Quando é que a humanidade se deu conta da existência de
planetas? Quando é que a Terra “deixou” de ser o centro do Universo? Quem foi
que imaginou pela primeira vez a existência de outros mundos nas estrelas? Como
é que sabemos de que é que as estrelas são feitas e a que distância estão de
nós? Como e quando foi descoberto o primeiro planeta (exoplaneta) fora do nosso
sistema solar? Como é que os astrofísicos descobrem planetas a orbitar as
estrelas que vemos no céu? Como é que os cientistas procuram vida nesses exoplanetas
distantes?
As respostas a estas e outras perguntas encontram-se no
livro “Outras Terras no Universo – uma história da descoberta de novos
planetas”, publicado pela editora Gradiva em Novembro de 2012, na colecção
Ciência Aberta, com o número 197. O seu prefácio pode ser lido aqui.
Este livro, que conta a história fascinante da descoberta de
planetas, começando com os do nosso próprio sistema solar, está escrito na
primeira pessoa do singular, mas também na primeira do plural. Na primeira
pessoa, pois um dos autores, o português Nuno Cardoso Santos, investigador do
Centro de Astrofísica da Universidade do Porto e do Observatório Europeu doSul, um dos reputados astrofísicos mundiais que participam na descoberta de
novos planetas, assume a sua individualidade narrativa ao nos apresentar a
história e evolução da descoberta dos exoplanetas, numa escrita debruada com
suspense e algum mistério, o que nos prende à leitura só por si já cativante.
A narrativa decorre também na primeira pessoa do plural uma vez que os cientistas Luís Tirapicos e Nuno Crato, entusiastas da astronomia e da excelência na divulgação de ciência, compartilham com Nuno Cardoso Santos a co-autoria do texto final.
A narrativa guia-nos cronologicamente desde o pensamento grego atomista, até ao espanto e fascínio da descoberta de exoplanetas, mas também da dificuldade da sua investigação. Descreve-nos, várias vezes ao longo do livro, aspectos do método experimental científico, “nuances” das personalidades dos cientistas que modulam as relações entre eles e a apresentação das suas descobertas, os avanços e recuos próprios do conhecimento científico assente em resultados que são alvo do escrutínio e verificação rigorosa pela comunidade científica internacional, resultados dependentes da tecnologia existente numa dada altura e de como os avanços desta permitem descobrir o que antes não era possível, ver o que antes se julgava aí não estar.
O livro é de leitura muito acessível e a informação está
apresentada de uma forma clara e rigorosa. Ao longo de 217 páginas agrupadas em
9 capítulos (a saber: A pluralidade dos mundos habitados; A descoberta do sistema solar;
Em busca de outros mundos: da teoria às primeiras tentativas; Afinal existem
outros planetas?; Outros “sistemas solares”; Trânsitos: um novo olhar sobre os
exoplanetas; À procura de outras Terras; Afinal, o que é um planeta?; A
possibilidade de vida extraterrestre) o leitor aprende a olhar para o céu de
uma forma mais conhecedora, uma vez que esta boa obra de divulgação científica nos
informa sobre o conhecimento astrofísico mais recente. A sua leitura, coadjuvada
por referências bibliográficas pertinentes, permite-nos compreender melhor o
universo de que fazemos parte. Várias e oportunas notas de roda pé dissipam-nos
dúvidas, esclarecem ainda mais o texto.
Depois de o lermos, vemos, com a lente
do nosso pensamento, as estrelas e os exoplanetas distantes mais próximos de nós,
mergulhamos nas atmosferas destes e tacteamos as suas superfícies. É um livro que apela à nossa imaginação sobre a natureza das estrelas mas com os pés bem assentes no chão do conhecimento científico actual e possível.
Os autores sublinham-nos particularidades intrínsecas ao
método científico. Como seja a de gerar modelos descritivos e preditivos do
universo os quais estão sempre a ser revistos, ajustados ou mesmo rejeitados,
perante as evidências de dados novos. É assim que o conhecimento científico
avança ajustando-se gradualmente à informação factual que num dado momento
possuímos do universo. Os autores também realçam a coragem humilde que existe no reconhecimento
do erro, mas também o esforço, a persistência e o rigor presentes no registo de dados tecnicamente de difícil obtenção.
O livro constitui, por fim, um relato actualizado sobre o
estado da arte nesta área do conhecimento científico, uma vez que refere
descobertas registadas mesmo no final da sua escrita (Agosto de 2012) e investigações
em curso no corrente e próximos anos.
É assim um excelente guia para que
possamos descodificar melhor as notícias que nos chegam e sempre chegarão sobre
as descobertas que fazemos das estrelas que contemplamos há muitos milhares de
anos.
É ainda um livro muito útil e oportuno que ajuda a abordar a temática da descoberta de exoplanetas em ambiente de sala de aula ou de biblioteca escolar.
António Piedade
3 comentários:
olha o tirapicos tá vivo....a cara tá menos juvenil
já o nuno crato inda nã tá morto porque deixou de dar con ferências em escolas sanão
eu cá não apostava no susexo dum livro nomine Crato....se calhar devia pôr-se um pseudónimo ...luís tirapicos y educador da classe operária em risco de extinção?
valha-nos santa isabel alçada....
Já estive com o livro na mão e também gostei muito dele. O único senão é mesmo ter o nome do Crato associado. Pode ser um grande divulgador de ciência, não vou sequer colocar isso em causa, mas enquanto ministro deste (des)Governo ficará para sempre associado à destruição da escola pública como a conhecemos. Que pena, enfim, mas parabéns pelo livro!
Muito bem explicado...
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