Resolvemos destacar aqui este comentário recebido de João Boaventura ao último post de Rui Baptista: Quem tem medo da Ordem dos Professores?
Caro Rui
Quem tem mais medo da Ordem dos Professores é o Estado espoliador e senhor do seu poder despótico. Digamos que o Estado é o maior medroso do Mundo pelo que fará todo o impossível e todo o possível por manter a rédea curta, não vá escapar-lhe a autoridade para manter as coisas no ponto de rebuçado.
E uma das formas de domínio é o de manter as pessoas oprimidas e pessimistas, assustadas e desmoralizadas, o que lhe permite o controle da sociedade.
Como informa Tony Benn, ex-Membro do Parlamento Britânico, numa entrevista dada a Michael Moore, as pessoas começam a ficar sem esperança, e pessoas sem esperança não votam.
E a prova relativamente ao que se passa em Portugal a prova do nível de pessoas sem esperança está visível nos que não votam, na abstenção, como se comprova no gráfico de cima (Fonte: Comissão Nacional de Eleições), que compara o voto total nos partidos (losangos) com as abstenções (quadrados).
De resto, como testemunha Tony Benn:
“Uma nação educada, saudável e confiante é mais difícil de governar (...) O poder não quer que as pessoas sejam educadas, saudáveis e confiantes, porque ficariam fora de controlo.”
Portanto, meu Caro Rui, quem tem medo não é o Sindicalismo… é o Estado.
João Boaventura
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3 comentários:
Professor João Boaventura, sobre esta demanda quem têm medo…, pergunto-lhe:
Qual é o poder de que fala Tony Benn?
É a Igreja? (também), é a Burguesia? (também).
O Estado? Sim, mas quem, e em que medida se apodera do nome do Estado, na defesa dos seus interesses particulares?
O Professor Rui Baptista, creio bem, atribui responsabilidades, pela experiencia da sua acção, a um Sindicalismo revolucionário extremista.
Devo dizer que, este post, levou-me a reler a sempre instrutiva, conferência sobre a Escola Única, do Professor Bento de Jesus Caraça.
Obrigado
Caro Joaquim Manuel Ildefonso Dias
O Sindicalismo, porque aboletado pelo Estado limita-se ao ruído e ao barulho, só para dar nas vistas, de resto, é uma espécie de pagem que faz de conta que contraria o Estado.
Faz o seu papel de oposição, sem grande convicção, porque lhe falta libertar-se das amarras ideológicas do partido que lhe dá o oxigénio.
Pelo seu lado a máquina burocrática do Estado, querendo aparentar uma independência de funcionamento face à sociedade civil, torna-se disfuncional e distante porque parasitária dela. Sem a sociedade civil, o Estado não tinha razão de existir.
Posto isto, repare no gráfico que acompanha o post, e corresponde às eleições legislativas, desde 1976 até 2011, onde a linha azul representa os votos obtidos pelos partidos ganhadores, e a linha encarnada representa a abstenção em permanente ascensão, até ultrapassar os vencedores das legislativas de 2009 e 2011, onde o Estado se submergiu.
Isto demonstra que o Estado claudica nas suas funções e não consegue encontrar o ponto de equilíbrio com a sociedade civil que o desacredita na mesa dos votos.
Acresce a estes factos que em XVIII Governos Constitucionais, apenas três Governos, os XI, XII, e XVII, conseguiram cumprir a legislatura de 4 anos. Os restantes 15 governaram sempre em minoria.
E não só, os 4 anos da I Legislatura, foram cumpridos pelos primeiros seis Governos Constitucionais; a II Legislatura foram cobertas pelos VII e VIII Governos.
As pós-coligações normalmente também não resultam, pelo que resta saber se a actual que configura o XIX Governo Constitucional cumprirá a XII Legislatura.
Quanto ao ex-membro do Parlamento britânico apenas posso dizer que fala "pela experiência da sua acção".
Cordialmente
Professor João Boaventura, obrigado pela sua resposta ao meu comentário.
Da leitura que fiz da conferência, retiro esta frase, que contém esperança e sonho:
“O direito à cultura deve ser realmente reconhecido como um direito inerente ao homem, e não como um favor, mais ou menos disfarçado, da administração pública.”
Como disse Bento Caraça “O homem desiludido e pessimista é um ser inerte, sujeito a todas as renúncias, a todas as derrotas – e derrotas só existem aquelas que se aceitam.”
Na frase que cita de Tony Benn, há pessimismo e desilusão.
Cordialmente
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