosos em Évora, Lisboa e mais ou menos se não se for muito exigente em Aveiro) e programas de doutoramento (em Aveiro, Coimbra e Lisboa) em comunicação e divulgação de ciência....que estranhamente são tão alheados da realidade como as famosas conferências de democratização da ciência ou ciência para a escumalha dos anos 90....do século xx...

Anónimo disse...

Nota geral: A FCT propõe-se acabar, em breve, com quase todas as bolsas de doutoramento e pós-doutoramento. É geral! Razão, segundo a FCT: programas doutorais e projectos. Se existem programas doutorais financiados, existem bolsas de doutoramento; se existem projectos de investigação, existem bolsas de pós-doc. Se não existem, não existem. Acordem!


Falsidades:

1) "critérios de acesso às bolsas tinham sido alterados, de modo que muitos investigadores ficavam excluídos e teriam que ficar à espera quase um ano pela abertura de um novo concurso"

Na prática esses investigadores vão ter que ficar mais um ano à espera pela abertura do novo concurso, pois tanto a estrutura do concurso, como a baixa percentagem de sucesso (este ano deve cair para os 10%), quem não tem o título à data do concurso só por milagre terá bolsa. Depois, esta situação tem uma coisa curiosa - como não existe título, não existe nota final para o mesmo. O que fazem os candidatos? Inventam a nota.

2) "O governo acabou com uma área científica"

A decisão não será do governo mas da FCT. Em segundo lugar, no presente concurso acabou com diversas áreas (ou melhor, sub-áreas). História da Ciência é um exemplo. Porém, também abriu muitas outras, igualmente com mestrados, igualmente com programas doutorais. Nunca vi aqui nenhum escândalo por isso. Só se lembraram quando lhes tocou.

3) "A extinção destas bolsas é um sério recuo e põe em causa a continuidade do desenvolvimento da comunicação de ciência em Portugal, que cada vez é mais valorizada pelas agências de financiamento internacionais e pelas instituições europeias"

As agências de financiamento estão preocupadas com as bolsas de doutoramento e pós-doutoramento em Portugal para a área da comunicação da ciência? - é que nem dormem a pensar nisso. As instituições europeias tão-pouco. Quanto ao mais, existe a ciência viva, projectos, programas doutorais e ainda a obrigação, em cada projecto, de que área for, fazer divulgação científica. Parece-lhes pouco? É mais do que em qualquer outra.

4)"estas bolsas nunca foram muitas."

Pois não. Mas foram mais do que em várias áreas científicas. E se a FCT abriu - e bem - áreas novas, algumas tinham que fechar.


Em resumo, as pessoas deste blog estão iradas apenas porque a situação lhe tocou directamente. Enquanto tocava a outros, estava tudo bem. A FCT fez muito bem; os seus recursos devem ser dirigidos para a produção de ciência...só assim poderá haver divulgação, não será?

Cláudia da Silva Tomazi disse...

Faz tempo que ninguém fizera destas confusões: Póvoa com pólvora.

Anónimo disse...

Ainda bem que este blog , do qual andei afastada uns tempos, toque ( e bem) agora a rebate pela Ciência, porque andou bem enamorado das políticas governamentais até há bem pouco tempo.


Ivone Melo

tempus fugit à pressa disse...

mas ó anónimo revoltado e indignado profissionalmente e com justa causa

quando a situação não nos afecta directamente obviamente lixamo-nos para os restantes
é assim desde a carta constitucional e desde os graffitis de foz côa ou foscôa ou foscoa

ninguém se interessa que a subida do preço do trigo tenha levado à morte de milhares de egípcios em motins desde 2006......

comessem brioche né...

esta semana morreram mais de 200 nas fronteiras do congo com o império centro-africano
e quem deu por isso....

do mesmo modo ninguém se importou em requalificar os 7000 professores do básico e do 2ºciclo que vão ficar agora no desemprego

nem acabaram com a pletora de cursos de educação mesmo quando já quase não havia candidatos em 2002-2005 e era certo e seguro que na sua maioria iam passar anos em empregos precários como os formados nos anos 90 e muitos até nos anos 80....

basta ver as listas de candidatos cuja média de idades dos contratados ultrapassa os 40 anos....no 1º e 2º quartil pelo menos

ou seja 50% têm mais de 40 e 48% têm mais de 30....

nalguns cursos a média anda nos 42,7 noutros nos 37,29...é só fazer as contas

Anónimo disse...

