quarta-feira, 28 de agosto de 2013

VIDA PARA LÁ DA TERRA

Auto-retrato do Mars Science Laboratory (Curiosityem acção na superfície marciana
Técnicos e cientistas da NASA e muitos cidadãos deste mundo estão suspensos dos resultados das análises em curso (pelos equipamentos instalados a bordo do rover Curiosity) na superfície de Marte. A recente comprovação da existência de água no solo do “planeta vermelho” fez renascer o interesse pela procura de indícios de vida, por mais simples que possa ser.

Fruto de uma obra de excelência do génio humano e de um investimento financeiro à dimensão da infinita curiosidade científica, este engenho, ali chegado há pouco mais de um ano, no dia 6 dia de Agosto de 2012, depois de uma de muitos milhões de quilómetros, continua a sua missão na busca de tais indícios.

São muitos os estudiosos que aceitam a vida como uma consequência inevitável da evolução da matéria no Universo. Como se de um destino se tratasse, às partículas subatómicas primordiais seguiram-se os átomos e as moléculas, das mais simples às mais complexas com capacidade de se reproduzirem.

Foi o que a ciência pensa ter acontecido aqui, no “planeta azul”, com o nascimento de seres muito primitivos, à semelhança das arqueobactérias. A evolução que se seguiu, numa interacção permanente e ao longo de cerca de 4000 milhões de anos, entre as sucessivas formas de vida, o ar, a água e as próprias rochas, conduziu à biodiversidade actual, cujo expoente de maior complexidade é, sem dúvida, o cérebro humano.

Para surgir onde isso lhe é permitido, a vida só precisa de esperar que a matéria cumpra o seu “destino”, e, nessa espera, a enormidade do tempo consumido tem uma dimensão que ultrapassa a nossa capacidade de o abarcar. Nada nos diz, pois, que não possa haver vida no “planeta vermelho”, tão velho quanto o nosso.

E quem diz em Marte, diz em outro qualquer planeta exterior ao Sistema Solar. São mais de oito centenas os chamados exoplanetas, associados a outras estrelas da Galáxia. Este conhecimento, cientificamente comprovado, permite extrapolar esta certeza à totalidade das estrelas do céu, as que vemos e as que nem os mais potentes telescópios conseguem ver, num número da ordem dos 1022 (cerca de cem mil milhões de galáxia com cerca de cem mil milhões de estrelas, em média, cada uma).

Com um número tão descomunal é de admitir uma razoável probabilidade de existirem sistemas planetários nos quais um planeta tenha com respectiva estrela a mesma relação de massa e distância que caracteriza a relação da Terra com o Sol.

Uma tal relação determinou os níveis de temperatura favoráveis à presença significativa de água no estado líquido, tida por berço da vida que conhecemos. Neste raciocínio, especulativo mas perfeitamente lógico, não é, de todo, impossível a existência de planetas nos quais se pudessem ter desenvolvido civilizações tanto ou mais avançadas do que a nossa. «Existem sóis inumeráveis e infinitas terras que giram à volta deles, como estes sete planetas que giram em torno deste Sol que nos é vizinho», escreveu, em finais do século XVI, o filósofo e teólogo, italiano Giordano Bruno.


Por essa ousadia e por se recusar a admitir que a Terra se encontrava no centro do mundo, este dominicano, foi queimado vivo, «para purificação da sua alma», em Roma, às ordens da Santa Inquisição.

A. Galopim de Carvalho

3 comentários:

João Alves disse...

Esperar-se-ia maior rigor. Giordano Bruno foi condenado por heresias várias e não por se recusar a admitir que a Terra se encontrava no centro do mundo.

De Rerum Natura disse...

Meu caro João Alves
Ignorância minha, pelo que peço perdão aos leitores.
Estou sempre a aprender e isso é bom.
Melhores cumprimentos,
A. Galopim de Carvalho

João Alves disse...

O que há melhor que a aprendizagem? Pudesse eu aprender e compreender tudo o que me tentam ensinar, por isso me passeio por aqui sempre com gosto e sede.
Um abraço.

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