Depois de ter espantado
o país com a sua “licenciatura” em Relações Internacionais, Miguel Relvas
desapareceu da cena política para se dedicar, de alma e coração, à polémica privatização da Rádio Televisão
Portuguesa.
Mas eis senão quando,
reaparece em força a perorar sobre aspectos constitucionais . Bem sabemos que para isso apresenta no seu currículo
cadeiras (duas?) do 1.º ( 2.º ano ?) de uma Faculdade de Direito privada que o isenta da
modéstia de Sócrates, o filósofo da velha e sábia Grécia: “Só sei que nada sei”!
Isto a propósito das
dúvidas suscitadas ao Senhor Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, a constitucionalidade
dos cortes das aposentações dos sectores público e privado no Orçamento do
Estado para 2013. Isto é, como a sua aprovação estivesse arredada do âmbito
jurídico de “garantia dos direitos fundamentais dos cidadãos”, Miguel Relvas fala
em nome do Governo (que posição ocupa ele na hierarquia do Estado?), defendendo
que ‘o Governo “está com a consciência tranquila para a execução” do Orçamento’
(Público, 16/12/2012). Ou seja, a fazer fé em Miguel Relvas, a aprovação do
Orçamento de Estado sai da sombra protectora constitucional para se tornar numa
questão que, para o teólogo alemão
Thomas De Kempis (1380-1741), “facilmente estará contente e sossegado aquele
que, de verdade, tem a consciência limpa”!
E desta forma, como quem recorre a uma lavandaria, pretende esvaziar,
como quem fura um balão com um alfinete, o importante papel da Constituição
Portuguesa. A questão, portanto, que se põe é esta: será que a defesa da “consciência
do Governo” será para Miguel Relvas suficiente para dispensar a fiscalização do
Tribunal Constitucional? Ao arrepio da sabedoria popular que nos diz ser
a palavra de prata e o silêncio de oiro, Miguel Relvas optou pela
defesa de latão que faz da “consciência tranquila
do Governo” para a execução do
Orçamento!
12 comentários:
Olhe, meu caro Rui Baptista, um colega de profissão, mais dado ao humor (ainda possível) diz que Portugal era, desde há muito, uma "rebaldaria", tendo passado, mais recentemente, para uma "relvadaria".
E,penosamente, vamos suportando "rebaldarias" e "relvadarias".
Com riso amarelo... de revolta.
Sem duvida:
Ao arrepio da sabedoria popular que nos diz ser a palavra de prata e o silêncio de oiro, Miguel Relvas optou pela defesa "prateada"que faz da “consciência tranquila do Governo” para a execução do Orçamento!
Em Portugal hoje em dia os patifes estão sempre de “consciência tranquila"
E nunca são incomodados pelas patifarias que vão fazendo.
Meu caro José Batista: Se me permite às "rebaldarias" e "relvadarias" eu acrecentaria o paradoxo de um Portugal que se diz social-democrata, taxa os cidadãos com impostos que se assemelham, por exemplo, aos da Suécia e...depois tem procedimentos de capitalismo selvagem!!!
Prezado A Kuettner de Magalhães: O seu comentário, que agradeço, sugere-me uma alteração no meu próprio post (que irei fazer) que passará a ter a seguinte redacção:
Ao arrepio da sabedoria popular que nos diz ser a palavra de prata e o silêncio de oiro, Miguel Relvas optou pela defesa de latão que faz da "consciência tranquila do Governo" para a execução do Orçamento.
Subtraindo da máxima de Cicerón algumas palavras, entre parentesis, obtemos outra máxima: "A minha consciência tem (para mim) mais peso que (a opinião) todo o mundo"!
Sim, sim.
Há muito o hábito de algumas pessoas recorrerem à expressão "consciência tranquila".
A "consciência" delas, claro.
E afirmam-no como se nós tivéssemos alguma dúvida desse facto.
Só o titulo, só............assusta!!!!!
Prezado A. Kuettner de Magalhães: Até a mim (seu autor) o título assusta. Mas, pelos vistos, o que me assusta verdadeiramente é que o senhor Miguel Relvas se faça porta-voz do Governo. Pior do que isso, que ninguém o mande calar...
Sem dúvida. Abraço
A.
Sem duvida:
Pior do que isso, que ninguém o mande calar...
Pior do que isso é ter tempo de antena.
A troco de quê?
AJ
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