Num ensino superior politécnico público que já anunciava doutoramentos, em parcerias com universidades, o panorama da habilitação dos seus docentes é elucidativo, pelo menos, segundo dados divulgados pela Direcção-Geral do Ensino Superior, “Análise de todos os Docentes em 2008 por Categoria”, INDEZ2008, reportados a 31 de Dezembro de 2008, num universo de 8.181 docentes, no ensino superior politécnico, 35 tinham habilitação ignorada e os demais a seguinte habilitação: - 49 décimo segundo ano ou menos; - 30 Curso de Especialização Tecnológica; - 111 Bacharelato; - 2.796 Licenciatura; - 73 Pós-Graduação; - 3.602 Mestrado; - 1.485 Doutoramento.

Segundo dados da mesma Direcção-Geral, o REBIDES, no ano lectivo 2011/12, no ensino superior politécnico público num universo de 10.284 docentes, 104 têm habilitação não especificada, e os demais a seguinte habilitação: - 66 Bacharelato; - 3. 390 Licenciatura; - 4.255 Mestrado; - 2. 496 Doutoramento.

Ou seja, mais de 75% dos docentes do ensino superior politécnico público nem sequer são doutorados.

Acresce que, de 31.12.2008 até ao ano lectivo 2011/12, o nº de docentes do ensino superior politécnico público aumentou cerca de 26%. Não obstante, ser sabido que o n.º de alunos no ensino superior politécnico há muito que tem vindo a decrescer…

A menor qualificação académica dos docentes do ensino politécnico público - em que mais de 75% dos docentes não são doutorados – mas que auferem remunerações equivalentes às dos docentes universitários, independentemente do grau académico de que sejam titulares, ou mesmo de serem titulares de um grau académico – radica no facto de no ensino superior politécnico público não ser necessário que sejam mais qualificados academicamente para ministrarem a sua oferta educativa de Licenciaturas, Mestrados e Doutoramentos.

Ainda que alguns Mestrados – e os Doutoramentos – sejam omissos da oferta educativa divulgada no site da Direcção-Geral de Ensino Superior.

Enfim, é a FOLGOZA.

Anónimo disse...

No ano lectivo 2007/2008, com pré-inscrições one-line até 3 de Setembro e candidaturas de 4 a 14 de Setembro de 2007, a Escola Superior de Gestão de Santarém anunciou um Mestrado em Gestão, usando o seu símbolo e o da Universidade de Évora; o Sr. Prof. Carlos Zorrinho, então Coordenador da Estratégia de Lisboa e do Plano Tecnológico, foi o convidado de honra na abertura do que então era noticiado* como o Mestrado em Gestão na ESGS em parceria com a Universidade de Évora; em Janeiro de 2008** a polémica instalou-se: para o Sr. Presidente do Conselho Directivo da Escola Superior de Gestão de Santarém, o Mestrado que decorria na ESGS era um Mestrado em parceria com a Universidade de Évora, já para a Sr.ª Prof.ª Marta Silvério da Universidade de Évora tratava-se de um curso de pós-graduação não conferente de grau…

Nos anos subsequentes, o Mestrado em Gestão em parceria com a Universidade de Évora constou da oferta educativa do Instituto Politécnico de Santarém, sem que no site da Direcção-Geral do Ensino Superior se tenha descortinado o mesmo (Mestrado) na oferta formativa do Instituto Politécnico de Santarém.

