sábado, 16 de fevereiro de 2013

EMPREENDEDORISMO PARA BEBÉS: ATÉ ONDE CHEGA A DESONESTIDADE INTELECTUAL?


Como leitor regular do roteiro Estrela e Ouriços, uma publicação mensal que elenca actividades para crianças e famílias, deparei-me com a proposta de uma oficina sugestivamente designada por:

BABYBOOM: EMPREENDEDORISMO PARA BEBÉS

Transcrevo aqui a proposta do INSTITUTO4LIFE, em Lisboa:

O empreendedorismo é um comportamento que pode, e deve, ser aprendido ao longo da vida. Este programa inovador, único no país, procura desenvolver, em conjunto com os pais, comportamentos e atitudes chave que ajudarão o bebé no futuro a ser um empreendedor.
Permita que o seu filho se torne capaz de concretizar as suas ambições.
Dinamização: Doutoranda em Gestão e Empreendedorismo e Educadora de Infância
Nível 1 | 4-10 meses | 14h-15h
Nível 2 | 11-18 meses | 15h-16h
Preços:
8€/sessão individual
30€/pack 4 sessões
Numas quantas sessões de uma hora (não podem ser muitas, já que o curso começa aos 4 e acaba aos 18 meses, e os bebés dessas idades ainda dormem bastante) teremos definido os CEO's das start-ups de 2033. Eu sei que o Mark Zuckerberg criou o Facebook quando tinha 20 anos, a partir do seu quarto no dormitório na Universidade de Harvard. Será que o próximo milionário dotcom vai lançar a sua grande ideia numa fralda?

16 comentários:

José Batista disse...

Isto é o que eu chamaria: "EMPREENDEDORAR"... pelas orelhas, ou de qualquer outro jeito.

Rolando Almeida disse...

O post afirma que é desonestidade intelectual, mas não explica as razões que justificam essa posição. Parece que a desonestidade intelectual é perceptível por todos, menos pelos estúpidos. Confesso que para mim não é de todo perceptível que despertar comportamentos que eventualmente possam conduzir a um comportamento que coincide com o do empreendedor seja intelectualmente desonesto. Também a mim me parece ser intelectualmente remoto, mas não desonesto. Aliás, creio que toda a educação nos nossos dias - de pais para filhos - consiste na emancipação dos miúdos. E parece razoável admitir aqui uma qualquer relação, eventualmente pouco estreita e intelectualmente desinteressante. Daí a concluir que é intelectualmente desonesto, não me parece ser intelectualmente muito honesto :-) abraços

Cisfranco disse...

Desonestidade intelectual?! Não sei porquê. O que sei é que quanto mais e mais cedo for estimulado o conhecimento cognitivo melhor. Formar logo empreendedores tão pequenos? Talvez seja um chavão sim, mas com muito de verdade.

joão viegas disse...

Eu ia apostar que as primeiras lições do curso em causa são sobre honestidade intelectual e que alguns comentadores do post ja estão a pô-las em pratica... Mas, no fundo, concordo que seja discutivel a necessidade, ou a pertinência, do termo "intelectual" neste contexto.

Boas !

Ana disse...

O risível acontece cada vez mais, infelizmente!

Anónimo disse...

Acho que de facto precisamos de crianças mais confiantes, mais motivadas, criativas, capazes de enfrentar as adversidades e não de crianças passivas perante um Mundo cada vez mais "salve-se quem puder". De facto precisamos de futuros adultos mais "empreendedores". E isso não significa dizer que serão grandes empresários mas adultos mais capazes de conseguir os seus objectivos. E se estas caracteristicas se puderem desenvolver desde muito cedo, tanto melhor.

joão viegas disse...

Pois, crianças passivas é que não.

Eu até acho que precisavamos de desenvolver, desde os primeiros meses de vida, reflexos de defesa contra escroques da laia daqueles que são mencionados no post, que pretendem, provavelmente com um toque de varinha magica, transformar rebentos com menos de 3 anos de idade em futuros Bill Gates e que, como também se vê no post, aproveitam para sacar dinheiro aos papalvos dos pais que vão na cantiga.

Duvido é que o curso proposto tenha ensinamentos eficazes sobre esta (importante) matéria.

Boas

José Batista disse...

Se João Viegas não se importar, assino por baixo.

Lamentando o caminho que a "educação" prossegue, com "educadoras(es)" assim e "doutorandas(os)" assim.

Onde vamos nós chegar? Quem responsabiliza tais "guias"?
Será que isto é financiado (também) pelo estado? E serve para a progressão (embora suspensa...) na carreira?

Pergunto mas (quero dizer, porque) não sei.

Não sei.

Ana Cristina Leonardo disse...

Não consigo fazer sequer uma piada. Isto mete-me nojo. Tratar-se-á de uma versão update da raça ariana a partir do berço? Quem publica estas coisas devia ser processado, pelo menos por fraude. Quanto aos comentadores que vieram para aqui defender tal coisa, a gente sabe como funcionam os alertas na Net. Já agora, desonestidade intelectual é adjectivação muito suave.

Unknown disse...

Aliás, a própria fotografia é assustadora!

Hugo Xavier disse...

A crescente necessidade de acrescentar aos programas de ensino a todos os níveis, disciplinas de ética e moral (não religiosa sff.) acentua-se a cada dia numa altura em que a crise faz estalar o pouco verniz que alguma da nossa sociedade ainda evidenciava.

Anónimo disse...

É desonestidade intelectual porque uma criança (bebé) com 4 meses de idade (não tem aparelho cognitivo para este tipo de aprendizagem. E antes que começem as postas de pescada afirmo que sou licenciado em psicologia e doutorando em neuropsicologia e posso afirmar isto perante qualquer pessoa (seja ela quem for).

Tiago Silva disse...

http://sentidosdistintos.wordpress.com/2013/02/16/empreendedorismo-para-bebes/

Anónimo disse...

provavelmente o curso é mais virado para os pais do que para o imberbe rebento... ou imberbe rebenta. errr... pois.

Hugo Xavier disse...

O problema da desonestidade (ou não) intelectual reside na grande probabilidade de que a pessoa que organiza a coisa realmente acredite no que promove.

Anónimo disse...

Lançar a ideia numa fralda? Só se forem ideias de merda.

"A escola pública está em apuros"

Por Isaltina Martins e Maria Helena Damião   Cristiana Gaspar, Professora de História no sistema de ensino público e doutoranda em educação,...