Recensão crítica primeiramente publicada na imprensa regional portuguesa:
Uma boa história é quase sempre a melhor maneira detransmitir informações e destas ficarem na memória de quem as ouve ou lê. No quediz respeito à divulgação de conhecimento científico o caso não é, de todo,diferente. Muito pelo contrário.
De facto, uma forma eficaz de transmitir conhecimentocientífico e alcançar leitores a ele alheios, é a de conseguir conciliarinformação rigorosa, e cientificamente bem fundamentada, nos interstícios deuma história que seja propagável, de fácil transmissão oral, passível dealimentar uma boa conversa. Uma boa história pode mais facilmente despertarvocações do que o melhor manual formal.
O livro intitulado “O Primeiro Alquimista – A Idade doBronze em Portugal” da autoria de Sofia Martinez, e que acaba de ser publicado(Junho de 2012) na editora A Esfera dos Livros, é um excelente exemplo do queatrás se disse. Trata-se de uma surpreendente história de “amor e coragem”, umaficção literária cheia de suspense e mistério, compaginada com o conhecimento obtidode dados arqueológicos bem fundamentados (implícitos na bibliografia presenteneste livro e, por exemplo, aqui, aqui e aqui) sobre um povo do início da Idade do Bronze e que poderia, de formacredível, ter habitado há cerca de 3750 anos a Fraga dos Corvos, situada naactual aldeia de Vilar do Monte no concelho de Macedo de Cavaleiros. “Toda a fundamentação científica do romance baseia-se nas investigaçõese no trabalho terreno das equipas arqueológicas que nos últimos 10 anos temescavado na Fraga dos Corvos”, confirma Sofia Martinez.
O presente livro, é o segundo romance da autora(depois de “Caçador e a Curandeira – Aventura de Dois Irmãos na Idade da Pedra”,editado em 2006 nas Edições Silabo), baseado numa pesquisa histórica rigorosa. Apartir do conhecimento científico decorrente das escavações e levantamentosarqueológicos efectuados no arqueossítio da Fraga dos Corvos, a autora desenvolvea ficção que descreve o ambiente sócio-cultural, os mitos e tradições, asdivindades, a estrutura da aldeia, das suas cabanas, da olaria. Assim como amaestria em descobrir, recolher, reduzir os minérios que permitem obter efundir o bronze, bem como das “expressões de poder dos pequenos chefes quelideram essas comunidades” e que “passam pelo controlo da produção dos metais enomeadamente dos machados de bronze de gume largo que, regionalmente, sedesignam como de tipo de bujões”, como escreve na nota histórica, que finalizao livro, o Doutor João Carlos de Senna-Martinez, Professor de Arqueologia naUniversidade de Lisboa.
Ao longo de onze capítulos, que começam por “Um mergulho dequatro mil anos”, Sofia Martinez envolve-nos numa história fértil em surpresas edescobertas que prendem a leitura e nos cativam do princípio ao fim. Um livromuito bem escrito e excelente para uma primeira introdução aos usos e costumesdos povos da Idade do Bronze que viveram nos actuais territórios portugueses deTrás-os-Montes.
Sofia Martinez aquando do lançamento de "O Primeiro Alquimista" em Macedos de Cavaleiros.
Sobre a autora:
Sofia Martinez (n. 1977, Lisboa) é licenciada em Línguas e Literaturas Modernas pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Colaborou no suplemento literário juvenil DN Jovem entre 1992 e 1995. Participou com dois contos na recolha "Mosaico", dedicada a Manuel Dias pelos autores dessa obra coletiva. Em 2006 publicou um primeiro romance, "O Caçador e a Curandeira". Tem contos e poemas em várias gavetas. Vive em Bruxelas desde 2007, com o marido e os dois filhos.
Sofia Martinez (n. 1977, Lisboa) é licenciada em Línguas e Literaturas Modernas pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Colaborou no suplemento literário juvenil DN Jovem entre 1992 e 1995. Participou com dois contos na recolha "Mosaico", dedicada a Manuel Dias pelos autores dessa obra coletiva. Em 2006 publicou um primeiro romance, "O Caçador e a Curandeira". Tem contos e poemas em várias gavetas. Vive em Bruxelas desde 2007, com o marido e os dois filhos.
António Piedade
Ciência na Imprensa Regional – Ciência Viva
5 comentários:
O que se pode afirmar
acerca desta matéria
é que apesar de ser léria
nos permite divagar!
JCN
Bom dia Professor Castro Nunes. Aqui há cerca de vinte e três anos, uma jovem ouviu o professor do pai (dela) dizer que investigava bem, mas aconselhou-o a ler Camilo, para expor o resultado das suas investigações de modo ameno. Este livro é o de quem levou a sério esse conselho, mais de vinte anos passados.
Conhece esse professor? Se sim, diga que lhe agradeço, e lhe mando um beijinho.
Sofia Martinez
Então, é um livro de história?!
Contradictório.
Um livro apaixonante, que me prendeu do princípio ao fim. Já há algum tempo que um livro não me cativava tanto... E foi tal o entusiasmo com que falei dele, que os alguns alunos meus seguiram o conselho. Parabéns seria a palavra correta, mas prefiro um sincero "Obrigada, Sofia Matinez". E, já agora, ao tal professor que a aconselhou!
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