quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

No descomeço era o verbo

Um poema gentilmente enviado por Maisa Lins, professora de Artes no Brasil.

No descomeço era o verbo.
Só depois é que veio o delírio do verbo.
O delírio do verbo estava no começo, lá onde a
criança diz: Eu escuto a cor dos passarinhos.
A criança não sabe que o verbo escutar não funciona
para cor, mas para som.
Então se a criança muda a função de um verbo, ele delira.
E pois.
Em poesia que é a voz do poeta, que é a voz de fazer
nascimentos -
O verbo tem que pegar delírio.

De Manoel de Barros, in Livro das Ignorãças (1994).

5 comentários:

Anónimo disse...

Poeia ou prosa... às tirar? JCN

Anónimo disse...

Corrijo a gralha "tirar" por "tiras". JCN

Anónimo disse...

Há verbos e verborreia,
tudo quanto se quiser:
para se fazer uma ideia,
há mesmo verbos de encher!

JCN

Anónimo disse...

No 3º verso, substituo o verbo "fazer" por "ter", ou seja:

para se ter uma ideia,

JCN

Cláudia da Silva Tomazi disse...

Boa, Ignorãças.

Nós fumo e viemo.

E, Machado de Assis, patrono da Académia de Letras do Brasil.

"O PODER DA LITERATURA". UMA HISTÓRIA, UM LIVRO

Talvez haja quem se recorde de, nos anos oitenta do passado século, certa professora, chamada Maria do Carmo Vieira, e os seus alunos do 11....