*O Ribatejo edição de 19/10/2007.
**O Mirante edição de 25/1/2008

Anónimo disse...

Os Milagreiros!

A Escola Superior de Desporto de Rio Maior cujo custo, em 23 de Março de 2011, já ascendia a 18 milhões de euros…

Foi inaugurada pelo Sr. Ministro da Educação, Prof. Nuno Crato, em 24 Maio de 2013, com um custo anunciado de cerca 13,5 milhões de euros!

Uma tragédia, sem dúvida, para as finanças públicas, ou seja, para nós. Pena é que o ridículo não pague imposto… pelo alívio que dessa cobrança adviria para as famílias portuguesas. As mesmas que fazem as delícias do discurso político deste Governo, sempre predisposto a cortar o poder de compra, e a confundir direitos fundamentais com regalias…

http://videos.sapo.ao/Z8RBcTU8gvd36nQeTpMf
http://semanal.omirante.pt/noticia.asp?idEdicao=587&id=75308&idSeccao=8151&Action=noticia
http://www.youtube.com/watch?v=_epZTM5R1Io
http://www.oribatejo.pt/15-anos-depois-a-escola-de-desporto-de-rio-maior-chegou-a-casa-videos/

Anónimo disse...

Link referente ao post de 19 de Agosto às 11:17

http://semanal.omirante.pt/index_access.asp?idEdicao=323&id=40726&idSeccao=4680&Action=noticia

Anónimo disse...

Diz a sabedoria popular que “ o Diabo está nos pormenores…”, e eu concordo!

3 Questões a colocar ao Ministro da Educação, Sr. Prof. Nuno Crato.

1.ª Questão:

Do INDEZ 2010 há, pelo menos, três versões:

A) A versão do INDEZ2010 datada de Setembro de 2011, para a qual aliás, expressamente, remete o esclarecimento de 20 de Setembro de 2011 do Reitor da Universidade de Lisboa, Sr. Prof. Sampaio da Nóvoa, sobre os concursos desta Universidade; publicado na News n.º 23; Setembro/Outubro de 2011.

http://news.fm.ul.pt/Content.aspx?tabid=76&mid=517&cid=1629

B) A versão do INDEZ 2010 datada de Outubro de 2011.

http://www.dges.mctes.pt/NR/rdonlyres/896E77DB-6B33-4C44-A42C-72CDB3D71B8F/5817/EstudoINDEZ2010V13.pdf

C) E a versão do INDEZ 2010 datada de Fevereiro de 2012.

http://www.dges.mctes.pt/NR/rdonlyres/896E77DB-6B33-4C44-A42C-72CDB3D71B8F/5922/Relat%C3%B3rioINDEZ2010comUnidOrganicas.pdf

- Assim sendo, porque é que no site da Direcção-Geral do Ensino Superior deixou de constar a versão do INDEZ2010 datada de Setembro 2011, nele apenas constando a versão datada de Outubro de 2011, e a versão datada de Fevereiro de 2012 ?

2.ª Questão:

- Atento o enquadramento legal vigente, restritivo de contratações no ensino superior público, como explica o Sr. Ministro que, de 31.12.2008 até ao ano lectivo 2011/12, o número de docentes do ensino superior politécnico público tenha aumentado cerca de 26% ?

3.ª Questão:

- Como explica que a Direcção-Geral do Ensino Superior não divulgue nem o INDEZ 2011, nem o INDEZ 2012, que reportam dados referentes ao ensino superior público respectivos aos anos de 2011 e de 2012 ?


Anónimo disse...

Qual lebre! Quiçá coelho…

Mesmo depois do impacto real da situação ter sido minimizado pelo Sr. Ministro da Educação, com a proibição da abertura de licenciaturas que tinham tido menos de 10 alunos, ainda assim é uma evidência chocante o resultado da 1.ª fase de candidaturas ao ensino superior público de 2013.

