Recensão crítica primeiramente publicada na imprensa regional portuguesa.
“Por que Choramos Quando Cortamos uma Cebola” é o título do
livro de divulgação científica que as jornalistas de ciência Teresa Firmino e
Filomena Naves, respectivamente dos jornais Público e Diário de Notícias, acabam
de publicar (Julho de 2012) na editora A Esfera dos Livros.
Este livro
“partiu de um convite da editora, a Esfera dos Livros, que aceitámos como uma
aventura divertida”, diz Teresa Firmino. “Pensámos que era uma bela ideia e
aproveitámos para ir atrás da nossa própria curiosidade”, acrescenta Filomena
Naves.
As autoras guiam o leitor através de 130 perguntas que
preenchem seis capítulos a saber: “Danças Cósmicas”, “Humores da Terra”, “Dos
Vírus à Baleia-Azul”, “Mundanidades” “Humanos
aos Microscópio” e “Uma Mão-cheia de Mitos e Outras Curiosidades”.
A escolha das
perguntas “resultou de muitas
conversas entre nós as duas e também com os nossos amigos, a quem pedimos para
dizerem o que gostariam de ver respondido”, explica Teresa Firmino e acrescenta, “procuramos que o livro fosse diversificado
e assim chegámos a 129 perguntas sobre ciência, mais uma, a da cebola que se
encontra no título”. Para Filomena Naves “algumas perguntas estão aqui (neste livro) porque
as suas respostas se nos revelaram através de histórias fascinantes. A verdade
é que a ciência e a busca científica estão cheias de histórias fantásticas”. A escolha
tem ainda a particularidade de apresentar ao leitor temas de interesse
nacional, logo aumentando a proximidade com o leitor.
O livro é de leitura muito acessível, suportada por uma
escrita debruada com algum humor e ironias despretensiosas, que cativa e que
concilia o rigor científico com a simplicidade na terminologia. Diga-se que a
actividade de jornalistas de ciência das duas autoras pressente-se ao longo de
todo o livro. Se o jornalismo serve para nos ajudar a compreender o mundo, o estilo
jornalístico como as autoras contam as histórias com que respondem às
perguntas, facilita a compreensão do conhecimento científico que se pretende
divulgar.
Há pelo menos três aspectos que fundamentam a qualidade da
divulgação científica presente neste livro. Um, é o de as autoras darem voz a diversos
investigadores portugueses que ajudam a responder às questões formuladas. Outro
é a actualidade dos conteúdos presentes ao longo do livro. De facto, as autoras
recorrem aos conhecimentos e investigações mais recentes (algumas já do
primeiro trimestre deste ano!) para fundamentarem as respostas. Por fim, sublinhe-se
a existência de uma bibliografia generosa que serve, simultaneamente, para
remeter o leitor mais curioso para onde pode aprender mais, e para “ilustrar”,
identificar, as fontes primárias e secundárias utilizadas pelas autoras na
elaboração das respostas. Este último aspecto não deixa de se revestir de um
certo didactismo, útil para quem quer saber por onde começar a obter informação
sobre as novidades da ciência e tecnologia mundial.
As autoras parecem convidar o leitor para uma
conversa agradável, ao longo de 130 assuntos sobre o Universo em que vivemos. Que leitor? “Este livro é para o
grande público, dos 9 aos 99 anos”, indica Teresa Firmino. “Escrevemo-lo”,
desvenda Filomena Naves, “de uma forma simples e acessível e, pensamos que
interessante, justamente com o intuito de tornar apelativa a sua leitura e de
despertar o interesse pela ciência e pelas questões que são objecto da sua
busca”.
Um excelente
livro de divulgação de ciência para todos, uma brisa refrescante no panorama da
divulgação científica portuguesa.
Uma agradável leitura para as férias, mas são só.
António Piedade
Ciência na
Imprensa Regional – Ciência Viva
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