Nos Institutos Politécnicos públicos 44 % dos cursos tiveram menos de 10 alunos, e 54 cursos aluno nenhum!

Este resultado, que de surpreendente nada tem, evidencia à saciedade que entre a racionalização da rede de estabelecimentos de ensino superior público e a manutenção de um imenso desperdício de dinheiros públicos, o Governo optou pela manutenção do “status quo”, para manter um ensino superior politécnico público que não se qualificou academicamente e cuja procura é cada vez mais reduzida, ainda que esta opção asfixie (financeiramente, e não só…) as Universidades públicas de referência, como a de Lisboa, a do Porto ou de Coimbra…

Quando a oferta educativa do ensino politécnico (público) se traduz em licenciaturas, mestrados e doutoramentos, importa destrinçar as diferenças entre o ensino politécnico e o universitário.

A diferença mais evidente é a qualificação académica dos corpos docentes que necessariamente se reflecte no conhecimento produzido, transmitido e difundido pelas instituições de ensino superior a que esses corpos dão suporte.

Os corpos docentes têm a relevância que lhe é dada pelas próprias instituições de ensino superior, responsáveis pelo seu recrutamento, e pelos currículos académicos desses mesmos docentes.

Ao invés do ensino universitário, em que todos os professores na carreira docente são titulares do grau de doutor, este grau académico no ensino politécnico não é valorizado, tendo-se mesmo estipulado um período de carência de cinco anos para o acesso à categoria de professor coordenador de um doutorado. E como tal apoucamento deste grau académico não fosse bastante, ainda se privilegiou os detentores do título de especialista que, uma vez obtido este (título), logo podiam candidatar-se a esta categoria, em detrimento dos titulares do grau de doutor que a ela só se podiam candidatar depois de se terem doutorado há mais de cinco anos…

E para elucidar o Leitor veja-se: o Decreto-Lei n.º 206/2009 de 31/8 que aprovou o regime jurídico do título de especialista, previsto na Lei n.º 62/2007 de 10/9; a nova “Via Verde” criada para o ensino politécnico, por via de título de especialista, habilitação substitutiva do grau académico de doutor no acesso às categorias de professor adjunto e de professor coordenador e que releva para efeitos da composição do corpo docente das instituições.

Segundo o Artigo 7º, alíneas a) e b), do DL n.º 206/2009 de 31/8, pode requerer a prestação de provas para a obtenção deste título de especialista quem satisfaça cumulativamente as seguintes “condições”: «deter formação inicial superior e, no mínimo, 10 anos de experiência profissional no âmbito da área para que são requeridas as provas» e «deter um currículo profissional de qualidade e relevância comprovadas para o exercício da profissão na área em causa».

Impõe-se, por isso, o regozijo pelo alargamento de significados inerentes ao conceito de especialista pois tal deixou de corresponder à denominação aplicada ao indivíduo conhecedor de matéria ou domínio específico, resultante de um trabalho de investigação contínuo, com provas dadas e reconhecidas pela comunidade científica; passou a designar igualmente toda e qualquer pessoa que, provida de formação inicial numa qualquer área, desempenhe funções na mesma durante uma década e eis que todos somos, ou podemos ser, especialistas de alguma forma em alguma coisa; qual milagre da multiplicação actualizado aos dias e necessidades dos nossos tempos.

Anónimo disse...

Qual lebre! Quiçá coelho… (Continuação III)

Aliás, para à versão do INDEZ2010 datada de Setembro de 2011, expressamente, remete o esclarecimento de 20 de Setembro de 2011 do Reitor da Universidade de Lisboa, Sr. Prof. Sampaio da Nóvoa, sobre os concursos desta Universidade; publicado na News n.º 23; Setembro/Outubro de 2011.

http://news.fm.ul.pt/Content.aspx?tabid=76&mid=517&cid=1629

Refiro-me ainda à versão do INDEZ 2010 datada de Outubro de 2011.

http://www.dges.mctes.pt/NR/rdonlyres/896E77DB-6B33-4C44-A42C-72CDB3D71B8F/5817/EstudoINDEZ2010V13.pdf

E, finalmente, refiro-me à versão do INDEZ 2010 datada de Fevereiro de 2012.

http://www.dges.mctes.pt/NR/rdonlyres/896E77DB-6B33-4C44-A42C-72CDB3D71B8F/5922/Relat%C3%B3rioINDEZ2010comUnidOrganicas.pdf

Sucede que, no site da Direcção-Geral do Ensino Superior deixou de constar a versão do INDEZ2010 datada de Setembro 2011, nele apenas constando as versões datadas de Outubro de 2011 e de Fevereiro de 2012.

Acresce ainda, pese embora já estarmos nos finais de 2013, a Direcção-Geral do Ensino Superior não divulgou nem o INDEZ 2011, nem o INDEZ 2012, que reportam dados referentes ao ensino superior público respectivos aos anos de 2011 e de 2012.

Enfim, quem diria que, de 31.12.2008 até ao ano lectivo 2011/12, o número de docentes do ensino superior politécnico público aumentou cerca de 26% …

Diz a sabedoria popular que “ o Diabo está nos pormenores…”, e eu concordo!


PS: Se no motor de busca pesquisarem:

Anexo Técnico nVI –UMa – IPS.tif – GPC – Universidade da Madeira

Vão encontrar um ficheiro PDF, que encerra um documento que ficará para a história do ensino superior – PÚBLICO - e nessa medida, caso nele tenham interesse, aconselho que façam a sua impressão, enquanto está disponível. Documento este, que nos permite perscrutar o modus operandi seguido para o Doutoramento em Ciências do Desporto, da Escola Superior de Desporto de Rio Maior, do Instituto Politécnico de Santarém, em parceria com a Universidade da Madeira. E, com alguma ironia, atentos os “vice-versas” em voga no nosso ensino superior público, concluir até que lhes é muito mais fácil ministrarem um Doutoramento do que uma Licenciatura.

Anónimo disse...

Brutalidades

Mesmo depois do impacto real da situação ter sido minimizado pelo Sr. Ministro da Educação, com a proibição da abertura de licenciaturas que tinham tido menos de 10 alunos, ainda assim é uma evidência chocante o resultado da 1.ª fase de candidaturas ao ensino superior de 2013, em que 44 % dos cursos, nos Institutos Politécnicos públicos, tiveram menos de 10 alunos, e 54 cursos aluno nenhum !

Este resultado, que de surpreendente nada tem, evidencia à saciedade que entre a racionalização da rede de estabelecimentos de ensino superior público e a manutenção de um imenso desperdício de dinheiros públicos, o Governo optou pela manutenção do “status quo”, para manter um ensino superior politécnico público que não se qualificou academicamente e cuja procura é cada vez mais reduzida, ainda que esta opção asfixie (financeiramente, e não só…) as Universidades públicas de referência, como a de Lisboa, a do Porto ou de Coimbra…

Apesar do enquadramento legal vigente, restritivo de contratações no ensino superior público, de 31.12.2008 até ao ano lectivo 2011/12, o n.º de docentes do ensino superior politécnico público aumentou cerca de 26%.

Pois bem, surpreendentemente, ou talvez não, já se antevê a contratação de mais docentes para o ensino superior politécnico público ! Uma contratação “pontual”, ao que nos dizem, por ora …

O Governo, face ao descalabro, apressou-se a “tirar da manga” uns novos cursos, desta feita denominados Cursos Superiores Especializados (CSE), para serem ministrados nos Institutos Politécnicos.

Pena é que para as Universidades públicas, os recursos sejam cada vez mais minguados, nomeadamente os financeiros, bem como, que tenha havido a insanidade de tentar cercear-lhes o aumento das receitas próprias, como denunciou o Sr. Reitor da Universidade de Coimbra, em 25 de Setembro de 2013, na cerimónia de abertura solene do ano lectivo.

Mas também ninguém disse que os Politécnicos, essas “estruturas flexíveis” que tudo ministram, não são o ensino superior de referência da 3.ª República.

Estivesse o Governo tão preocupado com a diminuição dos alunos no ensino superior (leia-se nas Universidades), quanto refere o Sr. Ministro da Educação, e as bolsas de estudo seriam concedidas aos alunos, que delas careçam, independentemente da situação fiscal dos seus progenitores.

Qual a culpa de um aluno carenciado para que, em razão das dividas fiscais dos seus pais, não lhe seja atribuída uma bolsa de estudo?

Será que o Governo não compreende que sem culpa não pode haver punição?

Quanta violência gratuita não encerra esta punição que penaliza o individuo em que a culpa não é do próprio, mas aos seus progenitores?

Mas não, face ao descalabro na procura dos Politécnicos Públicos, a preocupação do Governo é como manter no ensino superior do Regime, estas “estruturas flexíveis” que tudo ministram, Licenciaturas, Mestrados, Doutoramentos…

Entretanto, o Sr. Ministro da Educação pede inquéritos!

Começou pela Direcção-Geral de Estatísticas do Ministério para que analise a falta de candidaturas ao ensino superior. Como assinalado, é um 1.º inquérito. Quantos mais se lhe seguirão…?

E para quê? Se é sabido que o descalabro na procura foi nos Politécnicos públicos, e não nas Universidades públicas, bem como que a solução do Governo são novos cursos, denominados Cursos Superiores Especializados (CSE), para serem ministrados nos Institutos Politécnicos…

http://www.noticiasaominuto.com/pais/103752/cursos-superiores-de-curta-dura%C3%A7%C3%A3o-v%C3%A3o-abrir-nos-polit%C3%A9cnicos#.UkUbJT8pivk

http://ucv.uc.pt/ucv/media/abertura-solene-das-aulas-20132014-discurso-do-rei?utm_source=feedburner&utm_medium=feed&utm_campaign=Feed%3A+UCV+%28UCV%29

http://economico.sapo.pt/noticias/ministro-quer-investigacao-a-falta-de-candidatos-ao-ensino-superior_178101.html

PS: Bom seria que o Sr. Ministro explicasse porque é que a DGES não divulga nem o INDEZ 2011, nem o INDEZ 2012, que reportam dados referentes ao ensino superior público relativos aos anos de 2011 e de 2012

Anónimo disse...

Qual a culpa de um aluno carenciado para que, em razão das dividas fiscais dos seus pais, não lhe seja atribuída uma bolsa de estudo?

Se a um aluno carenciado, em razão das dívidas fiscais dos seus progenitores, é lícito negar uma bolsa de estudo, por maioria de razão aos sócios da SLN, sociedade detentora de 100 % do capital social do BPN, também poderá ser cortado alguma coisa…

Fosse eu aluno universitário, chamaria à razão o Governo com a discussão do que então cortar aos sócios da Sociedade Lusa de Negócios … nunca cotada em bolsa, holding de um grupo que se financiava no BPN, que muito provavelmente ficará para a história como a maior fraude da 3.ª República, em razão da sua magnitude cujo impacto nas contas públicas ainda hoje não é possível determinar completamente.

Anónimo disse...

Antes tarde do que nunca. Que o "Rei vai nu" todos sabem, mas tardou que alguém qualificado o mencionasse ... Aqui vai, http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=675024

Anónimo disse...

Já estava anunciado, concretizou-se agora...

http://www.publico.pt/portugal/jornal/brasil-obriga-estudantes-a-riscar-portugal-26484325#/0

A LIBERDADE COMO CONSTRUÇÃO HUMANA E FINALIDADE ÚLTIMA DA EDUCAÇÃO

"O Homem é incapaz de gerir a sua liberdade por natureza.  É preciso educar-se a si mesmo.  Disciplinar-se, instruir-se e finalmente, ...